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    Credit Suisse ganha espaço em gestão de fortunas, mas perde em IPOs

    Para se recuperar, um desafio é a crise do banco lá fora, abalado por prejuízos bilionários

    Altamiro Silva Junior e Matheus Piovesana, do Estadão Conteúdo

    Entre um boom do mercado de capitais brasileiro e outro, o Credit Suisse perdeu espaço nas aberturas de capital (IPOs, na sigla em inglês). Em 2007, o banco suíço liderou quase um terço das 76 operações na então Bovespa; em 2021, com 72 ofertas, apenas duas tiveram a instituição à frente. Na busca para recuperar esse espaço, um desafio é a crise do banco lá fora, abalado por perdas bilionárias.

    Ao mesmo tempo, o grupo se tornou um dos maiores gestores de recursos de endinheirados no Brasil – o chamado “private banking” -, com R$ 90 bilhões em ativos, só atrás de Itaú Unibanco e BTG Pactual.

    Os rumos do banco no Brasil e no mundo serão conhecidos no dia 27: com os resultados do terceiro trimestre de 2022, será revelado um plano de reestruturação – a imprensa internacional especula que pode haver venda de negócios, demissões em todos os mercados e redução das operações de banco de investimento.

    A sinalização é de que parte dos negócios na América Latina pode ser vendida, mas não toda a operação brasileira, uma das mais relevantes para o banco, atrás de EUA, Londres e Cingapura. Com quase mil funcionários, a operação brasileira ainda não recebeu um aviso de Zurique sobre o que deve acontecer, segundo fontes.

    Procurado, o Credit não se pronunciou.

    Novo foco

    No negócio de banco de investimento, o Credit já foi gigante no Brasil, mas concorrentes locais ganharam espaço. O Itaú BBA, por exemplo, passou de seis ofertas de IPOs, em 2007, para 21 em 2021, considerando só operações em que foi líder. O BTG Pactual, que não liderou ofertas no boom pré-crise de 2008 , esteve à frente de 28 em 2021. Neste ano, não houve IPOs na B3, diante da alta dos juros e das incertezas trazidas pela guerra na Ucrânia e pelas eleições.

    A perda de fôlego do negócio no Brasil reflete em parte uma mudança de estratégia mundial. Tidjane Thiam, que comandou o Credit Suisse entre 2015 e 2020, reforçou o foco mundial na gestão de fortunas, enquanto a área de investimentos perdeu espaço. Internacionalmente, ainda é relevante, embora não com o peso que tinha há 15 anos, conta um executivo que trabalhou no banco.

    Segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), com dados de agosto, neste segmento o Credit faz a gestão de R$ 90 bilhões, atrás de Itaú (R$ 134 bilhões) e BTG Pactual (R$ 110 bilhões).

    Operação

    O Credit Suisse é lucrativo no País, com ganho líquido de R$ 580 milhões no primeiro semestre de 2022, mais do que o dobro do mesmo período de 2021. A expansão foi ajudada pelo aumento das operações de crédito (57%) e pelas receitas de prestação de serviço, que saltaram 150%. O banco também está capitalizado, com Índice de Basileia, que mede a folga de capital dos bancos para conceder crédito, de 18,21% – acima do mínimo de 11% exigido pelo Banco Central.

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