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    Expansão de benefícios sociais contribui para queda em taxa de pessoas à procura de emprego, dizem especialistas

    Taxa de participação na força de trabalho apresenta tendência de queda desde julho de 2022, quando o valor do Bolsa Família — na época Auxílio Brasil — foi ampliado para R$ 600

    Especialistas destacam, contudo, que a expansão dos benefícios não são os únicos fatores que implicam na queda da taxa de participação
    Especialistas destacam, contudo, que a expansão dos benefícios não são os únicos fatores que implicam na queda da taxa de participação REUTERS/Amanda Perobelli

    Da CNN

    São Paulo

    A expansão de benefícios sociais como o Bolsa Família está entre as explicações para a queda recentemente registrada na taxa de participação na força de trabalho — que calcula as pessoas ocupadas ou em busca de ocupação —, segundo especialistas consultados pela CNN.

    Economista da Tendências Consultoria, Lucas Assis afirma que os programas contribuem para o movimento. O especialista destaca a injeção de recursos pelo Auxílio Emergencial, entre 2020 e 2021; a ampliação do Auxílio Brasil, durante a corrida eleitoral de 2022; e os novos benefícios estabelecidos pelo Bolsa Família neste ano.

    “A medida que o domicílio já conta com uma geração mínima de renda, os membros inativos têm pouco incentivo a buscar uma ocupação”, explica o economista.

    A taxa de participação ficou em 61,6% na atualização mais recente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), para março. A divulgação desse dado sempre diz respeito ao trimestre — ou seja, essa porcentagem traz o índice entre janeiro e março.

    Na divulgação de fevereiro, o índice trimestral havia ficado em 61,7%; janeiro, em 61,9%; para dezembro de 2022, foi de 62,1%.

    O economista da XP Rodolfo Margato destaca uma “coincidência temporal” que reitera a relação. A queda na taxa de pessoas à procura de emprego inicia tendência de queda em julho de 2022, mês em que foi promulgada a PEC dos Benefícios. A norma elevou o valor do Auxílio Brasil a R$ 600.

    “A gente vinha observando uma recuperação na taxa de participação ao longo de 2021, no primeiro semestre de 2022. E a gente viu uma interrupção neste processo de melhoria a partir do início do segundo semestre do ano passado, que coincide com maiores transferências do governo, no caso, o aumento do Auxílio Brasil para R$ 600”, indica.

    Ainda antes da pandemia de Covid-19, no quarto trimestre de 2019 a taxa de participação era de 63,6%. A chegada da crise e das restrições sanitárias diminuíram drasticamente o número de pessoas à procura de emprego: no segundo trimestre de 2020, o índice atingiu 57,3%.

    Desde então, a métrica se recuperou gradualmente, atingindo 62,7% em julho de 2022. A partir deste momento, volta a cair.

    Segundo Rodolpho Tobler, pesquisador e economista do FGV Ibre, as variações regionais mostram que a taxa teve variações relevantes em regiões mais dependentes de programas de distribuição de renda, o que reforçaria a tese.

    “Se a gente comparar com o nível pré-pandemia, a gente tem uma queda nessa taxa de participação. Para regiões que têm renda muito baixa, em que o programa é muito forte, há um aumento considerável comparando 2019 com o que temos agora”.

    Outras explicações para a queda

    Os especialistas destacam, contudo, que a expansão dos benefícios não são os únicos fatores que implicam na queda da taxa de participação.

    Rodolpho Tobler destaca que o movimento de queda na taxa de participação é puxada pela população de idade mais avançada e aponta que a pandemia de Covid-19 fez com que “parte daqueles que estão próximos da aposentadoria adiantasse o repouso”.

    O economista da Tendências Consultoria reitera o impacto da pandemia sobre a saída de pessoas de faixa etária mais elevada do mercado.

    “A pandemia foi atípica em termos de estoque de benefícios, por conta de restrições sanitárias, que impactaram o atendimento em agências do INSS [Instituto Nacional do Seguro Social]. Mas em 2022, com a corrida eleitoral e esforços do governo, as aposentadorias voltaram a crescer, diminuindo a fila de espera”, completa.

    Rodolpho Tobler ainda indica que a desaceleração econômica e a menor oferta de empregos no mercado de trabalho pode ser outro fator que tira o incentivo das pessoas para buscarem novas oportunidades.

    *Publicado por Danilo Moliterno.