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    EUA ainda não estão em recessão, mas ela deve ocorrer, diz ex-dirigente do Fed

    Para William Dudley, banco central norte-americano ainda precisará de alguns meses para conter inflação

    Economista considera que o Fed ainda tem “muito trabalho para fazer”
    Economista considera que o Fed ainda tem “muito trabalho para fazer” Dado Ruvic/Illustration/File Photo/Reuters

    João Pedro Malardo CNN Brasil Business em São Paulo

    A economia dos Estados Unidos ainda não entrou em uma recessão, mas o fenômeno deve se concretizar no país, segundo o economista e ex-presidente do Federal Reserve regional de Nova York William Dudley.

    Durante evento promovido pelo banco BTG Pactual, Dudley afirmou que o recuo do Produto Interno Bruto (PIB) em dois trimestres consecutivos ainda não representa uma base ampla, e portanto ainda não indica um quadro recessivo.

    Entretanto, a visão dele é que a recessão deve ocorrer devido à restrição de política monetária para conter a inflação elevada.

    Para o ex-dirigente do Fed, a postura do banco central de estabelecer o ritmo de alta de juros dependendo dos dados econômicos indica hoje uma chance maior de elevação de 0,5 ponto percentual em setembro, mas o cenário ainda pode mudar.

    “Dependendo das necessidades econômicas, vamos ter que nos preparar para um tempo maior que o esperado de juros altos. O mercado pressiona o Fed para fazer mais, a inflação nos Estados Unidos está muito alta, não só com problemas de cadeia de suprimentos, mas em todos os lados”, ressalta.

    O economista considera que o Fed ainda tem “muito trabalho para fazer”, e que demorará “muitos meses” até que a inflação seja controlada. Além disso, ele considera que a comunicação do banco central com a sociedade “não foi tão boa”.

    “O Fed tem que gerar um pouco mais de condições de conforto no mercado para reduzir a inflação, e a comunicação não foi tão boa porque o Fed não está disposto a dizer tudo que precisa ser feito com essas políticas monetárias”, opina.

    Para Dudley, ainda há um otimismo no mercado com a possibilidade de um “pouso suave”, um controle da inflação sem recessão. Essa visão está apoiada em um Fed “bastante benigno, que não fala de pouso difícil” e em um ciclo econômico diferente de 2008, com a pandemia fechando a economia mas também permitindo uma forte recuperação.

    “Temos um risco na economia, o Fed está agindo, já fez muito nos últimos meses, está tentando taxas neutras, mas o mercado antecipou taxas mais altas”, avalia.