Prime Time

seg - sex

Apresentação

Ao vivo

A seguir

    Evergrande ainda não pagou juros de títulos para investidores, dizem fontes

    Ações e títulos da incorporadora chinesa caíram após a divulgação da informação

    Evergrande já evitou inadimplências catastróficas duas vezes em outubro
    Evergrande já evitou inadimplências catastróficas duas vezes em outubro REUTERS/Aly Song

    Clare JimAndrew Galbraithda Reuters

    Alguns detentores de títulos offshore (estrangeiros) de dívida emitidos por uma unidade da incorporadora China Evergrande Group não receberam os pagamentos de juros devidos em 6 de novembro até a noite de segunda-feira (8) na Ásia, disseram duas pessoas a par do assunto.

    A Scenery Journey deveria fazer pagamentos semestrais dos cupons no sábado no valor combinado de US$ 82,49 milhões para seus títulos em dólares americanos de 13% em novembro de 2022 e 13,75% em novembro de 2023.

    O não pagamento de juros até 6 de novembro implicaria em um período de carência de 30 dias para o pagamento.

    A Evergrande já evitou inadimplências catastróficas duas vezes em outubro envolvendo seus títulos nos mercados de capital internacionais no valor total de US$ 19 bilhões, pagando cupons antes do término de seus períodos de carência.

    Um desses prazos expira na quarta-feira (10) para mais de US$ 148 milhões em pagamentos de cupons vencidos em 11 de outubro.

    A empresa também deve fazer pagamentos de cupons totalizando mais de US$ 255 milhões em seus títulos de junho de 2023 e 2025 em 28 de dezembro.

    Um porta-voz da Evergrande não respondeu imediatamente a um pedido de comentário. As fontes não puderam ser citadas porque não estavam autorizadas a falar com a mídia.

    A Reuters não foi capaz de determinar se a Evergrande disse aos detentores dos títulos o que planeja fazer em relação ao pagamento dos cupons devido no sábado.

    Títulos e ações da Evergrande têm queda

    As ações da Evergrande caíram na segunda-feira, encerrando o dia com queda de 0,9%. Elas recuam quase 85% neste ano.

    Os dados do Duration Finance mostraram que os títulos em dólar da empresa continuaram a ser negociados com descontos de cerca de 75% em relação ao seu valor nominal na segunda-feira.

    Outrora a incorporadora que mais vendia na China, a Evergrande tem se recuperado de mais de US$ 300 bilhões em passivos de dívidas, e seus problemas de liquidez repercutiram no setor imobiliário de US$ 5 trilhões do país, levando a uma série de inadimplências de dívidas offshore, rebaixamentos de classificação de crédito e liquidações nas ações e títulos de incorporadoras nas últimas semanas.

    Os spreads na dívida corporativa chinesa em dólar de alto rendimento aumentaram para níveis recordes na sexta-feira (5), e na segunda-feira, os dados da Bolsa de Valores de Xangai mostraram que os títulos de dívida das incorporadoras voltaram a dominar a lista dos maiores perdedores do dia.

    Um título em yuan emitido por uma unidade do Shimao Group foi suspenso do comércio depois de cair mais de 34%.

    As quedas se estendiam até mesmo a nomes com alto grau de investimento. Os dados da Tradeweb mostraram que um título de 4,75% para janeiro de 2030 emitido por uma unidade da Sino-Ocean Group Holding caiu quase 15% na segunda-feira, para pouco acima de 75 centavos.

    A Sino-Ocean é avaliada como “BBB-” pela Fitch Ratings e tem uma classificação “Baa3” da Moody’s Investors Service.

    Os economistas da Nomura, Ting Lu e Jing Wang, disseram em uma nota que esperavam pressões de reembolso “muito maiores” sobre as incorporadas nos próximos trimestres, quase dobrando de US$ 10,2 bilhões no quarto trimestre de 2021 para US$ 19,8 bilhões e US$ 18,5 bilhões no primeiro e segundo trimestres de 2022, respectivamente.

    “Com a piora da situação do setor imobiliário, podemos ver uma volta de calotes onshore por parte das incorporadoras, e os preços dos títulos nos mercados onshore e offshore podem impactar cada vez mais uns aos outros, já que os investidores estão em alerta”, disseram eles.

    “Acreditamos que os reguladores provavelmente intensificarão os esforços para evitar o aumento da inadimplência no mercado da China (em títulos comerciais offshore em dólares)”.

    Em outubro, os reguladores disseram às incorporadoras que se preparassem proativamente para o pagamento dos seus títulos estrangeiros e dos juros e “mantivessem em conjunto suas próprias reputações e a ordem geral do mercado”.