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    Defendo que Haddad seja sempre o primeiro a falar sobre nova regra fiscal, diz Jaques Wagner

    Declaração acontece em meio à repercussão de falas do ministro da Casa Civil, Rui Costa, com quem estaria incomodado por falas polêmicas, de acordo com apuração da analista da CNN, Raquel Landim

    Tamara Nassifda CNN*

    em São Paulo

    O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT), afirmou, nesta quarta-feira (22), que defende que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, “seja sempre o primeiro a falar” sobre a nova regra fiscal.

    “Evito sempre furar a programação dele, que está fazendo todo um roteiro de conversas para chegar no melhor resultado. Como líder de governo, preciso ter muito cuidado com isso”, disse ele nas redes sociais.

    “O arcabouço vem sendo trabalhado pela nossa equipe econômica, que vem escutando economistas de várias matizes. Todo mundo já constatou que o teto de gastos foi uma furada sem tamanho. Uma coisa super rígida, estanque e que já foi furada uma porção de vezes”, disse.

    A declaração do senador acontece em meio à repercussão de falas do ministro da Casa Civil, Rui Costa, que afirmou que visões diferentes do PT e de lideranças parlamentares sobre a futura regra são “legítimas e necessárias”. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, segundo ele, não quer “a paz dos cemitérios” no debate sobre o assunto. “Queremos contribuições”.

    O ministro ainda disse que “às vezes a gente engasga com o farelo do pão, e não com o pão inteiro“, aludindo a uma das mudanças exigidas por Lula na proposta original da Fazenda. O presidente gostaria de uma flexibilidade maior para acomodar gastos em educação e saúde — algo que deve vir com uma espécie de “regra de transição” entre o novo arcabouço fiscal e o teto de gastos, conforme disse Haddad na última terça-feira (21).

    De acordo com apurações da analista de política da CNN, Raquel Landim, Jaques Wagner estaria incomodado com as falas de Rui Costa, de quem é padrinho político.

    “Nós não queremos furar ou estourar nada. Queremos um arcabouço fiscal que tenha a flexibilidade necessária para comportar os movimentos da economia. O que não dá é pra continuar racionando assim: ‘Arrecadei pouco, então mato povo de fome, fecho hospital, fecho escola'”, disse o senador na entrevista ao UOL.

    “O que estamos defendendo é que não podemos ter nem a abundância irresponsável numa ponta, e nem do outro lado a secura total que vai matar as pessoas. O arcabouço que estamos construindo vai buscar justamente esse equilíbrio.”

    Costa negou divergências com Haddad, ainda que fontes tenham relatado à CNN uma certa “indisposição” entre os ministros. Na terça, por exemplo, o chefe da pasta econômica teria chegado pontualmente para uma reunião da junta orçamentária do governo, às 8h30, e, depois de ter aguardado Costa por 45 minutos, decidiu retornar ao ministério para cumprir o restante de sua agenda do dia.

    No café com jornalistas, Costa criticou a proliferação de “intrigas” e “fofocas inúteis”.

    “Alguém criou a tese de que há uma disputa entre eu e o Haddad, passa semanas alimentando isso. Para ficar mais próximo, só se eu morasse com ele e ele comigo”, afirmou.

    *Com informações de Daniel Rittner, Tainá Falcão e Raquel Landim, da CNN.