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    Campos Neto: programa para financiamento de folha salarial será ampliado

    Decisão ocorre por falta de adesão e resultados bem abaixo do esperado, mas presidente do BC defende programa por boa capacidade de controle

    O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, apresenta medidas de combate aos efeitos da COVID-19
    O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, apresenta medidas de combate aos efeitos da COVID-19 Foto: Raphael Ribeiro - 23.mar.2020/BCB

    Anna Russi, do CNN Brasil Business, em Brasília

    O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, adiantou que por ter tido um impacto menor do que o esperado, o programa emergencial de crédito para pagamento de folha salarial será ampliado. Para ele, apesar do menor resultado, o programa tem uma boa capacidade de controle.

    “Permite ver o tipo de empresa, de funcionário, em que áreas. Tem um volume de informação que nos ajuda a guiar a empresa nessa crise. A gente vai ter modificações em breve no programa, que vai fazer com que aumente o volume liberado”, disse. 

    Ele participou, nesta segunda-feira (1º), de audiência pública virtual da Comissão Mista do Congresso para acompanhamento das medidas econômicas de combate aos impactos da pandemia da Covid-19. 

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    Ao longo da conversa, o presidente do BC também apresentou mudanças defendidas pela autoridade monetária no programa emergencial de manutenção de empregos. Entre as alterações da Medida Provisória 944, que cria linhas de crédito para pagamento da folha para micro e pequenas empresas, está a extensão do programa por mais dois meses.

    O BC também quer a inclusão de empresas com faturamento bruto anual em 2019 entre R$ 10 milhões e R$ 50 milhões como elegíveis para o financiamento. No texto atual, o empréstimo se limita a empresas com faturamento de R$ 360 mil até R$ 10 milhões. 

    Segundo a apresentação de Campos Neto, deve haver ainda concessão de financiamento para empresas que preservarem pelo menos 50% dos postos de trabalho. Na proposta atual é necessário que 100% das vagas fossem mantidas. 

    O objetivo é que, com as alterações, os efeitos do programa sejam melhores. Até a semana passada, dos R$ 40 bilhões previsto, apenas R$ 2 bilhões foram repassados em financiamentos. A estimativa é de que, com as medidas adicionais, o programa tenha um impacto de R$ 10 bilhões a mais, atingindo o montante total de R$ 15,5 bilhões. 

    Medo segue em 2021

    Na visão de Campos Neto, mesmo após o fim do isolamento social, o “fator medo”, que reduz o fluxo de pessoas, vai permanecer até meados de 2021. A consequência disso será uma retomada mais lenta da economia. 

    “Vemos que, em grande parte dos lugares, não conseguimos chegar ao padrão de 2019 de circulação de pessoas. Isso porque o fator medo faz com que, mesmo depois do isolamento, o fluxo de pessoas não volte. Como efeito, parte dos serviços, como diversão, prazer e turismo terá uma volta mais lenta”, observou.

    PIB e inflação 

    O presidente do BC admitiu que o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre poderá ser “bem pior” que a queda de 1,5% de janeiro a março, uma vez que esse recuo refletiu apenas os efeitos iniciais da pandemia na atividade econômica.

    No entanto, na avaliação dele, apesar da piora continua nas expectativas do mercado financeiro para o desempenho da economia neste ano, sinalizada semanalmente no Boletim Focus, o terceiro trimestre já pode trazer uma recuperação do PIB.

    “Teve uma piora da expectativa dos agentes por entenderem que o distanciamento será mais longo e impactará os setores, mas já esperamos uma recuperação do PIB, a partir do terceiro trimestre”, ponderou. 

    Ainda de acordo com o presidente do BC, não há planos de mudanças na meta de inflação. Questionado por uma parlamentar sobre a possibilidade de uma meta menor que a atual, ele lembrou que o desvio neste ano foi uma consequência da pandemia. 

    Ele também destacou que o centro da meta é estabelecido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) e que o BC tem somente um dos três votos no órgão. “Não acho que deveríamos mudar a meta de inflação, não”, afirmou. Para 2020, o centro da meta de inflação é de 4%, com tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, podendo oscilar entre 2,5% a 5,5%.

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