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    Crise do setor imobiliário da China vai pesar no mundo, diz FMI

    Dirigente do fundo diz que China precisa de “estratégia abrangente” para resolver situação

    Preços de novas moradias na China caíram em setembro
    Preços de novas moradias na China caíram em setembro REUTERS/Tingshu Wang

    Laura Heda CNN

    Hong Kong

    A crise do mercado imobiliário da China não terá impacto limitado ao país, mas também irá refletir no crescimento global como um todo, afirmou o Fundo Monetário Internacional (FMI) na última quarta-feira (18).

    E a desaceleração imobiliária na segunda maior economia do mundo não parece estar tão próxima de cessar.

    De acordo com dados divulgados nesta quinta-feira (19) pelo Gabinete Nacional de Estatísticas (DNE, na sigla em inglês), os preços de novas moradias caíram em setembro, mesmo com os estímulos de Pequim para controlar a crise do setor.

    Os dados chegam num momento em que a Country Garden está lutando para sobreviver. A empresa já foi a maior construtora da China.

    Os preços das novas casas em 70 grandes cidades caíram 0,1% em setembro em relação ao ano anterior, de acordo com um cálculo da Refinitiv Eikon com base em dados do DNE.

    Numa base mensal, os preços caíram 0,2% em setembro, prolongando a queda de 0,3% em agosto e marcando o terceiro mês seguido de declínio.

    Impacto na recuperação econômica da China

    O Produto Interno Bruto (PIB) do país expandiu 4,9% no terceiro trimestre, segundo o DNE informou na quarta-feira. A economia chinesa cresceu acima da expectativa do mercado.

    A alta foi impulsionada principalmente pelo crescimento robusto dos gastos dos consumidores.

    Por outro lado, o setor imobiliário continua a ser um grande problema.

    Os investimentos imobiliários despencaram 9,1% nos primeiros nove meses de 2023, indicando que o sentimento dos investidores está piorando.

    Representando cerca de 30% da economia, o setor entrou em crise há mais de dois anos, após o governo lançar uma série de restrições aos empréstimos de construtoras.

    Agora, Pequim busca promover uma série de medidas de estímulo para reforçar o crescimento, incluindo o corte das taxas hipotecárias e a eliminação das restrições à compra de casas nas cidades.

    Até agora, os esforços não conseguiram sustentar uma recuperação no mercado.

    “Impacto global”

    “A perspectiva global enfrenta pressões por conta do agravamento da crise imobiliária da China, das posições políticas rígidas em todo o mundo, das consequências da guerra da Rússia na Ucrânia, do conflito mais recente [em Israel] e da crescente fragmentação geoeconômica”, disse Krishna Srinivasan, diretor do Departamento do FMI para a Ásia e Pacífico.

    O fundo baixou recentemente a previsão de crescimento da China para 5% para 2023 e 4,2% para 2024, citando uma recessão imobiliária mais profunda.

    Srinivasan disse que é necessário que a China tenha uma “estratégia abrangente” para resolver o problema imobiliário, que envolve garantir que todas as casas pré-financiadas sejam construídas.

    Na China, a maioria das casas novas são vendidas antes de serem construídas.

    “Há um problema com as construtoras que precisa ser resolvido”, disse o dirigente do FMI. “Até que isso seja feito, isso afetará a confiança.”

    Muitas empresas imobiliárias chinesas enfrentam uma crise financeira, com nomes de destaque como a Evergrande enfrentando um agravamento de sua situação com crises internas sendo deflagradas.

    Crise na Country Garden

    A Country Garden, que já foi a maior construtora do país em vendas, também corre risco de inadimplência.

    Um período de carência para pagar US$ 15 milhões (R$ 75,99 milhões) em juros sobre um título em dólares norte-americanos expirou esta semana, sem nenhum pronunciamento sobre o pagamento por parte da empresa, segundo informe da estatal Paper.cn.

    Caso a construtora deixe de pagar o que deve, isso poderá marcar o primeiro incumprimento por parte da empresa dos seus bilhões de dólares de dívida offshore, o que poderá levá-la a uma reestruturação da dívida.

    A Country Garden emitiu um comunicado na quinta-feira, ameaçando iniciar uma ação legal contra qualquer pessoa que espalhe “rumores maliciosos” sobre a fuga de seu fundador do país.

    “A empresa está preocupada com os rumores de que ‘o fundador e sua filha podem ter deixado o país’”, afirmou.

    “Esse boato foi postado em diversas plataformas online com segundas intenções, causando um impacto negativo. O fundador da nossa empresa e a presidente do conselho de administração do grupo trabalham atualmente normalmente na China”, acrescentou.

    Yang Huiyan atualmente preside o Country Garden. Ela assumiu o cargo em março de seu pai, Yang Guoqiang, que fundou a empresa imobiliária em 1992.

    A atual presidente da companhia já foi a mulher mais rica da Ásia e perdeu metade da sua fortuna com a crise no setor.

    Veja também: PIB da China surpreende no 3º trimestre

    Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.

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