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    Energia cara e falta de matéria-prima afetam produção industrial, diz economista

    Amazonas teve maior queda proporcional: 14%, mas retração de 2,9% em São Paulo teve maior impacto direto na PIN Regional, de acordo com o IBGE

    Produção industrial
    Produção industrial Foto: Arquivo/Agência Brasil

    Stéfano Sallesda CNN

    no Rio de Janeiro

    A produção industrial brasileira recuou em sete dos 15 estados analisados pela Pesquisa Industrial Mensal (PIN Regional), na passagem de junho para julho, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responsável pela condução do estudo divulgado nesta quinta-feira (9). Com isto, a maior queda proporcional foi no Amazonas, com retração de 14,4%, seguido por São Paulo, com queda de 2,9%.

    O IBGE aponta que a queda de São Paulo foi a que mais influenciou o resultado brasileiro, que apresentou redução de 1,3%, como divulgado pelo instituto na semana passada. O fenômeno se deve ao peso da indústria paulista na produção nacional. O aumento nos sete locais é em comparação ao mesmo período de 2020.

    Pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV), André Braz vê semelhanças entre as situações enfrentadas por Amazonas e São Paulo. Para ele, as quedas podem ser justificadas pela escassez de insumos. Principalmente de semicondutores, utilizados na indústria de eletrodomésticos, forte no Amazonas, por causa da Zona Franca de Manaus, e na automotiva, com boa presença na região do Grande ABC paulista.

    Atualmente, a falta de semicondutores tem impulsionado a inflação do segmento, aumentado o prazo para entregas de veículos novos que, em alguns casos, chega a 120 dias e, por consequência, aquecido o mercado de usados.

    “A indústria passa por um momento bem difícil. Ela vê aumento de custos de matérias primas para seus produtos e aumento no preço das energia, além da falta de componentes. Com tantos aumentos em custos de produção, é natural que haja retração, até porque a demanda atual não permite repasses nos preços, sob pena de perda de participação de mercado para algum segmento rival”, afirma.

    Mesmo em um cenário que não é favorável para aumentos, o economista reconhece que o setor tem, aos poucos, repassado a pressão de custos para o consumidor, o que gera um outro problema que, adiante, pode comprometer as projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2022.

    “Os repasses espalham a inflação em diferentes segmentos, e a persistência inflacionária exige aumento de juros por parte da autoridade monetária, que passa a precisar a atua de forma mais forte. Isso atrapalha o desenvolvimento da indústria, que fica com mais dificuldade para financiar sua capacidade produtiva. Por isto, as projeções do PIB, que estimavam 2,5% para o ano que vem, já caem para abaixo dos 2%”, avalia.

    O resultado de julho mostra que três estados apresentam resultados positivos acima do nível pré-pandemia de Covid-19: Minas Gerais (11,8%), Santa Catarina (3,4%) e Paraná (0,4%), que entra na lista com os dados divulgados nesta quinta-feira.