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    Caso crise se estenda, gasto público pode subir para 7% do PIB, diz Campos Neto

    Se houver um consenso internacional de aumento do gasto público, o BC não precisará atuar com medidas monetárias - como elevação do juros

    Roberto Campos Neto afirmou em evento virtual do Credit Suisse que é preciso manter foco em liquidez e capital 
    Roberto Campos Neto afirmou em evento virtual do Credit Suisse que é preciso manter foco em liquidez e capital  Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

    Anna Russi, da CNN Brasil, em Brasília

    O presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto, afirmou que, caso a crise da pandemia de coronavírus se estenda, o estímulo fiscal do Brasil, bem como de outros países, poderá convergir para um patamar de 6% a 7% do Produto Interno Bruto (PIB) – ante os 5,5% previsto pelo ministério da Economia até a semana passada. A fala foi proferida durante um evento virtual promovido pelo banco Credit Suisse, na manhã desta quarta-feira (08).

    De acordo com Campos Neto, a política monetária e a política fiscal são complementares. Assim, segundo ele, se houver um consenso internacional de aumento do gasto público, o BC não precisará atuar com medidas monetárias, como elevação do juros, para compensar essa despesa extra.  

    Campo Neto também destacou que apesar de a liquidez injetada pelo BC até o momento ser suficiente, haverá mais ações, caso necessário. Em simulações setoriais de estresse com a crise, por exemplo, o setor de serviços foi o que mais mostrou dificuldades de se manter, principalmente no lado de pequenas e médias empresas, por isso da forte atuação em liquidez. “Começamos a olhar com muito mais cuidado liquidez e capital, oque nos levou a fazer uma liberação um pouco maior de compulsório”, explicou. 

    Na avaliação dele, o foco em liquidez e capital são mais importantes que o na Selic neste momento. Mesmo com juros baixos, se as instituições financeiras não tiveram recursos disponíveis, elas não disponibilizarão créditos para empréstimos. “É visível que crédito na ponta está subindo, o que tem pouco a ver com Selic. Todos os Bancos Centrais já se convenceram de que o dinheiro tem de chegar na ponta”, disse. 

    Câmbio 

    Campos Neto garantiu que o BC poderá, se necessário, atuar com mais força no câmbio. “Temos atuado e estamos preparados para fazer, a qualquer momento, uma coisa maior no câmbio, se for necessário”, garantiu. 

    Ele explicou que a desvalorização do real foi maior nos últimos tempos, por motivos como over hedge, mas que as reservas internacionais são grandes e a autoridade está preparada para vender reservas, se necessário.

    Compra direta 

    Em relação à compra direta no mercado financeiro secundário, o presidente do BC afirmou que se reunirá, por videoconferência, na próxima quinta-feira (9) com senadores para tratar da Proposta de Emenda Constitucional (PEC). “Essa compra direta ampliará capacidade de atuação do Banco Central”,observou. 

    De acordo com ele, embora parte do mercado tenha exigido por programas mais agressivos, a avaliação do BC é de que o mais importante é dar liquidez sem orientar a trajetória. 

    Reformas e recuperação 

    Na visão de Campos Neto, o Congresso tem disposição para reformas e o diálogo com as duas Casas legislativas tem sido bom. “Na disposição para as reformas, passada a crise do vírus, estará o formato da nossa recuperação. Agora, ficam dúvidas na agenda de reformas, mas voltaremos a elas depois da emergência”, afirmou.

    Embora tenha feito um apelo para que a crise possa ser transformada em oportunidade de avançar com as reformas estruturais defendidas pelo governo, ele reconheceu que a prioridade do atual momento atual é lidar com as medidas emergenciais.

    “Acho que o Congresso tem ajudado nisso e o governo também tem focado nas medidas”, disse. Ele também acredita que, entre as medidas emergenciais, dispositivos permanentes de melhora (econômica) podem ser implementados, de forma a fortalecer a atividade brasileira pós a crise.  

    Para ele, a crise vai levar a uma nova dinâmica dos bancos e seu capital na economia. “Não tem como apertar mais capital, acho que isso é coisa que vai mudar. Vai gerar entendimento diferente do papel dos bancos, tudo está sendo feito para voltar a caminhar”, analisou. Ele garantiu ainda, que, com foco nas reformas, o Brasil poderá sair (da crise) mais forte.