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    Com império da Evergrande ameaçado, CEO envia carta aos funcionários; leia

    CEO da Evergrande pede para que "funcionários se unam" para que empresa "saia do período sombrio" com dívida de mais de US$ 300 bilhões

    Prédio da China Evergrande em Hong Kong
    Prédio da China Evergrande em Hong Kong 26/03/2018REUTERS/Bobby Yip

    Tamires Vitoriodo CNN Brasil Business*

    em São Paulo

    A gigante imobiliária chinesa Evergrande está à beira do colapso. A dívida da companhia, de mais de US$ 300 bilhões (equivalente à toda reserva em moeda estrangeira detida pelo Brasil), deixa o mercado com medo de um possível calote, já que a empresa não tem caixa suficiente para pagar seus credores.

    Para motivar seus mais de 125 mil funcionários, na manhã desta terça-feira (21), o CEO da Evergrande, Hui Ka Yuan, enviou uma carta agradecendo seus colaboradores e pedindo para que eles se unam para “sair do período sombrio” que estão enfrentando. Na carta, Yuan também afirmou que a Evergrande cumprirá suas responsabilidades em relação aos compradores de propriedades, investidores, parceiros e instituições financeiras.

    “Acredito firmemente que, com seu esforço concentrado e trabalho árduo, a Evergrande sairá de seu momento mais sombrio e retomará as construções em grande escala o mais rápido possível”, disse Yuan, sem explicar como a empresa poderia atingir esses objetivos.

    A carta foi obtida pelo site norte-americano Business Insider e teve a sua autenticidade confirmada pela Reuters por um porta-voz da companhia. (Confira a carta completa ao final do texto)

    A situação da Evergrande é complicada — e não só para a própria empresa e seus clientes. Trata-se da maior imobiliária privada num país com mais de 1 bilhão de pessoas e com a segunda maior economia do mundo. Qualquer tropeço que influencie a China tem potencial de respingar no resto do mundo.

    Os investidores seguem cautelosos. As ações da chinesa caíram 7% nesta terça-feira após recuarem para mínimas de 11 anos na véspera, com perdas de 10,2%. O evento também provoca perdas nas principais bolsas de valores do mundo, inclusive na brasileira, que chegou a cair mais de 3% na segunda-feira, reagindo à aversão ao risco externo.

    O governo chinês ainda não comentou sobre a crise da Evergrande, mas a expectativa de grande parte do mercado é que haja algum tipo de ajuda.

    Um grande teste para Evergrande acontece nesta semana, com a empresa tendo de pagar U$ 83,5 milhões em juros relativos ao seu título de março de 2022 na quinta-feira (23). A companhia também tem outro pagamento de US$ 47,5 milhões com vencimento em 29 de setembro para as notas de março de 2024.

    Leia a carta do CEO da Evergrande na íntegra

    “Caros chefes de departamento e colegas,

    Envio-lhes os meus mais sinceros votos de sucesso por ocasião do Festival de Meados de Outono. Que o senhor e as suas famílias tenham umas férias felizes, e se mantenham seguros e saudáveis. Os meus sinceros cumprimentos a todos os nossos empregados que ainda lutam na linha da frente pela nossa reabertura e retomada da produção!

    Neste momento, a nossa empresa deparou-se com uma dificuldade sem precedentes e gigantesca. Como um todo, o nosso pessoal também experimentou um desafio como nenhum outro. Os nossos líderes superaram todas as dificuldades, sendo corajosos, defendendo seus times, e trabalhando noite e dia.

    São eles os pilares que protegem e asseguram a estabilidade da nossa empresa. Aqui, estendo a minha mais profunda gratidão a todos vocês. Agradeço também às suas famílias, que lhes apoiaram e fizeram sacrifícios silenciosos —  eles têm o meu maior respeito.

    Sempre tive orgulho no pessoal leal e imensamente trabalhador da nossa empresa, que persevera independentemente de ganhos ou perdas. Acredito firmemente que os empregados da Evergrande nunca cedem, nunca são derrotados, e apenas crescem mais fortes na adversidade. Esta é a maior fonte de poder que temos para superar todas as dificuldades e ganhar esta guerra.

    Acredito ainda que através do trabalho coletivo de nossa liderança e de todos os nossos funcionários — se continuarmos a lutar, e perseverarmos através desta luta — sairemos em breve desse período sombrio.

    Se o fizermos, conseguiremos chegar a uma reabertura completa e cumprir a nossa promessa de garantir que as propriedades cheguem às mãos dos nossos compradores. Também seremos capazes de prestar contas aos compradores de imóveis, investidores, nossos colaboradores e instituições financeiras, com uma resposta sólida — a de que somos responsáveis, e que podemos arcar com este fardo.

    Se estivermos unidos, podemos mover montanhas! Meus colegas, vamos nos unir e demonstrar coragem perante uma centena de adversidades, com um espirito bastante sólido. Vamos cumprir a nossa responsabilidade com toda a nossa força, e vamos construir, juntos, um futuro melhor.”

    *Com Reuters