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    Eleições 2022

    Em 2022, economia será a maior preocupação dos eleitores nas urnas

    Saúde (24%), desemprego (14%), economia em geral (12%), fome e miséria (8%) e inflação (7%) dominam preocupações dos brasileiros, segundo Datafolha

    Perspectiva 2022 - a economia e as eleições
    Perspectiva 2022 - a economia e as eleições Ricardo Moraes/Reuters / Arte CNN

    Raquel Landim

    Se as eleições fossem hoje, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teria boas chances de vencer o pleito ainda no primeiro turno. É o que apontam boa parte das pesquisas de opinião. Num eventual segundo turno, a folga de Lula sobre os outros candidatos se mantém expressiva.

    E isso depois dos escândalos do mensalão, do petrolão e de 580 dias na cadeia acusado de corrupção. Para boa parte da elite, que não simpatiza com o ex-presidente, parece algo difícil de entender. Mas, na verdade, é um fenômeno simples de analisar e consequência direta da Covid-19.

    A pandemia, que já matou mais de 600 mil brasileiros, deixou um legado de inflação alta, miséria e desemprego. Embora o mercado de trabalho esteja se recuperando, o Brasil ainda tem 13 milhões de pessoas sem trabalho. O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) deve fechar o ano com alta perto de 10%. E a economia não cresce há pelo menos dois trimestres, o que configura recessão técnica.

    Pesquisa do Instituto Datafolha aponta que a saúde voltou ao posto de principal preocupação dos brasileiros, com 24% das citações. Em 2018, ainda sob impacto da Operação Lava Jato, a corrupção estava no topo das angústias da população.

    Para o pleito do ano que vem, as menções espontâneas dos brasileiros aos problemas econômicos também impressionam. Logo após a saúde, vem desemprego (14%), economia em geral (12%), fome e miséria (8%) e inflação (7%). Se somarmos tudo isso, chegamos a 41%.

    Isso significa que pelo menos 4 em cada 10 brasileiros estão preocupados apenas em sobreviver – à Covid e à devastação econômica provocada pela doença. Esses dados são totalmente condizentes com o fato de que 2/3 da população brasileira ganha menos de três salários mínimos.

    O presidente Jair Bolsonaro (PL) sempre percebeu o impacto que a pandemia teria na economia. Mas, conforme especialistas em saúde pública e economistas, errou na condução de ambas. Demorou para comprar vacinas e continua fazendo propaganda contrária ao imunizante.

    O mandatário também adotou uma postura belicosa particularmente com o Poder Judiciário, o que gerou insegurança e pesou no preço dos ativos econômicos. Com apoio do Congresso, burlou as regras fiscais, o que terminou de provocar o estrago. A bolsa brasileira caiu 12% este ano na contramão dos mercados globais.

    Bolsonaro instituiu agora em dezembro um programa mais robusto de transferência de renda aos mais pobres, mas ainda é incerto se as pessoas vão efetivamente associar o Auxílio Brasil ao atual governo. Não ajuda o fato de o cartão do Bolsa Família petista ainda ser utilizado para sacar o dinheiro.

    E é aí que Lula entra. “O ex-presidente vai sofrer muitos ataques dos adversários durante a campanha e dificilmente ganha no primeiro turno. Mas ele tem um recall muito positivo, daquele que colocava comida na mesa”, disse à coluna Mauro Paulino, diretor do Datafolha.

    O ex-presidente vai tentar a todo custo esconder sua sucessora, a também petista Dilma Rousseff. Foi durante o governo dela que o país engatou numa grave recessão por causa do descalabro da gestão fiscal. Mas até agora nem Bolsonaro, nem os candidatos da terceira via convenceram de que podem ajudar mais aqueles que mais necessitam.

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