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    Brasil poderia ter taxa de juros menor, diz economista-chefe do Inter à CNN

    Rafaela Vitória avalia que desajuste nas contas públicas será grande desafio para 2024

    Amanda SampaioLarissa Coelhoda CNN

    em São Paulo

    Em entrevista à CNN nesta quarta-feira (13), a economista-chefe do Inter, Rafaela Vitória, afirmou que a decisão do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) de reduzir a Selic em 0,50 ponto percentual (p.p.) foi amplamente esperada, mas disse que o Brasil poderia ter juros menores.

    A economista destacou que a inflação segue em tendência de queda e tem apresentado desempenho melhor do que o esperado. Como exemplo, ela cita a inflação de serviços, que já se aproxima do centro da meta nas leituras mais recentes.

    “Esses dados melhores do que se esperavam poderiam fazer com que o Banco Central trouxesse um comunicado menos conservador, talvez abrindo espaço para cortes maiores nas próximas reuniões, mas o Copom foi mais conservador”, avaliou.

    Com a melhora no cenário econômico e o comportamento benigno da inflação, o Inter projeta para o fim de 2024 uma Selic próxima dos 9%.

    “A inflação hoje está próxima de 4%. Nas expectativas do BC, inclusive, houve uma ligeira queda da inflação para o próximo ano e a gente teria um IPCA de 3,5%, que é bem próximo do centro da meta. Então é um cenário que a gente poderia ter uma taxa de juros menor do Brasil”, afirmou.

    No entanto, Rafaela pondera que ainda há preocupação com o risco fiscal. Ela cita, por exemplo, uma nova expansão de gastos pelo governo federal — o que poderia gerar um “repique inflacionário” ou desancorar as expectativas de longo prazo.

    “Aí, sim, o BC poderia considerar uma interrupção nesses cortes. Mas, no atual cenário, tem sim bastante espaço para se cortar os juros”, acrescentou.

    Em relação ao comunicado do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), que optou por manter a taxa de juros dos Estados Unidos inalterada, a economista avalia que a autoridade monetária pareceu estar mais “animada” com a queda da inflação.

    Segundo Rafaela, o mercado espera que os cortes nos juros no país comecem ainda no primeiro semestre do ano que vem — e isso seria positivo para a economia do Brasil.

    “Principalmente porque a gente poderia ter um pouco mais de espaço para cortes por aqui. O diferencial de juros entre os EUA e o Brasil poderia ser menor, com uma queda de juros pelo Fed, e isso permitiria também que o Copom pudesse cortar mais a Selic aqui ao longo de 2024”, analisou.

    Para o próximo ano, a economista avalia que o grande desafio será o desajuste nas contas públicas. Segundo ela, apesar do esforço que o governo federal tem demonstrado para aumentar a arrecadação, é pouco provável que a meta de déficit zero seja cumprida.

    “É importante levar em consideração que, quando a gente tem um ajuste fiscal pelo lado da receita, a gente pode ter também um impacto na economia. Mais impostos significam uma carga tributária maior, e a gente pode ter um crescimento menor da economia no próximo ano”, concluiu.