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    Brasil é o segundo país do mundo em live commerce, atrás apenas da China

    Um país que adora redes sociais e interação é terreno fértil para o live commerce, tanto para quem vende quanto para quem faz a live acontecer

    Mari Maria
    Mari Maria Marcelo Tripoli/CNN

    Marcelo Tripolida CNN

    em Lisboa

    O Brasil é um dos países onde mais se consome conteúdo de influenciadores e está entre os cinco com mais presença nas redes sociais. Então, natural que produtos e soluções de e-commerce nasçam, cresçam e prosperem com base nestas plataformas e em que faz fama e negócios com elas.

    E aí ganham força as live commerce, eventos virtuais ao vivo onde quem quer vender apresenta o que tem e quem quer comprar pode, não só fechar negócio, mas também tirar dúvidas e, por que não, interagir com um artista ou influenciador.

    Apenas a China supera o Brasil em live commerce e, com o volume e sofisticação desses eventos, eles se profissionalizaram e entram em cena empresa especializadas em viabilizá-los. É o caso da Mimo Live Sales, pioneira na América Latina, a Mimo é um SAAS, software as a service, de Live Commerce que faz a união do livestream com o e-commerce para os sites e aplicativos das marcas.

    Sua fundadora e CEO, Monique Lima, tem uma sólida carreira na publicidade, com experiência também no cinema e na televisão. Ela uniu suas habilidades para explorar esta nova fronteira de negócios.

    Outras partes deste ecossistema são as marcas e influenciadores. Às vezes, unidas em uma mesma personalidade. É o caso de Mari Maria, a influenciadora de maquiagem que, ao conseguir entender o que suas seguidoras buscavam, criou sua própria empresa de beleza. Desde 2019, além de youtuber e influenciadora digital – ela também é cofundadora da Mari Maria Makeup.

    As duas empresárias brasileiras participaram nesta quinta-feira (16) do Web Summit 2023, que acontece em Lisboa. Confira a entrevista:

    Quais são as perspectivas e em que estágio de amadurecimento o Brasil está quando pensamos em live commerce?

    Monique Lima: Acabou de sair uma pesquisa da McKinsey que colocou a América Latina e o Brasil em segundo lugar, apenas depois da China, em live commerce, em interações por live e vendas por live. Então, o brasileiro é perfeito para o live commerce.

    A gente é early adopter de social media, né? Do Orkut ao TikTok, o Brasil está no top 5 no ranking mundial. O que acontece no Brasil com as experiências de live é até mais impressionante que na China, pois a gente tem mais tempo, mais retenção. O consumidor entra numa live para ver a Mari, para comprar o produto da Mari e para bater um papo.

    É muito interessante o comportamento do brasileiro, ele gosta de interações sociais. Então o live commerce está em ascensão. A gente faz isso há três anos e hoje temos o maior volume em lives da América Latina. São mais de 200 marcas em 20 mercados diferentes. Na China, o público nativo digital cresceu muito rápido, começou em 2016 e a pandemia deu um impulso. Por isso, claro, não temos os números da China ainda, mas seguimos crescendo, especialmente nos setores de beleza, moda, decoração, pets e até no agronegócio, dá para vender tudo por live.

    Mari, conta foi sua trajetória de criadora de conteúdo a criar uma empresa com base na sua comunidade?

    Mari Maria: Desde o começo sempre priorizei marcas que faziam sentido para minha carreira. Eu acabei garota propaganda e tudo e comecei a ajudar no desenvolvimento. Sempre me preocupei com isso, de fazer sentido para a minha vida. Eu gosto de fazer algo sustentável e isso começou com a make.

    Eu trabalhei com várias marcas no Brasil e também fora do Brasil, marcas que têm realmente muita credibilidade. E depois comecei a ajudar no desenvolvimento, dando mentoria para alguns produtos. Foi aí que pensei: “tem um lugar aí que eu consigo desenvolver, eu consigo testar performance, falar o que fazer, o que deixar de fazer”.

    Com o auxílio de químicas, de pessoas que realmente entendem, isso se tornou grandioso para mim. Começamos com um pincel específico, eu queria que as pessoas pudessem consumir o melhor. Comecei a estudar mais sobre matéria-prima também, para trazer a brasilidade para a marca. O grande diferencial é fazer um produto que tem toda a brasilidade, mas acessível, que consegue migrar para outros mercados.

    Monique Lima: O grande diferencial, olhando para Mari, é o fato dela ter construído a comunidade, entendido a dor da consumidora e ter feito um produto para ela. O produto da Mari não é licenciado, é dela. Normalmente o empreendedor pensa: quero criar uma empresa, tem mercado para meu produto? Eles fizeram o contrário: conheceram o mercado e criaram produtos para esse mercado.

    Quais são os aprendizados? Quais as três coisas que deram certo e as três que deram errado e valeram para o aprendizado no live commerce?

    Monique Lima: As três coisas que dão certo é espontaneidade, simplicidade e interação. Precisa dar desconto durante a live para vender? Não, você vai trocar, interagir. A simplicidade é muito importante, a troca com o consumidor de uma maneira que ele se sinta parte da conversa. Então, um grande erro no começo era achar que live commerce é live de show. Isso afasta o consumidor, ele se sente assistindo a um programa de TV.

    Uma mega produção, por exemplo. Uma mega produção, não pode porque o consumidor fica só assistindo e se não interage, não compra. Quando há uma conversa, por exemplo, a Mari fazendo o makeup dela, na casa dela, com o celular, o consumidor se sente parte da experiência. Roteiro fixo também não funciona, um texto pronto não entrega o que o consumidor quer ver. Quem manda na live é a pessoa que está assistindo e pedindo para ver produtos.

    Mari Maria: A Monique, ela é expert, então eu acho que questão de live eu aprendo muito com ela. Só vou complementar: trazer verdade é muito importante, normalizar a verdade. Mundo real, comunicar mesmo. A gente está ali para ser uma comunicadora e influenciar com coisas que fazem sentido. Eu trago muito isso para minha audiência e às vezes é difícil, acabo quebrando barreiras.

    Quando eu cheguei com as minhas sardas, a maioria das influenciadoras começava pelo menos com um corretivinho, para evitar que as críticas chegassem de cara e tirassem o foco. Eu entendia, mas quis chegar com a pele limpa porque a função era como esconder as sardas. Esse mesmo questionamento continua na venda, no produto, o que faz sentido? O grande diferencial é mostrar a verdade, vender um produto que você acredita.

    Então faça parcerias, busque estratégia de falar com marcas que você quer vender. Mostre o seu potencial. Mas eu comecei a ver que as marcas não acompanhavam a minha linha de raciocínio, mas eu sabia que tinha um mercado. E acho que eu consegui me encaixar nesse vácuo.

    *Com Dimalice Nunes