Prime Time

seg - sex

Apresentação

Ao vivo

A seguir

    Desaceleração na prévia da inflação pode estimular BC a iniciar corte da Selic, dizem economistas

    IPCA-15 desacelerou para 0,57% puxado pelos preços dos combustíveis, que respondem por 0,17 ponto do índice

    Gasolina e telefonia foram as surpresas baixistas em relação ao projetado pelo mercado
    Gasolina e telefonia foram as surpresas baixistas em relação ao projetado pelo mercado Marcello Casal jr/Agência Brasil

    Diego Mendesda CNN

    São Paulo

    Após a divulgação do IPCA-15 de abril – que baixou para 0,57%, abaixo da expectativa de 0,6% — economistas acreditam que a desaceleração da inflação pode influenciar o Banco Central na decisão de baixar os juros nas próximas reuniões. O índice foi divulgado na manhã desta quarta-feira (26) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

    Na opinião da economista-chefe do Inter, Rafaela Vitória, a variação menor que a esperada pode não ser suficiente para alterar a expectativa para o próximo Copom e a expectativa ainda é de manutenção dos atuais 13,75% ao ano. “No entanto, esperamos que no comunicado o BC já possa reconhecer o processo de queda da inflação recente, que reflete a política monetária mais restritiva, juntamente com outros sinais de desaquecimento da atividade e do crédito mais restrito.”

    De acordo o relatório do banco Itaú Unibanco, a leitura do índice corrobora com o cenário de desinflação em curso, embora o núcleo do índice ainda esteja girando acima do compatível com o cumprimento da meta de inflação.

    “Nas próximas leituras, embora com pressão em preços administrados, principalmente medicamentos e loteria, devemos seguir observando recuo da inflação acumulada em 12 meses para ao redor de 4,0%, influenciado pelo efeito base dos cortes de impostos no ano passado.”

    Para Andrea Ângelo, estrategista de inflação da Warren Rena, a desaceleração na leitura mensal veio do efeito da dissipação da reoneração parcial dos impostos federais (PIS/COFINS e CIDE) sobre combustíveis e do ICMS na TUST/TUSD no cálculo de a energia elétrica, somados ajudaram em 0,19 ponto na margem.

    “No mesmo sentido, itens de alimentação in natura e comunicação ajudaram na descompressão. Por outro lado, a pressão altista no mês veio de passagem aérea (11,96% ante -5,32%) e do reajuste de produtos farmacêuticos.”

    Expectativa

    Ângelo faz uma ressalva na medida de serviço intensivos em trabalho e diversos que mostraram estabilidade na média móvel 3 meses dessazonalizada e anualizada. Por outro lado, ela aponta que serviços subjecentes aceleraram na mesma métrica.

    “Além disso, nossa métrica de serviços inerciais mostrou a primeira surpresa altista nesta divulgação. O número de hoje coloca cautela no otimismo visto do IPCA de março, mas ainda é cedo para dizer que a tendência mudou.”

    Vitória destaca que a principal variação no mês ainda foi da gasolina, que respondeu com + 0,17 p.p. do índice, devido à volta da tributação. Com a acomodação dos preços das commodities, a economista espera que a inflação dos preços livres, incluindo alimentos e industriais, deva continuar baixa nos próximos meses.

    “A média dos núcleos teve pequena alta em relação a março, de 0,36% para 0,45% e segue nos no patamar de 6% (média dos últimos 3 meses anualizada), mostrando que a desinflação ainda deve ser lenta. A inflação de serviços, excluindo passagens aéreas, ficou um pouco mais baixa, em 0,33%, uma boa notícia.”

    O novo marco arcabouço fiscal, apesar de ainda trazer dúvidas sobres sua execução, já indica que o crescimento dos gastos públicos deve seguir moderado e, segundo Vitória, mesmo com uma queda mais lenta da inflação, já permite ajuste no grau de restrição da política monetária.

    “Com isso, mantemos nossa expectativa de redução da Selic a partir de agosto, chegando em 12% no final do ano”, acredita Vitória.