Conseguimos atenuar o choque do petróleo que veio de fora, diz Guedes
Segundo o ministro da Economia, se houver uma escalada na guerra, o governo pode pensar em política de subsídios
O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse, na noite desta quinta-feira (10), que os projetos aprovados hoje no Senado conseguiram atenuar o impacto da alta do Petróleo.
“Houve uma guerra lá fora que nos atingiu e conseguimos atenuar em dois terços do impacto. O consumidor brasileiro sofre apenas um terço desse impacto que vem de fora”, disse, ao lado do ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque.
Guedes afirmou que os custos vindos do exterior precisam ser compartilhados. “Nós temos que compartilhar esses custos, ao invés de passar todos eles para o consumidor”. Além disso, o ministro falou sobre a arrecadação por parte dos governos estaduais e como ela pode ser utilizada para conter a alta dos preços.
“Os governos estaduais tiveram um aumento de arrecadação de R$ 150 bilhões. Podemos pegar 10% desse montante e devolver para a população, atenuando os impactos do diesel”.
Questionado sobre os repasses na gasolina, o ministro disse que a prioridade é o diesel. “O que foi aprovado até agora é atenuar o impacto do diesel. O Brasil gira em torno dele: transporte, remédio”, afirmou.
Já Bento Albuquerque completou dizendo que “as medidas serão adotadas conforme a necessidade”. Além disso, segundo ele, o Brasil é “um dos poucos produtores de petróleo que aumentou a produção em 16% e aumentou a produção de gás em 22%, fazendo com que observássemos um aumento na arrecadação”.
O ministro da Economia avaliou que uma política de subsídios deverá ser pensada em caso de uma escalada do conflito no Leste Europeu. Segundo Guedes, se o conflito se encerrar em “até 60 dias, a crise estaria, de certa maneira, endereçada. Agora, se ocorrer uma escalada, pensamos em subsídios”, afirmou.
Ambos os ministros reiteraram que o mundo todo passa por uma alta da inflação e dos preços das commodities. “Nós estamos tentando fazer o melhor possível e estamos lidando com situações difíceis”, disse Guedes.
O ministro da economia negou que uma mudança na política de preços da Petrobras tenha sido discutida na reunião que teve nesta tarde e lembrou que a política praticada pela estatal “é uma lei”, sendo uma questão interna da estatal.
Veja mais no vídeo acima.
- 1 de 9O petróleo é considerado uma commodity. O termo se refere a recursos finitos que têm origem na natureza e são comercializados. No caso, o petróleo é usado principalmente como combustível, mas também dá origem a materiais como o plástico Crédito: REUTERS/Vasily Fedosenko
- 2 de 9O petróleo pode ser de vários tipos, dependendo principalmente do seu grau de impureza. Os dois principais, Brent e WTI, são leves (pouco impuros), e a diferença se dá pelo local de negociação: bolsa de Nova York no caso do Brent e bolsa de Londres no caso do WTI Crédito: Instagram/ Reprodução
- 3 de 9Os preços do petróleo seguem uma cotação internacional, e flutuam pela oferta e demanda. No Brasil, o preço de referência adotado pela Petrobras - maior produtora no país - é do Brent, seguindo a cotação internacional, em dólar Crédito: REUTERS
- 4 de 9Quando se fala da comercialização de petróleo, um fator importante é a Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo). Com 13 membros, ela é responsável por quase 50% da produção mundial de petróleo, e portanto consegue regular a oferta - e preços - pelos fluxos de produção Crédito: Reuters/Dado Ruvic
- 5 de 9A partir de 2020, os preços do petróleo foram afetados pela pandemia e pela guerra na Ucrânia. A Opep+ (que inclui países aliados do grupo, como a Rússia) decidiu cortar a produção temporariamente devido à baixa demanda com lockdowns, e os preços caíram. A média em 2020 foi US$ 40, distante da de anos anteriores, entre US$ 60 e US$ 70 Crédito: REUTERS
- 6 de 9Em 2021, porém, o cenário mudou, com o avanço da vacinação, os países reabriram rapidamente, e a demanda por commodities decolou, incluindo pelo petróleo. A Opep+, porém, decidiu manter os níveis de produção de 2020, e a oferta baixa fez os preços saltaram, ultrapassando US$ 80 Crédito: REUTERS/Nick Oxford
- 7 de 9Já em 2022, a situação piorou. A guerra na Ucrânia, e as sanções ocidentais a um dos maiores produtores mundiais da commodity, a Rússia, fizeram os preços dispararem, ultrapassando os US$ 120. Atualmente, o barril varia entre US$ 100 e US$ 115 Crédito: 03/06/2022REUTERS/Angus Mordant
- 8 de 9A alta dos preços do petróleo, porém, trouxe consequências negativas para o Brasil. Como a Petrobras segue a cotação internacional e o dólar está valorizado ante o real, ela subiu o preço nas refinarias, o que levou a uma elevação da gasolina e outros combustíveis. Até o momento, o preço da gasolina já subiu 70% Crédito: REUTERS/Max Rossi
- 9 de 9A alta do petróleo não afetou só o Brasil. Países dependentes da commodity, como EUA, Índia e Reino Unido, também viram os preços dos combustíveis subirem, e têm tentado pressionar a Opep+ a retomar os níveis de produção pré-pandemia, o que tem ocorrido lentamente enquanto a organização aproveita para se recuperar das perdas em 2020 Crédito: Reuters