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    CNN Soft Business: fusões e aquisições vivem auge; Mappin e Mesbla estão de cara nova

    Levantamento ainda mostra que 30% das fusões e aquisições no Brasil em 2021 envolvem startups

    Do CNN Brasil Business

    em São Paulo

    As fusões e aquisições ocorridas em 2021 no Brasil movimentaram US$ 66 bilhões — cerca de R$ 340 bilhões –, segundo dados da Bain & Company. Ao todo, foram 1963 delas, um recorde.

    Para referência, em 2016 esse número era de 740 empresas.

    O levantamento mostra que as fusões e aquisições ganharam força no país nos últimos anos, consolidando-se como uma verdadeira tendência corporativa.

    Segundo a consultoria global, duas razões justificam o estímulo desse tipo de negócio. A primeira diz respeito ao recorde de 45 empresas abrindo capital na Bolsa de Valores brasileira. Com o superávit de receita que o IPO traz, 61% delas realizaram aquisições logo após a abertura.

    A segunda foi a desvalorização do real ante o dólar americano. Isso torna os preços mais baratos para investidores estrangeiros, que aproveitam o momento para vir às compras no Brasil.

    Para a Daniel Damiani, sócio da empresa JK Capital, esse número deve continuar crescendo. O especialista não vê nenhum grande risco para as fusões e aquisições no Brasil, ainda que o país esteja passando por um cenário político e econômico turbulento.

    Para Damiani, grande parte das operações feitas nos últimos 18 meses – que devem continuar acontecendo neste e no próximo ano – derivam, em grande parte, de caixa que já está na empresa pensado especificamente para esses processos. “Além disso, quem faz esse tipo de negócio é investidor de longo prazo, muito diferente do investidor da bolsa, que é mais sensível a mudanças como taxa de juros e inflação”, esclarece.

    “Quanto às eleições, sabemos que é o momento é turbulento desde sempre no Brasil, e o investidor de fusões e aquisições está acostumado com isso. Geralmente, quem faz esse tipo de operação observa um horizonte de 5 a 15 anos”, complementa.

    Startups

    Dentre as fusões e aquisições que acontecem no país em 2021, 30% envolveram startups. Apesar disso, elas representam 5% do valor movimentado nesses negócios.

    Em outras palavras, os negócios que envolvem essas empresas de tecnologia custam muito menos do que fusões e aquisições tradicionais.

    É diferente, por exemplo, da aquisição do Grupo BIG pelo Carrefour, um negócio do setor varejista que, sozinho, foi fechado em R$ 7,5 bilhões.

    Ou da fusão das operadoras de plano de saúde Hapvida e Notredame Intermédica, que recentemente criou uma empresa com valor de mercado de mais de R$ 80 bilhões.

    Empresas pensam no longo prazo

    Segundo um estudo da plataforma de inovação Distrito, o Magazine Luíza é o maior adquirente de startups da América Latina. Esse fato reforça os planos da empresa de se tornar uma espécie de “super aplicativo”, nos moldes das gigantes chinesas do comércio digital.

    Em entrevista ao CNN Soft Business, a diretora-executiva de cliente e integração do Magalu, Graciela Kumruian, explica que “ninguém troca de geladeira todo mês. E o Magalu era muito forte em bens duráveis e eletroeletrônicos. Hoje, a partir da aquisição de outras empresas, há uma diversificação de serviços e produtos que se complementam em nosso ecossistema”.

    As empresas KaBuM!, e-commerce líder no mercado gamer, e Netshoes, loja de artigos esportivos online, são apenas alguns dos exemplos da busca do Magalu por diversificação da cartela de seus produtos.

    Outras estratégias, como a de melhorar os processos internos da empresa, podem ser notadas com a aquisição de startups que oferecem soluções financeiras digitais, como as fintechs Hub e Bit55, além de empresas de logística, que trouxeram redução no prazo de entrega aos consumidores.

    “Às vezes, parece que uma aquisição é muito diferente da outra. Mas quando a gente junta as peças no ecossistema, faz todo o sentido. Com isso, contando todas as plataformas, o Magalu tem hoje 37 milhões de consumidores e mais de 180 mil lojistas conectados”, explica Kumruian.

    O Magazine Luíza não foi o único a adotar a estratégia de expandir os negócios com operações de fusões e aquisições de outras empresas.

    A Via, que é dona das marcas Casas Bahia, Ponto (ex-Ponto Frio) e do e-commerce extra.com.br, também embarcou neste movimento: nos últimos dois anos, a Via fez aquisição de cinco empresas.

    A Americanas, dona das marcas americanas.com, Submarino, Shoptime e Sou Barato, investiu em dez aquisições desde 2020.

    O valor dos negócios não costuma ser divulgado, mas uma prática comum — pelo menos no caso de Magalu, Via e Americanas — é fazer aquisições com trocas de ações.

    Como as três empresas estão na Bolsa de Valores, as varejistas, em teoria, não precisam tirar dinheiro do caixa para realizar as compras. Elas apenas oferecem uma larga fatia de ações aos fundadores das startups, que acabam se tornando grandes sócios dessas empresas maiores.

    O problema, pelo menos no caso do Magalu, é que suas ações, considerando um período de 12 meses (de julho de 2021 a julho de 2022), caíram 86%. Ou seja, as startups compradas por determinado valor no passado viram seus investimentos como sócios diminuírem no último ano.

    Para a diretora, contudo, os acionistas da varejista de tecnologia devem observar um horizonte mais longo para os investimentos.

    “A estratégia do Magalu é de longo prazo. Quando eu falo de um ecossistema diversificado, com essa amplitude e variedade, eu estou falando de uma empresa sólida e consistente, que completa 65 anos de vida em 2022 e com estratégias de longo prazo”, finaliza.

    Além de explorar as fusões e aquisições de empresas no Brasil, o programa CNN Soft Business deste domingo (24), também falará sobre o retorno de duas marcas famosas do varejo e que estavam sumidas do mapa há duas décadas. Após fecharem suas portas físicas, Mappin e Mesbla estão de volta no digital.

    O programa vai ao ar todos os domingos, às 23h15. Você pode conferir pela TV e também pelo YouTube.