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    Com captações bilionárias, empresas de saneamento terão altas de investimento nos próximos anos

    Aegea e Iguá, duas das principais companhias privadas do setor, levantaram quase R$ 10 bilhões em emissões de debêntures neste ano para arcar com aportes que deverão fazer nas concessões que venceram

    Investimentos em água e esgotos aumentaram no país depois do marco legal do saneamento
    Investimentos em água e esgotos aumentaram no país depois do marco legal do saneamento Unsplash/Ivan Bandura

    Juliana Eliasda CNN

    São Paulo

    Depois de levantarem quase R$ 10 bilhões com a emissão de debentures nos últimos meses, a Aegea e a Iguá, duas das maiores empresas privadas de saneamento do país, dão uma ideia de quanto dinheiro há para entrar em investimentos no setor nos próximos anos após a aprovação do novo marco do saneamento, em 2020.

    “Não há na história registro de captações nesse montante [no setor]”, diz o economista Claudio Frischtak, sócio da consultoria de negócios Inter.B, especializado em infraestrutura.

    “Pense nas privatizações e concessões que foram feitas, como a da Cedae, e o programa pesado de investimentos que elas exigem e que essas empresas terão que fazer. Elas precisam, agora, financiar isso.”

    Em junho, a Aegea fez duas emissões de debêntures que, somadas, levantaram R$ 5,5 bilhões.

    No mesmo mês, a Iguá captou R$ 3,8 bilhões também por meio de uma emissão de debêntures, que são títulos da dívida das empresas vendidos no mercado para investidores.

    Foi, no caso da Iguá, a maior emissão incentivada da história do setor de infraestrutura no país, de acordo com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômicos (BNDES), um dos investidores.

    Juntos, os valores somam R$ 9,3 bilhões, o que é só um pedaço de uma série de outras fontes de captação de recursos que também já foram fechados ou estão em negociação pelas duas empresas junto a instituições como o BNDES e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

    A intenção é levantar capital para dar conta dos investimentos vultuosos que elas terão que fazer depois de arrematarem algumas das principais concessões feitas no setor de água e esgoto nos últimos anos.

    Dona de dezenas de concessões de água e esgoto pelo país, a Aegea protagonizou alguns desses primeiros e maiores leilões feitos após o marco de saneamento.

    Foi o consórcio dela que arrematou a Corsan, a Companhia Riograndense de Saneamento, privatizada pelo estado no fim de 2022, e também dois dos quatro blocos da Cedae, a companhia de saneamento do Rio de Janeiro concedida à iniciativa privada em 2021, no maior leilão de infraestrutura já feito no país.

    A Iguá levou o outro bloco da Cedae. É uma área da capital e outras cidades do Rio de Janeiro onde estão cerca de 1,2 milhão de pessoas, sendo que 30% delas estão em locais que não têm tratamento de esgoto adequado, de acordo com o BNDES, um dos parceiros na elaboração dos leilões.

    O contrato prevê a universalização dos serviços de saneamento para essa população até 2033.

    Aprovado em 2020, o marco legal do saneamento passou a exigir das companhias de saneamento do país, em grande maioria ainda estaduais ou municipais, a elaboração de planos de investimentos e a comprovação de que serão capazes de executá-los para universalizar os serviços de água e esgoto do país até 2033.

    O texto também incentiva as concessões, privatizações e parcerias público-privadas como maneira de acelerar esses investimentos que a maior parte das estatais não tem sido capaz de fazer.

    Desde o marco legal, já foram realizados 28 leilões desses tipo em 17 estados, de acordo com a Abcon-Sindcon, associação nacional das empresas privadas de saneamento.

    Juntos, esses contratos exigem R$ 98 bilhões em investimentos das concessionárias privadas vencedoras nos próximos anos.

    De acordo com números da InterB, os investimentos no setor também já aumentaram consideravelmente desde então. Eles saíram de uma média anual de R$ 18 bilhões entre 2019 e 2022 para R$ 24,4 bilhões em 2023, considerada a expectativa para o ano.

    Projeções da Abcon Sincon, em pareceria à consultoria KPMG, estimam que o Brasil precisa investir R$ 893 bilhões até 2033 na ampliação de suas redes para universalizar os serviços básicos de água e esgoto.