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    Empresas únicas da bolsa: como saber se vale a pena investir nelas

    Na B3, se encaixam no perfil de empresas únicas em seu setor papéis como os da Petz, Ambipar, SmartFit e Aura Minerals

    B3, a Bolsa brasileira
    B3, a Bolsa brasileira Reuters/Paulo Whitaker

    Lílian Cunhacolaboração para o CNN Brasil Business em São Paulo

    Imagine que fosse possível voltar no tempo, mais especificamente para o ano de 2011. Você compraria, naquela época, ações de uma empresa estreante na Bolsa de Valores, uma das poucas representantes de um setor não explorado?

    Foi isso o que aconteceu, há dez anos, com o Magazine Luíza. Quando abriu capital, em 6 de maio de 2011, o Magalu tinha só a B2W no mesmo setor, o de comércio eletrônico. Demorou uns seis anos para a ação engrenar, mas de lá para cá, o papel já valorizou mais de 2.600%.

    Na B3, se encaixam no perfil de únicas em seu setor papéis de empresas como os da Petz (varejo para bichos de estimação e jardinagem), Ambipar (gestão ambiental), SmartFit (academias de ginástica) e Aura Minerals (mineração de ouro e cobre).

    Muitos investidores têm preconceito com essas novas ações simplesmente porque elas não têm cobertura maciça dos analistas. “Como atuam em setores que estão entrando pela primeira vez na B3, pode ser mais difícil reunir informações sobre elas”, afirma Thiago Loiola, diretor de renda variável da Prosperidade Investimentos.

    Como saber se vale a pena?

    A falta de informação mastigada por casas de análises de mercado não é desculpa para deixar de prestar atenção nas estreantes. Para isso, Pedro Galdi, analista da Mirae Asset Wealth Management tem uma “receita” que se resolve com uma boa olhada no site de relacionamento com investidores da empresa.

    Primeiro, segundo ele, verifique qual é a receita líquida da empresa. Compare com o ano anterior ou, melhor ainda, com 2019, um ano antes da pandemia. “Se o crescimento for maior que 5%, é um bom indicativo”, diz Galdi.

    Em segundo lugar, preste atenção no Ebitda (Earning Before Interests, Taxes, Depreciation and Amortization), ou, em português, Lucros Antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização). Compare um trimestre com o mesmo período do ano anterior.

    “No caso da Petz, por exemplo, o Ebitda foi de R$ 56,2 milhões, alta de 50,3% no segundo trimestre de 2021 em relação ao mesmo do ano passado. É um bom número”, diz Galdi.

    Outro fator que deve ser considerado é o endividamento. A Ambipar, por exemplo, tem em caixa R$ 445 milhões e uma dívida de curto prazo de R$ 40 milhões. São números bem atraentes para o investidor, segundo Galdi.

    Fique de olho

    A “receita” ajuda bastante, mas isso não quer dizer que o investidor deva desprezar notícias sobre o setor em que a empresa atua.

    A SmartFit, por exemplo, teve muitas unidades fechadas durante boa parte da pandemia. E isso, claro, se reflete nos números da empresa: no ano passado, somente 28% das unidades funcionaram durante o segundo trimestre, o que fez a empresa somar um prejuízo líquido entre abril e junho de R$ 161,2 milhões.

    Agora, com 84% das academias em funcionamento, o cenário melhorou, mas ainda no vermelho: o prejuízo caiu 36%, somando R$ 97 no segundo trimestre de 2021.

    Já a Aura Minerals, por exemplo, trabalha em um setor bem espinhoso: mineração de ouro. “É um ativo que sempre se valoriza em tempos difíceis, como em guerras, ou em pandemias. Aconteceu ano passado. Mas com a recuperação da economia, os números tenderão a cair”, afirma Galdi.

    O ouro, segundo levantamento da Economatica, rendeu 49,19% em 2020, deixando para trás o euro (34,69%), dólar (23,36%), Ibovespa (-1,53%), CDI (-1,68%) e a poupança (-2,30%). Mas em 2021, a coisa se inverteu: os investimentos em ouro já acumulam queda de 60% na primeira metade do ano.

    Faça o dever de casa

    Enquanto nos Estados Unidos, cerca de 50% da população investem em ações, aqui, esse conjunto não passa de 3%. “Por isso, a maior parte dos pequenos ainda vai no que é senso comum, ou seja, papéis de empresas grandes, como Vale e Petrobras”, afirma Loiola.

    “Fazer essa lição de casa é mais difícil para o pequeno investidor, mas não é impossível. E essas empresas podem esconder boas oportunidades”,

    Ele acredita que conforme o mercado for amadurecendo, empresas de setores únicos enfrentaram menos estranhamento. “Afinal de contas, o segredo do mercado de ações é comprar na baixa, quando ninguém esta olhando para aquele papel, e vender quando ele vira moda”, conclui Loiola.