Cartão de crédito: entenda como são calculados os juros, que chegam a 455% ao ano
Valor da dívida pode quintuplicar em um ano, diz especialista
Os juros cobrados pelos bancos no rotativo do cartão de crédito subiram para 455,1% em maio, contra 447,7% em abril, segundo dados do Banco Central (BC).
Esta é a maior taxa em mais de seis anos, desde março de 2017, quando atingiu 490% ao ano.
Os juros do cartão de crédito são os mais caros do mercado financeiro. Em geral, ele é utilizado pelos usuários que não conseguem pagar a fatura por completo e optam por fazer o pagamento mínimo, o que gera juros sobre juros.
A taxa de 455,1% ao ano representa juros de 15,18% ao mês.
Entenda o cálculo
O especialista em finanças e investimentos, Hulisses Dias, explica que, para calcular os juros do cartão de crédito, basta subtrair o valor que você pode pagar no mês do valor total da fatura.
“Por exemplo, se a fatura deu R$ 1.000 e você só pode pagar R$ 400, os juros serão devidos sobre o saldo que vai ficar em aberto”, afirma.
No exemplo acima, os juros vão incidir sobre o saldo devedor restante, de R$ 600.
“Se os juros são de 10% ao mês, por exemplo, o juro de R$ 60 será acrescentado aos R$ 600 que ficaram em aberto. Com isso, o saldo devedor total será de R$ 660”, explica.
Se considerarmos a taxa de 15,18%, uma dívida de R$ 600 se transformaria em R$ 691,08 em apenas um mês.
No entanto, Hulisses explica que o crédito rotativo só pode ser acionado uma vez por cada cliente.
“Isso significa que, após 30 dias no crédito rotativo, se o pagamento total não for feito, o saldo devedor será parcelado automaticamente”, afirma.
Segundo o educador, a regra foi alterada para evitar que os juros do rotativo se acumulem a cada nova fatura e que a dívida se multiplique em um curto espaço de tempo.
Por isso, a partir da segunda parcela, passariam a valer os juros de parcelamento, que variam de acordo com cada banco.
A média de juros anual para parcelamento de faturas de cartão de crédito em maio, divulgada pelo Banco Central (BC), foi de 194,3%.
“Por isso, a possibilidade de uma dívida passar a valer quase cinco vezes mais em um ano existe”, afirma Hulisses.
O educador financeiro também destaca que as condições de parcelamento oferecidas para os clientes sempre devem ser melhores do que as condições do crédito rotativo.
“Essa medida também beneficia os clientes, já que eles passam a ter acesso a juros menores para pagarem as dívidas em aberto”, afirma.
Outra exigência do BC é que o emissor do cartão informe ao cliente todas as taxas que serão cobradas nas principais modalidades de pagamento do cartão, como o crédito rotativo e parcelamento.
Taxa Selic
Hulisses explica que, por se tratar da taxa básica de juros da economia brasileira, a Selic tem influência em todas as outras taxas.
“De maneira bem simples, um aumento da Selic gera um aumento das taxas do cartão de crédito”, afirma.
No entanto, o educador lembra que essa relação não é direta, uma vez que as taxas de cada banco variam conforme a estratégia comercial da instituição.
Desenrola Brasil
O programa de renegociação de dívidas prevê, nesta primeira etapa, que bancos retirem da lista de negativados os nomes de devedores pessoa física com pendências de até R$ 100.
Poderão ter o nome tirado da lista de negativados aqueles que tiverem contas nos bancos que aderirem ao Desenrola.
Bancos como Bradesco, Itaú, Santander, Banco do Brasil e Caixa confirmaram a participação no programa.
Com informações de Dimalice Nunes e Letícia Naome, da CNN.