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    Europa se prepara para potencial crise de gás enquanto onda de calor pressiona demanda

    Bloco europeu teme interrupção do fluxo do combustível vindo dos gasodutos russos em resposta às sanções impostas ao país por invasão da Ucrânia

    Anna Coobando CNN Business*

    Londres

    A Europa se prepara para enfrentar uma potencial crise de gás no final desta semana, bem quando uma onda de calor histórica aumentou a demanda por energia para ajudar a resfriar as casas e empresas do continente.

    Na quinta-feira, o gasoduto Nord Stream 1 – uma artéria crucial que liga o gás da Rússia ao bloco – deve reabrir após 10 dias de trabalhos de manutenção de rotina. Mas cresce a preocupação de que a Rússia mantenha as torneiras fechadas em retaliação às sanções que a União Europeia impôs desde a invasão da Ucrânia por Moscou em fevereiro.

    Robert Habeck, ministro da Economia da Alemanha, disse no início deste mês que o país deve “se preparar para o pior”.

    “Tudo pode acontecer. Pode ser que o gás volte a fluir, ainda mais do que antes. Pode ser que não saia nada”, disse Habeck em entrevista à rádio.

    O gasoduto fornece 55 bilhões de metros cúbicos de gás por ano para a Europa, ou cerca de 40% de suas importações totais de gasodutos da Rússia.

    Uma interrupção total do gás de Moscou não está fora de questão. O país já cortou suas exportações de gás para vários países europeus. No mês passado, a Alemanha, a maior economia da região, declarou uma “crise do gás” depois que a Gazprom, empresa estatal de gás da Rússia, reduziu as exportações pelo gasoduto em 60%.

    A Gazprom ligou o ato à decisão do Ocidente de reter turbinas vitais por causa das sanções.

    A distribuidora de gás alemã Uniper confirmou na segunda-feira que recebeu uma carta da Gazprom alegando motivos de força maior nos déficits nas entregas de gás passados e atuais. A força maior é uma cláusula contratual que permite uma empresa não cumprir suas obrigações. Geralmente isso é invocado em circunstâncias extremas, como desastres naturais.

    Mas um porta-voz da Uniper disse à CNN que “rejeitou formalmente” a alegação. Na segunda-feira, a empresa também retirou uma linha de crédito de US$ 2,04 bilhões com o banco KfW devido ao impacto das interrupções no fornecimento de gás russo.

    Imagens da ilha de calor na Inglaterra / Reprodução/MET Office

    Momento terrível

    Uma crise de gás esta semana também viria no pior momento. A Europa está sufocando sob o calor recorde – partes da França e da Espanha estão lutando contra incêndios florestais, já que as temperaturas devem subir acima de 40 graus Celsius nos próximos dias.

    As temperaturas crescentes aumentaram a demanda por eletricidade para alimentar unidades de ar condicionado. A Enagas, operadora do sistema de transporte de gás da Espanha, disse na semana passada que a demanda por gás natural para produzir eletricidade atingiu um novo recorde de 800 gigawatts-hora.

    “Este enorme aumento da procura de gás natural para produção de eletricidade deve-se principalmente às altas temperaturas registadas como resultado da onda de calor”, disse a Enagas em comunicado de imprensa na quinta-feira passada.

    Alguns analistas estavam mais otimistas, dadas as fontes alternativas de energia da Europa e o fato de que a onda de calor deve terminar no meio da semana.

    “Embora o consumo de energia na UE seja um pouco maior nesta semana em meio à onda de calor devido às altas taxas de uso de unidades de ar condicionado, isso será compensado pelo fornecimento recorde de geração de energia solar”, disse Henning Gloystein, diretor de energia, clima e recursos da Eurasia Group, à CNN.

    Enquanto isso, os países europeus estão correndo para encher suas instalações de armazenamento de gás para evitar uma escassez de energia potencialmente catastrófica durante o inverno.

    Os “próximos meses serão críticos” para reforçar os suprimentos do bloco, disse Fatih Birol, diretor executivo da Agência Internacional de Energia, em comunicado à imprensa na segunda-feira.

    “Se a Rússia decidir cortar completamente o fornecimento de gás antes que a Europa possa aumentar seus níveis de armazenamento em 90%, a situação será ainda mais grave e desafiadora”, acrescentou.

    Os níveis de armazenamento de gás em toda a União Europeia estão atualmente em torno de 64%, de acordo com a Gas Infrastructure Europe.

    O bloco está assegurando às pressas o fornecimento de gás de outros países à medida que reduz as importações de gás russo. Na segunda-feira, a Comissão Europeia assinou um memorando de entendimento com o Azerbaijão para dobrar a capacidade de uma importante rota de entrega de gás nos próximos anos.

    Os preços do gás natural holandês, referência europeia, subiram 3%, para US$ 167 por megawatt-hora na segunda-feira a partir de sexta-feira, segundo dados da Intercontinental Exchange.

    No início deste mês, os temores de um grande corte de gás levaram os preços aos níveis mais altos desde os primeiros dias da invasão da Ucrânia pela Rússia, girando em torno de US$ 186 por megawatt-hora. Os preços subiram 129% desde o início do ano.

     

    *Com informações de Julia Horowitz, Sharon Browne-Peter, Sharon Braithwaite e Chris Liakos.

    Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.

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