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    Crescimento econômico está sob risco em 2022, diz economista

    Sergio Vale afirma que política fiscal não está ajudando o Banco Central a controlar a inflação, o que gerou um ciclo forte de alta na taxa Selic

    Da CNN Brasil

    O cenário de alta da taxa básica de juros, a taxa Selic, colocou o crescimento econômico para 2022 sob risco, na visão do economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale. Para ele, o ciclo de elevações tem sido grande devido à falta de políticas fiscais que ajudem a conter a inflação.

    “A gente está passando por um momento agora em que teve uma piora significativa da inflação, estamos falando de uma inflação de dois dígitos, algo que a gente não via há muito tempo”, afirmou Vale em entrevista à CNN Brasil nesta segunda-feira (15).

    Segundo o economista, o cenário é pior porque, diferentemente de outros momentos, a política fiscal não está ajudando o Banco Central a controlar a inflação.

    “O próprio ministro da Economia abandou o trabalho positivo que poderia fazer com a política fiscal e jogou para o Banco Central, que está mais sozinho do que nunca, e por conta disso ele tem que subir taxa de juros com intensidade maior do que talvez fosse necessário, e ao fazer isso a gente vai ver a Selic chegar no ano que vem muito próxima de 12%”.

    Caso esse cenário se confirme, a alta em pouco mais de um ano será de 10 pontos percentuais.

    “O impacto disso na economia não é trivial, é o grande elemento para explicar essa desaceleração em 2022. Também tem como fonte de todo esse estresse, justamente essa piora fiscal, que não é só nos números, mas na quebra de confiança que se coloca por causa do que aconteceu com a quebra da regra do teto, que não é só a questão de mudar indexador ou dos precatórios, é uma quebra de reputação, credibilidade”, afirma Vale.

    Teto de gastos

    Em referência à PEC dos Precatórios, que deve alterar alguns elementos do teto de gastos, o economista diz que o projeto colocada “dificuldades de curto e longo prazo”. Com isso, “o crescimento está sob risco em 2022, mas podemos ter riscos crescentes de 2023 para frente também”.

    “Como o mercado vai acreditar que o Brasil vai conseguir seguir com regras fiscais se a cada momento que você tiver uma demanda eleitoral ela for quebrada?”, questionou.

    Ao analisar a fala do ministro Paulo Guedes, de que o Brasil teve um crescimento econômico maior que a média, o economista afirma que o país conseguiu ter um desempenho melhor que o esperado em 2020, mas que esse cenário não deve se repetir em 2021 e 2022.

    “Já está muito às claras o que vai ser o crescimento agora, estamos passando por uma situação mais difícil, o segundo trimestre teve queda de PIB, terceiro está caminhando para isso, já estamos vendo uma desaceleração da economia brasileira, e a sinalização para o ano que vem de um crescimento estagnado está muito claro”, disse o economista.

    Com isso, Vale afirma que há um descompasso entre o que o governo anuncia e o que está acontecendo.

    “A gente gostaria que o ministro estivesse certo, de ter um crescimento forte em 2022, os investimentos que estão sendo colocados maturarem com rapidez e ter impacto ano que vem, mas não  funciona dessa forma. A gente vai pagar os preços dos nossos desmandos da economia no ano que vem, o mercado brasileiro sabe disso, o mercado internacional também, ele está pregando para convertidos”.