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    Dívidas e instabilidade freiam uso de FGTS e 13º para dinamizar economia, aponta FGV

    Maioria dos ouvidos na Sondagem do Consumidor pretende poupar, mas essa ainda não é a realidade da população mais pobre, que segue endividada

    Stéfano Sallesda CNN Rio de Janeiro

    Cerca de 43,1% dos brasileiros pretendem poupar os recursos do saque extraordinário do FGTS, de R$ 1 mil, e da antecipação do 13º salário e das pensões. O número foi apurado pela Sondagem do Consumidor, realizada pelo Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getúlio Vargas (FGV Ibre).

    Outros 24,6% querem usar esse dinheiro para consumir, enquanto 23,8% pretendem utilizar os recursos para o pagamento de dívidas.

    Combinados, o saque extraordinário do FGTS e a antecipação do 13º salário e das pensões representam uma injeção de R$ 86,7 bilhões na economia. De acordo com o Ibre, isso fará com que o crescimento do consumo das famílias para o segundo trimestre, originalmente previsto pelo instituto em 0,3%, suba para 0,7%.

    No entanto, a pesquisadora Viviane Seda Bittencourt, responsável pela sondagem, aponta que o resultado está abaixo do esperado pelo governo. Ela frisa que, embora a maioria pretenda poupar, essa proporção não é majoritária entre a população que apresenta renda de até R$ 2,1 mil, a mais baixa analisada.

    Neste grupo, 42,3% pretendem quitar dívidas em atraso, 28,6% têm planos de poupar e 20,9% pretendem consumir.

    “O volume de recursos é bem maior que o registrado em outras ocasiões, mas o fato de mais gente decidir poupar, por conta do cenário macroeconômico, com desemprego e inflação, fará com que a injeção de recursos na economia seja menor que a esperada pelo governo. Agora, a situação da população de renda mais baixa é mais delicada, especialmente porque ela segue pressionada pela inflação de alimentos”, afirma.

    Para a economista, no entanto, o pagamento dessas dívidas não deve se refletir em limpeza de nome e liberação de crédito, aspectos que poderiam impulsionar a economia nos meses seguintes. Isto porque esse grupo vem de uma grave situação de estresse econômico provocada pela pandemia de Covid-19.

    “São recursos pontuais. Em 2020 essa população foi atendida pelo auxílio emergencial, mas o panorama pirou em 2021, e ainda entrou a inflação. Houve aumento de preços, você não consegue fazer novos empréstimos, por causa da taxa mais alta. Houve aumento do endividamento e, se houve pagamento de dívidas, não houve pagamento integral. É algo que não se resolve como recurso pontual, mas com a volta do consumidor para o mercado de trabalho”, conclui a economista.