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    Dólar fecha em alta de 1,33% na semana; Ibovespa encerra com ganhos de 0,29%

    Principal índice da B3 e moeda norte-americana foram afetados principalmente pelos dados econômicos dos Estados Unidos e a PEC dos Combustíveis

    Questão fiscal brasileira está no radar dos investidores
    Questão fiscal brasileira está no radar dos investidores Foto: Amanda Perobelli/Reuters

    Artur Nicocelido CNN Brasil Business*

    em São Paulo

    Nesta semana, a dólar acumulou alta de 1,33%, a quinta seguida de valorização. Enquanto o Ibovespa valorizou 0,29%. Tanto o principal índice da B3  quando a moeda norte-americana foram afetados principalmente pelos dados econômicos dos Estados Unidos e pela PEC dos Combustíveis.

    Na segunda-feira (27), o dólar fechou em queda de 0,32%. A moeda norte-americana recuou no exterior em um dia de maior otimismo entre investidores, mas o real foi prejudicado pelo retorno de temores sobre a situação fiscal do Brasil.

    À época, os investidores aguardavam o senador Fernando Bezerra apresentar o parecer da PEC dos Combustíveis na terça-feira.

    No dia seguinte, o dólar encerrou em alta de 0,61%, após dados ruins da confiança do consumidor norte-americano reforçarem um pessimismo no mercado e temores de recessão, levando a uma aversão a riscos que prejudica o real.

    Esse foi o 13° avanço do dólar em 16 sessões, e deixou a moeda acima de sua média móvel linear de 200 dias

    na quarta-feira (29), a moeda norte-americana teve queda de 1,44%. Essa foi a maior desvalorização diária desde o último dia 15 (-2,07%), e o menor patamar em uma semana.

    E a questão fiscal brasileira também voltou ao radar dos investidores. O relator do projeto no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), apresentou na quarta-feira (29) o parecer sobre o projeto. O projeto inclui um aumento no valor do Auxílio Brasil e do vale-gás e cria um novo auxílio financeiro voltado para caminhoneiros como forma de suavizar o impacto das altas nos preços dos combustíveis.

    A perspectiva de que o governo federal aumentasse seus gastos por meio da PEC dos Combustíveis, com um possível desrespeito ao teto de gastos, desagradou o mercado na sessão.

    O pregão de quinta-feira (30), por sua vez, foi marcado por alta volatilidade devido à formação da Ptax referente ao fim de junho e do segundo trimestre. A Ptax é a taxa de câmbio calculada pelo Banco Central, e serve como referência para algumas operações financeiras. O dólar encerrou o dia com alta de 0,77%.

    E, nesta sexta-feira (1º), a moeda norte-americana fechou em alta de 1,73%, refletindo um reforço dos temores por parte dos investidores quanto ao risco fiscal no Brasil após a aprovação da PEC dos Combustíveis no Senado.

    Essa foi a cotação mais alta para um encerramento desde 4 de fevereiro (R$ 5,324).

    Ibovespa

    O Ibovespa teve alta de 2,12%, na segunda-feira (27), beneficiado pela redução de aversão a riscos pelo mundo devido a dados econômicos mais fracos nos Estados Unidos. Com isso, o mercado aposta agora em um Federal Reserve menos agressivo nas altas de juros.

    Porém, no dia seguinte, o principal índice da B3 recuou 0,17%, acompanhando o desempenho negativo das ações nos Estados Unidos, enquanto papéis atrelados a commodities como Vale e Petrobras ofereceram algum suporte.

    No meio da semana, o Ibovespa recuou 0,96%, refletindo os dados trimestrais sobre a economia dos Estados Unidos, como Produto Interno Bruto (PIB) e inflação.

    O PIB veio levemente pior que o esperado, com recuo de 1,6%, enquanto o Índice de Preços para Despesas com Consumo Pessoal (PCE) subiu 7,1% na comparação anual.

    Já na quinta-feira (30), o Ibovespa fechou em queda de 1,08%, após refletir um ambiente internacional adverso, com reforço de aversão a riscos e temores de uma recessão global.

    A maioria das ações operaram em baixa; principal exceção foi a Fleury, que chegou a subir mais de 16% após anunciar a compra da Hermes Pardini.

    E, nesta sexta-feira, o índice teve alta de 0,42%, com a Petrobras entre os principais suportes, mas a cautela persiste uma vez que permanecem os receios com a magnitude da desaceleração econômica global e os rumos da situação fiscal no Brasil.

    Em junho

    No mês de junho, o Ibovespa caiu 11,5%, maior queda percentual desde março de 2020, quando foi duramente afetado pelo alastramento da pandemia pelo Brasil. Já o dólar saltou 10,03% no mês, seu melhor mês desde março de 2020 (+15,92%), quando os mercados globais sentiram o choque inicial da pandemia de Covid-19.

    Na visão do sócio e estrategista da Meta Asset Management, Alexandre Póvoa, os bancos centrais dos países desenvolvidos estão nitidamente atrás da curva em relação à inflação, o que tem afetado prognósticos de investidores sobre a atividade econômica.

    “A sensação de descontrole fez com que os investidores, antevendo um aperto monetário mais forte, começassem a projetar um cenário de recessão mundial, ou até pior, uma estagflação”, acrescentou o gestor.

    Para o analista também, o mercado ainda está sob intensa neblina, dado que os BCs mundiais não estão seguros nem em relação ao ritmo e nem em relação ao final do processo de aperto monetário. “Sem essa visibilidade, dificilmente as bolsas se recuperarão.”

    E ele avalia que o Ibovespa vive o “pior dos mundos”, com ações de commodities sofrendo pelo receio de deterioração de atividade e as de mercado doméstico sendo penalizadas pelo estresse na curva de juros em razão de riscos fiscais.

    Já o dólar teve um ganho acumulado da contra a brasileira de 9,83% no segundo semestre. Isso não compensa a baixa de 14,55% vista no período de janeiro a março, mas reduz as perdas do dólar no acumulado de 2022 para 6,14%. A divisa está 13,53% acima da mínima para encerramento deste ano, de R$ 4,607, atingida no início de abril.

    “A aversão a risco é global, não vale só para o real. Existe esse medo generalizado de uma recessão global, e, quando isso acontece, o investidor fica mais propenso a ir para ativos seguros”, como o dólar, disse à Reuters Michelle Hwang, estrategista de câmbio e juros do BNP Paribas.

    Os receios econômicos têm sido alimentados principalmente pelo posicionamento agressivo dos principais bancos centrais, que indicaram repetidas vezes que seguirão firmes no aperto da política monetária à medida que buscam domar a inflação, mesmo que isso tenha impacto negativo sobre o crescimento.

    O Federal Reserve, por exemplo, já subiu os juros em 1,50 ponto percentual desde março deste ano.

    *Com informações da Reuters