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    Com juros indo para 10%, CDBs de mais de 130% do CDI já sumiram do mercado

    Remunerações médias oferecidas hoje estão em 118% do CDI, mas, com juros básicos subindo, ainda assim os ganhos estão maiores

    Juliana Eliasdo CNN Brasil Business

    Com a subida rápida da Selic, a taxa de juros básica da economia brasileira, as remunerações dos títulos de renda fixa dos bancos que são atreladas a ela, os pós-fixados, já foram completamente reformuladas.

    Até o começo deste ano, quando a Selic estava em apenas 2%, não era difícil encontrar CDBs pagando 140% ou mais do CDI, taxa de juros bancários que anda colada à Selic. Hoje, com a Selic e o CDI a 7,75%, essas opções já praticamente desapareceram das prateleiras de investimentos das corretoras.

    “Os juros subiram, mas os spreads não estão pagando tanto assim, eles caíram muito rápido. Os CDBs de bancos médios estão oferecendo remunerações próximas de 114% do CDI”, diz o sócio da gestora de patrimônios Portofino Multi Family Office, “Não é um nível de retorno superentusiasmante; para uma Selic a 11% ou 12% poderia fazer sentido.”

    Os spreads, nesse caso, são a diferença oferecida pelo banco sobre o valor do CDI na remuneração de seu CDB, ou seja, o quanto mais que 100% do CDI ele oferece em juros.

    “Até dá para encontrar alguns títulos pagando mais, mas em geral são de bancos em situação mais delicada e com maior risco de crédito; vai da disposição do investidor”, diz Eduardo Perez, analista de investimentos da corretora Nu Invest, antiga Easynvest. “No geral, as remunerações máximas estão entre 120% e 125% do CDI.”

    Selic rumo a 11%

    Até pouco tempo atrás, os economistas acreditavam que a Selic continuaria subindo dos atuais 7,75% para próximo dos 8,5% ou 9,5% até o começo do ano.

    Com o aumento do dólar e do risco nas contas públicas visto nas últimas semanas, porém, os cálculos já elevaram essa expectativa para 10% ou até 11% nos próximos meses.

    E, quanto mais a expectativa futura de juros sobe, mais os bancos vão reduzir a remuneração em relação a eles.

    A conta é simples: 140% de um juro de 2% ao ano parece muito, mas não é, já que é aplicado sobre uma base muito pequena. Significa uma remuneração final de 2,8%. É um aumento de 0,8 ponto nos juros de base.

    Já 114% com os juros, agora, a 7,75%, passam a ser 8,82% – acréscimo de 1,07 ponto sobre a taxa básica. Se a Selic chegar aos 10%, os mesmos 114% do CDI já estará remunerando o equivalente a 11,4%, ou 1,4 ponto mais.

    Ou seja, os bancos precisam fazer menos esforço para que os investidores ganhem mais – esse papel já está sendo cumprindo pela própria Selic mais alta.

    “Com a Selic perto dos 2%, a renda fixa tinha perdido fortemente a atratividade, e o que se viu foram os bancos elevando os spreads, como uma maneira de manter a base de clientes”, diz Bernardo Pascowitch, fundador do Yubb, buscador e comparador de investimentos. “Agora que a taxa está mais alta, eles não precisam mais se valer disso.”

    Um levantamento feito pelo Yubb a pedido do CNN Brasil Business mostrou que, há um ano, com a Selic a 2%, a remuneração média dos CDBs estava em 124,3% do CDI. Hoje isso já caiu para 118,4%.

    Os investimentos vendidos pelos bancos são uma das principais formas que eles têm para captar dinheiro.

    É o dinheiro que eles pegam emprestado dos investidores que usarão, depois, para emprestar para os clientes, a taxas mais altas. É dessa diferença entre os juros pagos e os cobrados que vem o lucro deles, e é por isso que Selic mais baixa ajuda também a baixar os juros do crédito no país também.

    Ainda assim, melhor opção

    Mesmo com os spreads dos CDBs sendo espremidos rapidamente, os especialistas não hesitam em recomendar os títulos pós-fixados como a melhor opção para investir dentro da renda fixa agora.

    “Agora, realmente, os pós-fixados estão valendo mais a pena que os pré”, diz Perez, da Nu Invest. “O pessoal da renda fixa ficou mal-acostumado e, quando fala em 108% do CDI, acha ruim; mas tem que olhar o futuro. A Selic ainda vai subir muito.”

    O dilema, para alguns, pode ser encontrar CDBs prefixados que hoje ofereçam juros fixos de 11% ou 12% ao ano, e achar que compensam mais do que um pós com a margem pequena sobre o CDI.

    Mas, como tanto a Selic quanto a inflação ainda podem subir, a taxa prefixada pode acabar espremida e perder a vantagem.

    “A Selic deve ir a dois dígitos e, em um cenário de Selic subindo, os pós-fixados são a melhor opção, porque a rentabilidade deles sobe junto com ela”, diz Pascowitch, da Yubb. “O melhor cenário para comprar prefixado é quando os juros estão caindo”.