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    Em meio à crise hídrica, Rio inaugura segunda maior termelétrica do Brasil

    Usina GNA-I fica em São João da Barra, no Norte Fluminense, e gerará energia para abastecer até quatro milhões de pessoas

    Usina GNA-I em São João da Barra, no Norte Fluminense
    Usina GNA-I em São João da Barra, no Norte Fluminense Divulgação

    Stéfano Sallesda CNN no Rio de Janeiro

    A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) autorizou para esta quinta-feira (16) o início das operações comerciais da Usina Termelétrica Gás Natural do Açu I (GNA I), localizada no Porto do Açu, em São João da Barra, no Norte Fluminense.

    Com capacidade instalada para 1.338,30 megawatts (MW) e movida a gás natural, essa será a segunda maior termelétrica em operação no país. A maior termelétrica em operação no Brasil hoje é a Porto de Sergipe I, com 1,5 mil MW de capacidade instalada.

    A nova unidade já passou por testes e adicionará ao Sistema Interligado Nacional (SIN) potência para abastecer até quatro milhões de pessoas na região Sudeste, a que mais consome energia no país.

    De acordo com a Empresa de Pesquisas Energéticas (EPE), das 19 termelétricas contratadas e com obras de construção que estavam em andamento, essa é a única que tinha inauguração prevista para 2021.

    Segundo a operadora da usina, a Gás Natural do Açu (GNA), uma join venture formada por bp, Siemens SPIC Brasil e Prumo Logística, controlada pela EIG Global Partners, o investimento para a construção da unidade foi de um bilhão de dólares.

    Diretor-presidente da GNA, Bernardo Perseke celebrou o começo das atividades da usina. “É com grande satisfação que anunciamos o início da operação comercial de nossa primeira usina, que marca a transição da GNA para uma empresa operacional, como um player de destaque no setor elétrico brasileiro. Entramos em operação em um momento crucial para o país, trazendo energia confiável para o sistema, a partir do gás natural, um combustível catalisador da transição energética global”, afirma.

    A usina utilizará gás natural liquefeito, modalidade importada. Coordenador de relacionamento estratégico de Petróleo, Gás e Naval da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), Fernando Montera destaca o papel estratégico da nova unidade.

    “Vai ajudar ao sistema interligado atendendo à região e desafogando o sistema elétrico. Mas é fundamental também porque é um marco, um projeto muito grande que insere um novo agente no mercado de gás natural. E há projetos de conexão do Porto do Açu, que já tem uma base industrial própria, com a malha de transportes. Pode atrair outros investimentos industriais na área, mas também vai atender outras localidades”, explica.

    A GNA-I reforçará o SIN em um momento no qual o país atravessa uma crise energética, provocada por estiagem nos reservatórios das hidrelétricas, o que tem aumentado o acionamento das térmicas.

    A crise hídrica tem feito com que as térmicas sejam mais acionadas. No entanto, como elas o custo de geração de eletricidade nessa modalidade é mais alto, os consumidores de todo o país têm sofrido com aumentos nas tarifas de energia.

    O Complexo Termelétrico Gás Natural do Açu tem previsão de expansão. O projeto contempla uma segunda usina, a GNA II, com potência ainda maior: 1.672,6 MW, também movida a gás, e com inauguração prevista para 2024. Quando ficar pronta, a unidade fará do complexo o maior do gênero em toda a América Latina.

    Os principais projetos de expansão energética com base em geração de termelétricas ficam no Rio de Janeiro. Isto porque o estado concentra 65% das reservas brasileiras provadas de gás natural, apontado por especialistas como combustível preferido para a transição energética. Boa parte dele é oriunda da camada do pré-sal da Bacia de Santos.

    Um ano antes de inauguração da GNA II, porém, o estado deve inaugurar a Usina de Marlim Azul, de outro operador. Ela terá potência de 565,5 MW e já está em construção, em Macaé, também no Norte Fluminense.