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    Bradesco provisiona R$ 4,9 bilhões para cobrir 100% de exposição à Americanas e lucro desaba

    Medida teve forte impacto no resultado do banco no quarto trimestre, com o lucro recorrente de R$ 1,595 bilhão ficando bastante aquém da projeção média de analistas, de R$ 4,4 bilhões

    Provisão total do Bradesco para inadimplência foi de R$ 14,9 bilhões
    Provisão total do Bradesco para inadimplência foi de R$ 14,9 bilhões Foto: Seeb/Divulgação

    Da Reuters

    O Bradesco anunciou nesta quinta-feira (9) que fez uma provisão extraordinária de R$ 4,9 bilhões para cobrir sua exposição total à Americanas, que pediu recuperação judicial no mês passado.

    A medida teve forte impacto no resultado do banco no quarto trimestre, com o lucro recorrente de R$ 1,595 bilhão ficando bastante aquém da projeção média de analistas consultados pela Refinitiv, de R$ 4,4 bilhões. Na comparação frente ao mesmo período de 2021, o lucro caiu 75,9%.

    A provisão total do Bradesco para inadimplência foi de R$ 14,9 bilhões, mais do que o dobro do reservado um ano antes.

    Segundo o time de análise do Banco do Brasil, o balanço do 4º trimestre de 2022 divulgado pelo Bradesco foi negativo. “O resultado foi desfavorecido principalmente pela forte escalada das despesas com provisões (PDD), que incluiu 100% do provisionamento (equivalente a R$ 4,9 bilhões) de um caso específico relativo ao segmento grandes empresas, que acreditamos se tratar da Americanas”, destacou.

    Para o BB, o resultado não apenas acentuou algumas tendências negativas mais claramente vistas ao longo do segundo semestre do ano passado, em especial da qualidade de crédito, mas também conteve um evento de impacto considerável, que é o caso da Americanas, ao qual o Bradesco possui exposição relevante.

    “Alguns alentos, no entanto, são visíveis em nossa opinião, como a margem com clientes se expande de maneira forte, a receita de seguridade também acelera, assim como a receita de serviços, que mostra boa dinâmica apesar da desaceleração acentuada da carteira de crédito. Ademais, os custos permanecem controlados, crescendo abaixo da inflação”.

    Apesar disso, os analistas do BB acreditam que alguns fatores devem continuar pressionando os números do Bradesco ao longo dos próximos trimestres. “Apesar do banco já sinalizar estar tomando medidas em direção a uma safra de crédito mais salutar, ponto-chave para uma descompressão da inadimplência, entendemos que o desafio é grande, dado o perfil de clientes do banco, mais suscetível a ciclos econômicos desfavoráveis”, concluiu.

    Na visão de Phil Soares, chefe de análise de ações da Órama, o provisionamento relacionado à Americanas, em razão da “forte exposição” do banco para com a varejista, levou a um resultado muito pior do que o esperado.

    “Se comparar com o terceiro trimestre, este é um resultado bastante decepcionante, um desempenho fraco, muito em razão do fator da Americanas. Sem contar com isso, provavelmente o banco teria cerca de R$ 4,8 bilhões de lucros, números similares aos do trimestre anterior”, pontuou.

    Já para Luis Novaes, analista da Terra Investimentos, o principal fator negativo foi a deterioração da qualidade de crédito, tanto em relação à carteira de pessoas físicas, que demonstra uma tendência dos resultados anteriores, quanto em relação à carteira de pequenas empresas.

    De acordo com ele, “isso era algo projetado em razão dos altos juros básicos brasileiros e exposição maior do banco às classes mais baixas da economia”.

    O analista também destacou os resultados que permanecem negativos em tesouraria, apesar de apresentarem uma melhora em relação às últimas divulgações, e o segmento de seguros, que se mantém em tendência positiva, favorecido pelo ambiente macroeconômico.

    “Por fim, a direção expressou em guidance que não espera muito para esse ano, o que pode levar o Bradesco a ser preterido ante seus pares do setor no curto prazo”, completou.

    (Com informações de Fabricio Julião, da CNN)