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    Bolsa vale menos do que deveria, dizem analistas; veja se é hora de comprar na baixa

    Especialistas afirmam que não existe uma regra para começar a investir no mercado acionário, mas recomendam aos iniciantes não seguir manada e aproveitar mercado "barato"

    Fabrício Juliãodo CNN Brasil Business em São Paulo

    Os pregões das últimas semanas na B3 foram marcados por incertezas globais e agravamento do risco fiscal no Brasil, desencorajando investimentos em alguns papéis e elevando a aversão ao risco de capital alocado no país. Esse cenário, no entanto, pode trazer oportunidades para iniciantes pouco acostumados com as volatilidades das ações na bolsa.

    Um momento de maior incerteza sobre a dinâmica futura da economia costuma ser quando aparecem as melhores oportunidades de investimentos, segundo Patricia Palomo, head de investimentos e operações da Unicred do Brasil.

    “Isso porque quando todos estão inseguros, o prêmio pelo risco costuma estar maior, isto é, o retorno exigido para se correr aquele determinado risco é mais atraente”, afirmou.

    Especialistas ouvidos pelo CNN Brasil Business apontam que a bolsa brasileira está valendo muito menos do que deveria e, portanto, pode ser mais atraente para os investimentos.

    “No caso das ações, em geral, esse prêmio é refletido em preços menores que, apesar de parecerem descontados, não há clareza quanto ao tempo necessário para recuperação e isso dificulta a decisão de investimento tanto dos iniciantes quanto dos já investidores”, pontuou Patrícia.

    Em meio a mudanças na Petrobras e propostas de subsídios que furam o teto de gastos, o Ibovespa chegou a fechar abaixo dos mil pontos no fim de junho, patamar mais baixo desde 4 de novembro de 2020, no primeiro ano da pandemia, quando atingiu 97.867 pontos.

    Isso ocorre após forte valorização nos primeiros meses de 2022, em que o principal índice da bolsa brasileira rondou novamente os 120 mil pontos.

    Para Roberto Indech, vice-presidente de relações institucionais da Clear Corretora, quem deseja ganhar dinheiro atuando na bolsa deve acolher a máxima de “comprar na baixa e vender na alta”, sem seguir o momento manada ou se deixar influenciar pelo momento do mercado.

    “Pelo que todos os analistas e gestores dizem, mesmo com a perspectiva de recessão nos EUA, o mercado de ações está muito barato. Tem ações extremamente baratas se pegar no comparativo histórico, por isso eu acredito que o momento ruim do mercado é sempre uma boa oportunidade para começar, mesmo que assuste um pouco mais”, afirmou.

    Segundo ele, não existe uma regra para começar a investir no mercado acionário, pois é impossível prever até quando o mercado pode continuar caindo ou até que nível ele pode se recuperar e começar uma curva de alta — mais o importante é participar.

    “Você nunca vai saber qual o momento de maior baixa e até onde uma alta no mercado vai durar, então o foco deve ser comprar de maneira constante, evoluindo em conhecimento e sempre deixar uma quantia de dinheiro separado para segurança”, disse.

    “Só assim é possível colher os frutos no curto, médio e longo prazo”, acrescentou.

    Tolerância e risco

    Patrícia Palomo afirmou que um possível novo investidor deve avaliar dois fatores principais antes de iniciar sua trajetória no mercado: horizonte de investimento e tolerância a risco.

    O primeiro refere-se a quanto tempo ele tem disponível para manter o recurso investido, enquanto o segundo engloba a capacidade de enfrentar oscilações sem tomar atitudes precipitadas movidas pelo medo.

    “Se o investidor tem horizonte de investimento de longo prazo e alta tolerância a riscos, a bolsa é certamente uma alternativa de ativos indicada para esse perfil e o momento de investimento parece ser oportuno”, analisou a especialista em educação financeira.

    Já Roberto Indech acredita que os iniciantes devem buscar conhecimentos básicos sobre o funcionamento do mercado e ter em mente os objetivos para com o dinheiro investido, antes de começarem a se aventurar na compra e venda de ativos.

    “Conhecimentos básicos e bastante pesquisa faz diferença principalmente para o pequeno investidor”, declarou.

    Juros altos e renda fixa

    A taxa básica de juros no Brasil está em 13,25% ao ano, e a perspectiva é de que ela continue alta em um movimento do Banco Central de tentar controlar a inflação no país. Tendo em vista este cenário, analistas chamam a atenção para a atratividade da renda fixa.

    Segundo Roberto Indech, o momento é oportuno para a alocação de uma parcela do capital próprio em renda fixa, mas considera o mais importante a diversificação da carteira neste momento.

    “Deve haver uma diversificação no patrimônio, correr um pouco mais de risco, e isso não significa ter 80% ou 70% da carteira no mercado de ações, mas começar devagar. Ter, no início, de 5% a 20% pode ser um caminho interessante. Diversificação é sempre positivo porque nunca vamos saber o melhor momento para investir na bolsa ou em renda fixa”, afirmou.

    Já para Patrícia Palomo, o investidor deve analisa seu perfil em relação ao horizonte de investimento e à tolerância a risco. Levando isso em consideração, a especialista acredita que em alguns casos se manter na renda fixa é o mais adequado.

    “Se o investidor tem baixa tolerância a risco e pouco tempo para manter o recurso investido, a renda fixa pós-fixada é a alternativa de investimento mais indicada e também está num momento oportuno dada a dinâmica da curva de juros recente e a precificação atual dos juros futuros”, analisou.