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    Bolsas dos EUA fecham em queda com políticas de juros dos BCs mundiais no radar

    Fed disse que irá finalizar suas compras de títulos em março e sinalizou três aumentos de 0,25 ponto percentual cada nas taxas de juros até o fim de 2022

    Artur Nicocelido CNN Brasil Business* São Paulo

    Esta semana foi marcada pela decisão de diversos bancos centrais sobre como serão as taxas de juros para enfrentar a inflação. O Fed (Federal Reserve, Banco Central dos Estados Unidos) disse ontem que encerraria suas compras de títulos em março e sinalizou três aumentos de 0,25 ponto percentual cada nas taxas de juros até o fim de 2022.

    Mesmo assim, apesar do BC norte-americano declarar guerra contra a inflação, as políticas de bancos centrais pelo mundo puxaram os índices dos Estados Unidos para baixo. Nesta quinta-feira (16), o Dow Jones caiu 0,09%, aos 35.896 pontos, o S&P 500 ficou em queda de 0,88%, aos 4.668 pontos, e o Nasdaq fechou em baixa de 2,47%, aos 15.180 pontos.

    O chair do Fed, Jerome Powell, afirmou que a economia dos EUA não precisa mais de montantes crescentes de apoio monetário, já que a inflação anual está mais que o dobro da meta do banco central nos últimos meses, enquanto a economia se aproxima do pleno emprego.

    “O rali de Natal finalmente chegou? Os mercados parecem certamente animados… a perspectiva de três aumentos nas taxas de juros em 2022 sugere que o banco central tem um plano claro para não deixar a inflação sair do controle”, escreveu Russ Mould, diretor de investimentos da AJ Bell, em nota.

    A economia dos Estados Unidos criou 210 mil empregos em novembro em termos líquidos, segundo dados publicados nesta sexta-feira, 3, pelo Departamento do Trabalho do país. O resultado veio bem abaixo da previsão de analistas consultados pelo The Wall Street Journal, que projetavam geração de 573 mil vagas.

    Já a taxa de desemprego dos EUA recuou de 4,6% em outubro para 4 2% no mês passado, ficando abaixo do consenso do mercado, de 4 5%.

    O índice de preços ao consumidor (IPC) subiu 0,8% no mês passado, após alta de 0,9% em outubro, informou o Departamento do Trabalho. No acumulado de 12 meses até novembro, o IPC acelerou 6,8%. Esse foi o maior aumento ano a ano desde junho de 1982.

    Juros globais

    O Reino Unido se tornou nesta quinta-feira a primeira economia do G7 a aumentar as taxas de juros desde o início da pandemia, com o banco central norte-americano também sinalizando planos de aperto monetário em 2022, enquanto o Banco Central Europeu (BCE) apenas restringiu ligeiramente o estímulo.

    As autoridades do Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) aumentaram a taxa de referência de 0,1% para 0,25%, confundindo expectativas dos economistas de que ficaria em pausa. O BoE disse que a inflação deve atingir 6% em abril, três vezes a meta do BC.

    “O Comitê continua julgando que há riscos bilaterais em torno das perspectivas de inflação no médio prazo, mas que algum aperto modesto da política monetária ao longo do período de projeção provavelmente será necessário para cumprir a meta de inflação de 2% de forma sustentável”, afirmou o banco central britânico.

    O banco central da Noruega, que havia subido os juros em setembro na esteira de uma recuperação econômica, deu mais passos nessa direção com nova alta de juros nesta quinta-feira, como esperado, e disse que é provável que haja mais.

    Também nesta quinta-feira, o Banco Nacional da Suíça manteve sua postura ultraflexível com uma taxa básica de juros fixada em -0,75%. A inflação suíça –embora esteja em alta– ainda deve ficar muito mais baixa do que em outros lugares, em apenas 1% no próximo ano e em 0,6% em 2023.

    O Banco do Japão (BoJ, na sigla em inglês) deve anunciar sua decisão de política monetária na sexta-feira. Com a inflação ao consumidor permanecendo praticamente ausente, apenas uma ligeira redução nas compras de ativos corporativos está em discussão na reunião.

    Os diferentes caminhos percorridos por esses importantes bancos centrais sublinham as profundas incertezas sobre como a variante Ômicron, de rápida disseminação, atingirá a economia global e suas visões divergentes sobre a inflação teimosamente alta e os obstáculos nas cadeias de abastecimento internacional.

    Produção das fábricas

    No radar dos investidores também estava os dados de produção fabril norte-americana. A produção nas fábricas dos Estados Unidos aumentou para seu nível mais alto em quase três anos em novembro, com um crescimento geral proporcionando poderoso impulso para a economia no fim do ano.

    O índice de produção manufatureira subiu 0,7% no mês passado, para 100,6, nível mais elevado desde janeiro de 2019, informou o Federal Reserve nesta quinta-feira.

    O dado veio após uma recuperação de 1,4% em outubro. Economistas ouvidos pela Reuters previam que a produção das fábricas aumentaria 0,7%. A produção cresceu 4,6% em relação a novembro de 2020.

    A manufatura, que responde por 12% da economia dos EUA, está sendo sustentada pela forte demanda por bens, mesmo quando os gastos começam a voltar para os serviços.

    *Com Reuters