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    Febraban prevê retração de 0,2% no saldo total de crédito em julho

    Documento é uma prévia da Nota de Política Monetária e Operações de Crédito do Banco Central, que será divulgada na próxima segunda-feira (28)

    Em documento enviado à imprensa, a entidade afirma que a retração já era esperada e deve seguir puxando a perda de dinamismo do crédito livre, mais sensível ao ciclo econômico
    Em documento enviado à imprensa, a entidade afirma que a retração já era esperada e deve seguir puxando a perda de dinamismo do crédito livre, mais sensível ao ciclo econômico Shutterstock

    Cristiane Nobertoda CNN

    Brasília

    A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) prevê retração de 0,2% no saldo total de crédito no Brasil em julho, depois de registrar crescimento de 0,6% em junho. Os dados estão na Pesquisa Especial de Crédito da instituição divulgada nesta segunda-feira (21).

    O documento é uma prévia da Nota de Política Monetária e Operações de Crédito do Banco Central, que será divulgada na próxima segunda-feira (28).

    Os dados ainda mostram que a previsão de crescimento anual da carteira deve se acomodar em 8% em julho, ante 8,9% em junho. Os dados mostram também que a expansão do crédito direcionado para Pessoas Jurídicas e para Pessoas Físicas, deverá ficar em 1,3% e 0,4% respectivamente, em julho.

    De acordo com a Febraban, no caso das empresas, o crescimento deverá ser impulsionado pelos estímulos via programas públicos e financiamentos com recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e, no caso das famílias, a razão é o início do Plano Safra 2023/24, em 1º de julho. Mas, segundo a instituição, não foi suficiente para dar continuidade ao ciclo de altas iniciado em março.

    Em documento enviado à imprensa, a entidade afirma que a retração já era esperada e deve seguir puxando a perda de dinamismo do crédito livre (de 6,3% para 4,8%), mais sensível ao ciclo econômico.

    Quanto à carteira direcionada, também foi registrado leve arrefecimento no ano, passando de 13% em junho para 12,7% agora em julho.

    “Não nos surpreende esse recuo gradual do ritmo de expansão do saldo em 12 meses em razão de diversos fatores, que se devem ao efeito do nível de juros na atividade econômica e à sazonalidade, já que é comum esse freio no crédito no início do trimestre”, avalia Rubens Sardenberg, diretor de Economia, Regulação e Riscos da Febraban.

    A pesquisa divulgada nesta segunda ainda traz o recorte da carteira PJ, e registra a perda de fôlego do produto, recuando de 3,5% para 2,6%. Já o crédito direcionado às famílias, por sua vez, mesmo com crescimento em julho, deve se acomodar em 12 meses, passando da expansão de 12,8% para 11,6%.

    “No caso das famílias, é possível que tenhamos alguma retomada nos próximos meses, já que temos indicações de que o pico da inadimplência provavelmente ficou para trás”, acrescenta.

    Concessões de crédito

    As concessões de crédito também estão em ritmo de queda. Segundo a pesquisa, os empréstimos devem retrair 5,1% em julho, apresentando um desempenho bastante variado entre os recursos.

    “Os dados dos bancos mostram uma piora na inadimplência das pessoas físicas. O risco na operação está mais alto e estão tendendo a emprestar menos. À medida que a inadimplência vem aumentando, os bancos ficam mais receosos. É um fenômeno que vem acontecendo da pandemia pra cá, tivemos uma melhora mínima e agora voltou a retrair”, diz o economista Renan Silva.

    Ele ainda explica que, conforme o Banco Central inicia o ciclo de corte das taxas de juros (Selic), os empréstimos ficam mais baratos e as dívidas diminuem. Assim, areja a economia.

    “A década perdida e a recessão causada pela Covid-19, jogou o endividamento das famílias num patamar recorde. É a família quem dá o tom do consumo e por mais que se force um crescimento, tem um grande gargalo. Mas a melhora nos números de emprego, programas sociais como o Desenrola, além do corte de juros, tendem a melhorar os números”, afirma o especialista.

    Seguindo a tendência de desaceleração, no acumulado em 12 meses, o volume de concessões deve passar para 7,6% ante os 9% da última projeção. O movimento deve seguir liderado pelas operações com recursos livres, mantendo a trajetória de acomodação, de 8,5% para 6,8%.

    Já as operações direcionadas devem ganhar algum fôlego, acelerando de 13,5% para 14,6%, mantendo-se ao nível elevado.

    Mesmo assim, o volume de operações com recursos direcionados deve mostrar forte expansão, de 46,4% no mês, especialmente pelo lançamento do Plano Safra 2023/24, com impacto notável nas operações de crédito rural.

    “A continuidade do processo de deslocamento da demanda de crédito livre e do mercado de capitais para o segmento direcionado (via incentivo de programas públicos e repasses do BNDES) também tende a contribuir com tal quadro de crescimento nas concessões”, avalia Sardenberg.

    Veja também: Desenrola: bancos renegociam mais de R$ 8 bi em quatro semanas