Elon Musk promete investigar relatos de cortes de bônus “injustos” na fábrica da Tesla em Xangai
Indenizações a acidente fatal ocorrido em fevereiro seria motivo para retirada de comissão de trabalhadores
O CEO da Tesla, Elon Musk, prometeu analisar relatos de que trabalhadores da fábrica da empresa em Xangai foram submetidos a reduções “injustas” em seus salários relacionados ao desempenho.
Postagens nas redes sociais publicadas no fim de semana por pessoas que dizem trabalhar na fábrica – o principal centro de exportação da empresa – expressaram raiva pelos cortes recentemente anunciados em seu pagamento mensal de bônus.
Eles disseram que receberam notícias dos cortes “significativos” e “maliciosos” após um acidente fatal ocorrido nas instalações da Tesla em fevereiro.
Segundo as postagens, os gerentes da fábrica alegaram a necessidade de pagar indenizações relacionadas ao acidente como o motivo para reduzir os bônus dos trabalhadores.
“Isso é incrivelmente injusto”, disse uma pessoa com o nome de usuário “Er Gou” em um post na popular plataforma chinesa Zhihu. “Esse incidente de segurança aconteceu na fábrica. Não é por causa das [deficiências] pessoais dos trabalhadores.”
“Os trabalhadores não devem ser penalizados com descontos salariais pelos problemas de responsabilidade da empresa”, diz o usuário da rede social, que afirma ser trabalhador regular da fábrica.
A pessoa fala que os cortes totalizaram mais de 2.000 yuans (US$ 291) por mês, o que eles caracterizaram como uma “grande quantia” para muitos.
O valor equivale a pouco menos da metade do salário-base mensal – cerca de 5.340 yuans ou US$ 777 – nas instalações de Xangai para trabalhadores juniores, segundo a Reuters.
Além do salário-base, os trabalhadores podem ser elegíveis para pagamento por horas extras e bônus regulares vinculados ao desempenho.
Em maio passado, Musk elogiou a ética de trabalho dos funcionários chineses, por queimar “o óleo das 3 da manhã” em uma entrevista ao Financial Times. Na época, Xangai estava no meio de um bloqueio de Covid de dois meses.
Apenas seis meses depois, em novembro, a fábrica de Xangai estabeleceu um novo recorde de entrega mensal de mais de 100 mil veículos. Tudo isso foi alcançado depois que as restrições da Covid fizeram com que a fábrica suspendesse temporariamente a produção.
Pedido a Musk para investigar
Alguns funcionários chateados parecem ter ignorado os rígidos controles de internet da China continental para postar no Twitter, instando Musk a intervir.
“Por favor, preste atenção ao desempenho dos trabalhadores da linha de frente na fábrica da Tesla em Xangai sendo deduzido arbitrariamente”, disse um usuário do Twitter com o identificador “AFeiywu” em uma postagem de um endereço IP localizado em Xangai. Musk e Tesla Asia foram marcados.
O CEO da empresa respondeu na manhã de terça-feira, horário de Hong Kong.
“Fui alertado neste fim de semana. Olhando para isso”, comentou no Twitter. A rede social está bloqueada na China continental. Mas muitas pessoas contornam as restrições para usá-la.
A CNN entrou em contato com Tesla e os autores das postagens para comentários, mas não obteve resposta imediata.
De acordo com um comunicado publicado pelo governo do distrito de Pudong em Xangai na semana passada, um “acidente mecânico” ocorreu em uma oficina de soldagem na fábrica da Tesla em fevereiro, matando uma pessoa.
Uma investigação publicada pelo governo culpou o trabalhador falecido, seu colega de trabalho e a empresa pelo acidente.
A Shanghai Gigafactory, que começou a operar em 2019, é a maior fábrica de automóveis da empresa fora dos Estados Unidos, empregando cerca de 20 mil pessoas.
Em 2022, a Tesla entregou 1,31 milhão de veículos globalmente, mais da metade vindo de Xangai, segundo os resultados financeiros da empresa. Esse número aumentou 40% em relação a 2021.
No início deste mês, a Tesla anunciou que construiria uma grande fábrica de baterias perto de sua primeira instalação, dobrando seu investimento na China.
A companhia deve divulgar seus resultados do primeiro trimestre na quarta-feira.
