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    Copom mantém postura conservadora e não tem pressa para reduzir os juros, dizem especialistas

    BC sinaliza novos cortes de 0,50 ponto percentual para as próximas reuniões

    Amanda Sampaioda CNN

    São Paulo

    O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central  (BC) optou por reduzir a Selic em 0,50 ponto percentual (p.p.) nesta quarta-feira (13), levando a taxa de juros para 11,75% ao ano.

    A decisão não surpreende e vem em linha com o esperado pelo mercado, segundo analistas ouvidos pela CNN. A grande dúvida, porém, estava na sinalização que o Comitê daria para as próximas reuniões — se manteria a expectativa de cortes no mesmo patamar ou até mesmo indicaria uma redução ainda maior, de 0,75 p.p.

    Os especialistas concordam que o tom do comunicado foi mais conservador ao afirmar que os membros do Comitê anteveem “redução de mesma magnitude nas próximas reuniões”, em sinalização de pelo menos mais dois cortes de 0,50 p.p. na taxa básica de juros da economia.

    Caio Megale, economista-chefe da XP, avalia que a autoridade monetária reconheceu a melhora no cenário externo e da inflação. Segundo ele, isso pode ser visto como um tom mais suave em relação ao comunicado anterior, mas talvez mais duro do que a média do mercado esperava.

    “Na nossa visão, foi bem em linha [com o esperado] e sinaliza um Copom convicto de que tem bastante espaço para cortar e que vai cortando ao longo do tempo, mas que não tem pressa, não tem necessidade de fazer mais rapidamente agora”, afirma.

    Para o especialista, novos cortes da mesma magnitude podem resultar em taxas de juros mais baixas no fim do ciclo de cortes.

    Marco Caruso, economista-chefe do PicPay, exemplifica o conservadorismo da autoridade monetária ao comparar os dois últimos comunicados.

    “Ele [Copom] muda muito pouco o texto de um comunicado para o outro. As grandes mudanças são muito mais na parte externa, mostrando que existe uma melhora na queda de núcleo de inflação. Mas até nesse reconhecimento de que está melhor lá fora ele é conservador”, avalia.

    Para o especialista, o Comitê também reconheceu a melhora da inflação no cenário doméstico, mas com certa “timidez”, uma vez que não abriu espaço para uma eventual aceleração no ritmo de cortes.

    “Em comparação com o que está precificado na curva [de juros], é uma comunicação bastante neutra. Mas comparando a qualificação do texto com o que parte do mercado enxergava e com a melhora da inflação corrente lá fora e aqui, o tom é mais conservador do que eu imaginaria”, conclui.

    O analista da Empiricus Research, Matheus Spiess, diz que o Copom deve manter o ritmo de cortes pelo menos nas duas próximas reuniões, marcadas para janeiro e março de 2024.

    “Vamos para 11,25% na primeira reunião e na segunda a gente deve ir para 10,75%. Não acho uma solução ruim, entendo que deva ser até mais saudável um processo de flexibilização monetária mais sereno, do que grandes solavancos”, afirma.

    O especialista destaca que esse direcionamento tem desdobramentos positivos para ativos de risco e pode sinalizar a conversão para uma taxa de juros com apenas um dígito no fim de 2024. A Empiricus projeta de que o próximo ano termine com a Selic em 9,50%.

    Para Vinicius Moura, economista e sócio da Matriz Capital, o tom do comunicado deve impactar positivamente o Ibovespa nesta quinta-feira (14).

    “Nesse cenário, se mantida essa questão da redução da taxa de juros no plural, as empresas mais alavancadas devem se beneficiar um pouco mais com uma redução das suas dívidas”, avalia.

    O especialista também chamou a atenção para os reflexos da inflação global no cenário brasileiro, e como o alívio lá fora pode reverberar nos cortes domésticos.

    “O que a gente precisa na realidade, no momento atual, é uma redução de inflação lá fora para que a gente consiga fazer uma redução de taxa de juros mais consistente e em ritmo mais forte no Brasil”, acrescentou.

    Veja também: Banco Central reduz taxa de juros para 11,75% ao ano