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    EUA registram alta na movimentação em shoppings centers, afastando temor de “fim” do varejo físico

    Em média, movimento é 11% maior em comparação a níveis pré-pandêmicos de 2019

    Eva Rothenbergda CNN

    Nova York

    Em um relatório publicado no mês de junho, a Coresight Research indicou que o fluxo de pessoas nos shoppings centers de primeira linha aumentou 12% em 2022 em comparação com 2019. Já nos shoppings de nível inferior, o crescimento foi de 10%.

    A empresa de pesquisa define como centros de “primeira linha” aqueles localizados em áreas ricas “onde um comprador típico tem uma renda anual de mais de US$ 200 mil (R$ 997 mil)” e que tendem a apresentar marcas mais novas e varejistas de luxo.

    Os indicadores mostram um cenário otimista. Diferentemente do que alarmavam especialistas em varejo, de que os shopping centers nos Estados Unidos estariam com os dias contados, a tendência é de que o movimento aumente em um momento de adaptação ao novo cenário.

    Retomada pós-pandemia

    Entre 2020 e 2022, os shoppings de primeira linha registraram uma taxa de crescimento anual de 5%, com receita total de US$ 7,5 bilhões (R$ 37,35 bilhões) no ano passado, segundo o relatório.

    Enquanto isso, os shoppings de nível inferior ficaram um pouco atrás em receita, – relatando US$ 6,4 bilhões (cerca de R$ 32 bilhões) – mas com uma taxa de crescimento maior de quase 9%.

    Em média, os centros comerciais de primeira linha tiveram mais de 95% dos espaços locados no ano passado, enquanto 89% dos pontos em shoppings de regiões menos ricas foram locados.

    Apesar de os números ainda estarem um pouco abaixo dos níveis pré-pandêmicos, a Coresight aponta que eles continuam promissores.

    “As taxas de ocupação são o indicador nº 1 da saúde de um shopping”, disse a CEO da empresa, Deborah Weinswig, acrescentando que qualquer número acima de 92% é considerado muito bom.

    Brandon Isner, chefe de pesquisa no varejo da CBRE para as Américas, disse que taxas de ocupação de 100% não são necessariamente uma meta para shoppings que buscam se manter competitivos e atraentes.

    Além disso, Isner aponta que o fechamento de lojas não significa que o formato do shopping está com problemas.

    “As pessoas que vão aos shoppings querem algumas lojas novas de vez em quando. Leve em consideração o ponto da Bed Bath & Beyond que está sendo desocupado enquanto falamos – na verdade está se tornando uma coisa boa para o varejo ”, disse o analista.

    Isner ainda reforça que “os proprietários estão felizes em recuperar esses espaços porque podem cobrar um aluguel mais alto. E para os seus lojistas que desejam entrar nesses centros há muito tempo – porque muitos deles também estão localizados em grandes áreas comerciais – isso lhes dá uma oportunidade de entrar no mercado.”

    “O tráfego aumentou e as vendas aumentaram”, disse Kirsten Lee, vice-presidente executiva e diretora de aluguel de luxo da Brookfield Properties, que administra mais de 130 shopping centers nos Estados Unidos. “Em muitos de nossos centros, temos uma lista de espera de inquilinos para entrar.”

    Não é apenas a Brookfield. Outros incorporadores imobiliários de alto padrão, como Macerich, Simon Property Group e Taubman Centers, relataram uma “alta demanda por pontos comerciais nos últimos trimestres”, de acordo com a Coresight.

    No início deste mês, a Tanger Outlets anunciou que seu próximo shopping center em Nashville, Tennessee, já está 95% alugado.

    O espectro do comércio eletrônico

    Na última década, o crescimento do comércio eletrônico incitou temores de que as compras on-line acabariam por substituir a experiência do shopping físico, principalmente para uma geração que cresceu imersa no cenário digital.

    Embora o e-commerce tenha sido transformador, “a ideia de que ele acabaria com o varejo físico não levava em consideração toda a equação”, disse Isner.

    Os varejistas vem se adaptando às demandas da era digital. Em vez de disputar as vendas, cada formato de compra reforça o outro.

    O comércio omnicanal, em que uma marca tem presença física e online simultaneamente, tem sido um fator importante para impulsionar o crescimento dos shoppings, aponta a pesquisa da Coresight.

    “Os varejistas hoje têm a vantagem de usar soluções digitais para construir [suas] marcas, em vez de apenas lançar lojas em todos os lugares, como faziam nos anos 70, 80 e 90”, disse Isner.

    “Temos um punhado de marcas nativas do ambiente digital que estão abrindo pontos físicos”, disse o CEO da Tanger Outlets, Stephen Yalof.

    Ele acrescentou que quando as marcas abrem lojas físicas, os clientes vão lá para testar os produtos, “e então você pode fazer uma escolha melhor na hora de realmente fazer a compra”.

    Warby Parker, Allbirds e Wayfair são algumas empresas nascidas no ambiente online que abriram ou anunciaram que abrirão locais de varejo convencionais.

    “Esses tipos de marcas perceberam que estavam gastando mais por cliente em aquisição on-line do que para construir uma loja física e ter essa experiência para seus clientes em um grande mercado metropolitano”, disse Lee.

    Nova geração de compradores

    Os consumidores da Geração Z formam um grande mercado para os varejistas que buscam permanecer relevantes, de acordo com analistas, e esses compradores estão liderando o esforço para reviver a experiência do shopping.

    Mais engajada em assuntos como as mudanças climáticas, as pessoas da GenZ também são mais propensas a apoiar marcas que priorizam a sustentabilidade.

    De acordo com dados de junho do Conselho Internacional de Shopping Centers (ICSC, na sigla em inglês), 56% dos compradores da GenZ “estão dispostos a gastar mais para comprar produtos de origem sustentável”.

    “Muitos varejistas de luxo tem uma consciência por sustentabilidade, ou pelo menos tentam superar essas áreas e isso pode ser atraente para as gerações mais jovens”, disse Isner. “Isso pode ser uma ‘bola dentro’ no que diz respeito à conquista de novos clientes.”

    Apesar da GenZ ter crescido com a internet ao seu alcance, os consumidores mais jovens também preferem frequentar shoppings.

    “As redes sociais os levam até a porta, mas eles não estão comprando online”, disse Lee, observando que 78% desses consumidores e 70% dos millenials seguem marcas de luxo nos canais sociais.

    “Eles podem ter pesquisado este produto online, mas querem entrar em uma loja e viver uma experiência, ter uma equipe de vendas muito experiente para ajudá-los e possivelmente até comprar mais enquanto estiverem lá. Essa experiência na loja é muito crítica”, conclui a vice-presidente da Brookfield.

    De acordo com o ICSC, 73% dos compradores da Geração Z disseram que visitaram um shopping no mês passado, em comparação com 65% dos millennials e 48% dos entrevistados da Geração X. Mas nem sempre o movimento é para comprar.

    “Houve um aumento de inquilinos ‘focados na experiência’ em shoppings que oferecem experiências como karting, trampolim, realidade virtual e fliperamas”, disse a vice-presidente do ICSC, Stephanie​ Cegielski.

    “Muitos também oferecem serviços de alimentação, permitindo que os visitantes possam passar mais tempo juntos sem ter que sair para comer algo fora do local”, conclui Cegielski.

    Quase dois terços dos consumidores da GenZ também dizem que vão aos shoppings pelo aspecto social, não por algum produto específico, de acordo com o ICSC.

    Em 2020, o fechamento de lojas gerou previsões de que a pandemia seria o último prego no caixão dos shopping centers. Mas uma sociedade pós-pandêmica provou ter fome de espaços comunitários.

    “A covid nos ensinou que estamos absolutamente ligados à comunidade”, disse Lee. “Fazemos isso desde o início dos tempos, queremos estar juntos. Criamos áreas comuns de comércio para as pessoas negociarem e se encontrarem, seja na praça da cidade ou em um bazar.”

    As propriedades que oferecem restaurantes sofisticados, compras e atividades de entretenimento continuarão a ser importantes espaços de varejo, de acordo com a Coresight. O shopping continua a evoluir e redefinir suas ofertas, mas, pelo menos por enquanto, está longe de ser obsoleto.

    Veja também: Governo mobiliza influenciadores para reverter desgaste com taxação de e-commerce

    Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.

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