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    Economia pós-Covid deve prejudicar trabalhadores do setor de serviços

    “Estamos nos recuperando, mas para uma economia diferente”, disse Jerome Powell, presidente do Federal Reserve

    Vista da entrada do parque da Disney em Anaheim, na Califórnia
    Vista da entrada do parque da Disney em Anaheim, na Califórnia Foto: Mario Anzuoni - 13.mar.2020 / Reuters

    Julia Horowitz, do CNN Business

    Os investidores estão ávidos pela chegada de uma vacina contra a Covid-19 que pode trazer um retorno ao normal. Mas esse dia ­– o do normal – pode nunca vir.

    “Estamos nos recuperando, mas para uma economia diferente”, disse Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (o banco central dos EUA) na quinta-feira (12) durante um painel de discussão virtual organizado pelo Banco Central Europeu.

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    De acordo com Powell, está claro que a pandemia acelerou o uso de tecnologia, do trabalho remoto e da automação, fatores que terão efeitos duradouros na maneira como as pessoas vivem e trabalham.

    Embora os avanços na tecnologia sejam geralmente positivos para as sociedades no longo prazo, no curto prazo eles criam interrupções.

    “Mesmo depois que a taxa de desemprego cair e houver uma vacina, haverá um grupo provavelmente substancial de trabalhadores que precisará de apoio enquanto procura seu caminho na economia pós-pandemia”, afirmou.

    Essa linha de pensamento expressa uma ansiedade compartilhada pelos principais líderes empresariais quando olham para o futuro. 

    “Se houver um ressurgimento da confiança e do crescimento, minha preocupação é quão uniformemente isso será distribuído e quem ficará para trás”, disse Viswas Raghavan, chefe do JPMorgan Chase para a região da Europa, Oriente Médio e África, em uma entrevista nesta semana.

    Algumas das maiores empresas do mundo já fizeram mudanças em seus negócios que repercutirão muito depois de a pandemia ser controlada.

    Veja o caso da Disney (DIS), que relatou seu resultados financeiros na quinta-feira (12). A gigante do entretenimento, que teve de atrasar o lançamento de sucessos de bilheteria que custaram muito e fechar seus parques por meses a fio, teve prejuízo de US$ 2,8 bilhões em seu último ano fiscal. No ano anterior, ela obteve lucro de US$ 10,4 bilhões.

    No entanto, a Disney não está apenas sentada e aguardando o que virá. Durante a pandemia, a empresa fez grandes investimentos em seu serviço de streaming Disney+, que agora tem quase 74 milhões de assinantes. No mês passado, ela anunciou uma reorganização interna que colocou o serviço no centro de seu império de mídia.

    “Vamos mandar muito vento para soprar as velas de nosso negócio Disney+ e investiremos pesadamente nisso”, disse o CEO Bob Chapek a analistas na quinta-feira.

    A necessidade de injetar dinheiro em novas partes da empresa acarreta custos. A Disney anunciou demissões de dezenas de milhares de trabalhadores este ano. Funções com salários mais baixos na divisão de parques da empresa têm sido particularmente vulneráveis. A Disney indicou que poderia recontratar trabalhadores em algum momento, mas não fez nenhum compromisso nesse sentido.

    Powell teme que alguns norte-americanos possam ficar para trás. Na quinta-feira, o banqueiro contou que está particularmente preocupado com a situação pós-crise “dos trabalhadores do setor de serviços com salários relativamente baixos e que lidam com o público”.

    “Essas pessoas terão dificuldade em voltar a trabalhar em seus empregos anteriores ou, em muitos casos, em novos empregos”, afirmou.

    Embora os desenvolvimentos de vacinas estejam encorajando muitas pessoas a olhar para o futuro no próximo ano, o curto prazo deve trazer ainda mais dor. Os Estados Unidos relataram mais de 153 mil novas infecções por Covid-19, um recorde, em um só dia, 12 de novembro. A cidade de Chicago emitiu uma recomendação para as pessoas ficarem em casa e autoridades em todo o país consideram novas restrições.

    Nada de empresas chinesas

    O presidente Donald Trump pode estar saindo da Casa Branca, mas segue aumentando as tensões com a segunda maior economia do mundo.

    No dia 12, ele assinou um decreto presidencial proibindo os norte-americanos de investirem em empresas chinesas que, segundo o governo, pertencem ou são controladas pelos militares chineses.

    A ordem se aplica a 31 empresas chinesas que, segundo o governo dos Estados Unidos, “possibilitam o desenvolvimento e a modernização” do exército chinês e “ameaçam diretamente” a segurança dos Estados Unidos.

    A fabricante de smartphones Huawei e a Hikvision, um dos maiores fabricantes e fornecedores mundiais de equipamentos de vigilância por vídeo, estão entre as empresas na lista negra. Algumas das outras empresas listadas, incluindo a China Telecom e a China Mobile, são negociadas na Bolsa de Valores de Nova York.

    O que isso significa: a ordem de Trump proíbe os cidadãos norte-americanos de possuir ações diretas das empresas ou de investir nelas por meio de fundos. Os investidores terão até novembro de 2021 para se desfazer das empresas.

    As ações da Hikvision caíram mais de 4% nas negociações da manhã em Shenzhen na sexta-feira (13), antes de reduzir algumas dessas perdas para cair 1,5%. As ações da China Telecom despencaram quase 8% na sexta-feira, e da China Mobile despencaram 5% em Hong Kong. A Huawei é uma empresa privada.

    Paul Triolo, chefe de geotecnologia da consultoria Eurasia Group, disse em uma nota recente a clientes que Pequim estaria “de sobreaviso para que o governo Trump tome algumas decisões difíceis”.

    Mas não está claro se o relacionamento vai melhorar significativamente quando Joe Biden assumir o cargo em janeiro. Pequim parabenizou Biden por sua vitória na sexta-feira (13).

    “A repressão dos EUA à China será inevitável”, disse o ex-ministro das Finanças chinês, Lou Jiwei, à Reuters.

    É hora de investir em bancos?

    Uma recessão histórica e taxas de juros baixíssimas se traduziram em um ano difícil para as ações dos bancos.

    Embora empresas como JPMorgan Chase e Bank of America tenham deixado claro que estão em uma base sólida, com bastante capital disponível para superar a pandemia, a perspectiva econômica tornou difícil para Wall Street se entusiasmar com as ações dos principais credores.

    Isso pode ter mudado esta semana com notícias promissoras sobre a vacina da Pfizer, que criou um aumento na confiança dos investidores. O Índice do Banco KBW (BKX), que rastreia os maiores players dos EUA, subiu mais de 9% e está no caminho certo para sua melhor semana desde junho.

    “Aconselhamos que vocês sejam agressivos com os bancos”, disse o analista do Wells Fargo, Christopher Harvey, aos clientes na quarta-feira (11).

    Um ambiente de baixa taxa de juros corrói o dinheiro que os bancos ganham com a atividade de empréstimo. Mas Harvey prevê que uma vacina viável desencadeará uma enxurrada de gastos do consumidor, contribuindo para a inflação. Isso levaria os bancos centrais a aumentar as taxas de juros em pouco tempo.

    “Essa demanda reprimida, confiança e capacidade de gastar não devem ser descartadas”, opinou. Em sua opinião, isso poderia valer a pena.

    (Texto traduzido, clique aqui para ler o original em inglês)