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    Crédito imobiliário avança, enquanto inadimplência está em queda no setor

    Projeção aponta que o financiamento imobiliário de 2022 deve terminar o ano com números semelhantes aos do ano passando, quando foi registrado recorde de R$ 255 bilhões

    Fabrício Juliãodo CNN Brasil Business

    em São Paulo

    O Banco Central (BC) divulgou, nesta segunda-feira (29), as estatísticas monetárias e de crédito referentes ao mês de junho de 2022, com destaque para o avanço do financiamento imobiliário, segundo especialistas ouvidos pelo CNN Brasil Business. A expectativa é que seja alcançado um patamar próximo ao alcançado em 2021, enquanto a inadimplência permanece estável.

    “O financiamento imobiliário voltou a crescer em maio e junho, voltando para o patamar de R$16 bilhões em novas concessões no mês. O valor é cerca de 10% abaixo da média mensal do mesmo período em 2021, em termos reais, mas ainda é um volume robusto considerando que a taxa média do financiamento já alcança 10% ao ano, o que impacta o valor das parcelas e reduz o número de famílias com elegibilidade para esse tipo de financiamento”, afirmou Rafaela Vitória, economista-chefe do inter.

    Ainda que o resultado seja inferior ao registrado no mesmo período do ano passado, o economista-chefe do Secovi-SP, Celso Petrucci, disse que acredita que o financiamento imobiliário de 2022 deve terminar o ano com números semelhantes aos de 2021, que chegou a R$ 255 bilhões – recorde na série histórica da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip).

    No segmento do crédito imobiliário, as concessões e a segurança com que os credores estão administrando seus recursos estão indo muito bem. Não dá para desprezar a alta da Selic de mais de 500% desde quando saiu da mínima histórica, mas o nosso segmento atende as necessidades habitacionais das pessoas, e devemos ter um segundo semestre ainda melhor”, afirmou. 

    “Não estamos sentindo uma retração no crédito imobiliário que mostre esse crescimento da Selic, e já é possível observar uma queda no preço dos insumos no acumulado de 12 meses e uma queda no IPCA. Isso indica ser possível fechar o ano com uma pequena redução no financiamento imobiliário na comparação anual, mas muito provavelmente os números serão parecidos com os de 2021. A nossa estimativa é de que se houver um recuo será de 4%, o que não é nada ruim comparado ao crescimento que tivemos desde 2019″, acrescentou. 

    Inadimplência

    Os economistas ressaltaram o avanço do crédito imobiliário enquanto o nível de inadimplência não avançou na mesma proporção. A inadimplência do crédito total do sistema financeiro, que considera os atrasos superiores a 90 dias, registrou estabilidade em junho, situando-se em 2,7%. Esse desempenho refletiu a estabilidade nos atrasos acima de 90 dias no crédito livre (3,6%) e a diminuição de 0,1 ponto percentual no crédito direcionado (1,2%).

    Já a inadimplência que considera as taxas reguladas do financiamento imobiliário para pessoa física estão em queda desde fevereiro, quando eram de 1,9 ponto percentual. Cinco meses depois, ela passou para 1,5 p.p.

    “Isso está em linha com o que a gente está sentindo, com os créditos que temos disponíveis de funding para o sistema imobiliário. Está tendo um crescimento significativo, e a inadimplência do crédito direcionado é bem mais baixa”, destacou Celso Petrucci. 

    Rafaela Vitória completou destacando a melhoria do mercado de trabalho, de acordo com os últimos indicadores. “O que vem contribuindo para a manutenção de concessões nesse patamar é a melhora na renda e emprego, com a recuperação mais forte do mercado de trabalho”.

    Para a economista, com a redução dos depósitos em poupança, que é o principal funding para o setor, esse ritmo de novas concessões também não deve ser sustentável no longo prazo.

    “No entanto, a expectativa de queda da Selic a partir de 2023 deve trazer de volta novas opções de captação para a categoria, como as LIGs e as securitizações”, destacou.

    Por fim, outras fontes de recursos para o crédito imobiliário, como as LIGs, tiveram crescimento no primeiro semestre deste ano, ao comparar com o mesmo período no ano passado. Elsa apresentaram saldo de R$ 69,4 bilhões em junho, crescimento de 134% na comparação com o mesmo período de 2021. Já a LCI, com saldo de R$ 179,7 bilhões, cresceu 55%.