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    Demissão de Weintraub é bem vista pelo Congresso, mas reformas ainda são dúvida

    Assunto pode ficar velho quando a tramitação das reformas acontecer, mas saída de Weintraub pode dar um respiro no conflito entre Executivo e Legislativo

    O agora ex-ministro Abraham Weintraub: saída foi bem vista pelo Centrão e por Rodrigo Maia 
    O agora ex-ministro Abraham Weintraub: saída foi bem vista pelo Centrão e por Rodrigo Maia  Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil (2.mai.2019)

    André Jankavski, do CNN Brasil Business, em São Paulo

    Enfim, a saída foi concretizada. Depois de muitas especulações, Abraham Weintraub anunciou que não será mais o ministro da Educação em um vídeo com o presidente Jair Bolsonaro. A demissão dele era pedida há tempos pelas principais lideranças do Congresso, especialmente pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). O fim de Weintraub no governo federal que pode ajudar a melhorar a relação entre o Executivo e o Legislativo – e até ajudar as reformas macroeconômicas tão pedidas pelo ministro da Economia, Paulo Guedes.

    Isso, pelo menos, em um primeiro momento. Ainda há uma grande interrogação no ar: quem será o substituto dele na pasta. A questão preocupa, pois lideranças ligadas ao filósofo e guru do governo Olavo de Carvalho ainda pedem que a pasta fique sob o domínio da ala mais ideológica. E como o Congresso está parado na análise de reformas importantes, como a tributária e a administrativa, fica o questionamento se essa eventual “melhora” será sustentável.

    “Melhora, sem dúvida nenhuma, a relação com o Congresso, pois as lideranças não o toleravam”, diz João Villaverde, analista de risco político da consultoria Medley Global Advisors. “Porém, como nada vai acontecer no Congresso nos próximos dias, essa melhora pode se esvaziar completamente.”

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    A questão é preocupante. Afinal, para o tombo da economia não ser tão grande daqui para frente, as reformas são imprescindíveis na visão de investidores e economistas. Se elas não saírem, a confiança com o Brasil também cai.

    Para Lucas de Aragão, cientista político da consultoria Arko Advice, são vários os fatores que precisam ser cumpridos com uma certa disciplina para que o governo consiga avançar com as reformas, que devem voltar a ser discutidas daqui a 60 dias, segundo Guedes. Entre eles, destaca Aragão, que acordos com o Centrão sejam mantidos, nomeações saiam (como a efetivação de Fábio Faria como ministro das Comunicações) e que cessem os ataques ao Congresso.

    “Quando chegar a hora ‘H’ das reformas, vamos estar falando de outros assuntos e o Weintraub será passado”, diz Aragão. “Claro que ter o ex-ministro no cargo geraria mais ingredientes de instabilidade, mas uma outra preocupação do Centrão é com quem vai entrar.”

    Por isso, o próximo nome definido vai fazer muita diferença. Um dos nomes ventilados para comandar a pasta, mesmo que interinamente, seria Antonio Paulo Vogel, que é servidor de carreira e trabalhou na gestão de Fernando Haddad (PT-SP) na época em que foi prefeito de São Paulo. Mas há também uma ala olavista fazendo pressão pela cadeira, especialmente pelo nome de Carlos Nadalim, secretário da alfabetização do MEC e aluno do filósofo.

    “Me parece que os nomes mais cotados são de linha ideológica semelhante e podem até causar mais estrago por serem mais discretos e eventualmente passar a linha ideológica do governo sem muito alarde”, diz Sérgio Vale, economista-chefe da consultoria MB Associados.

    O ex-ministro vai assumir uma das 25 cadeiras no Conselho da Diretoria Executiva do Banco Mundial. Além do Brasil, Colômbia, Equador, República Dominicana, Panamá, Haiti, Suriname, Trinidad & Tobago e Filipinas têm lugares reservados.

    A ida de Weintraub para o Banco Mundial também preocupa, na visão de Vale. “Não me parece uma boa solução, pois se causou tantas divergências, difícil que será diferente por lá. Talvez deixemos de ter um problema e, agora, teremos dois.”

    Durante coletiva de imprensa nesta quinta-feira (18), o presidente da Câmara comentou a ida de Weintraub para o órgão global. “(Talvez) eles não saibam que ele trabalhou no Banco Votorantim, que quebrou em 2009, e ele era um dos economistas”, disse. 

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