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    Ibovespa cai quase 30% em março e tem o pior mês desde agosto de 1998

    Instabilidade provocada pelo coronavírus fez com que o mês fosse marcado por 6 circuit breakers

    Homem observa painel da B3, após pregão ser interrompido por circuit braker (16.mar.2020)
    Homem observa painel da B3, após pregão ser interrompido por circuit braker (16.mar.2020) Foto: Rahel Patrasso

    Após uma sessão volátil, o Ibovespa, principal índice da bolsa de valores brasileira, fechou em queda de mais de 2% nesta terça-feira (31), acumulando baixa de 29,9% em março, a maior desde agosto de 1998, ano marcado pela crise financeira russa. Mais uma vez, os negócios foram afetados pelo pessimismo global em torno dos impactos econômicos da pandemia do novo coronavírus. 

    No fim do dia, o Ibovespa caiu 2,17%, a 73.019,76 pontos. Na mínima, atingiu 72.385 pontos e, na máxima, ficou em 75.511 pontos. As maiores baixas do dia foram registradas por Kroton (-20,95%), Estácio (-17,18%), CVC (-14,29%) e Iguatemi (-11,02%). 

    O volume financeiro do dia somou R$ 23,7 bilhões. Todas as ações do Ibovespa terminaram março com perdas no acumulado do mês e do ano. No trimestre, a perda acumulada de 36,86% é a maior desde o início da série histórica, em 1986, segundo dados da Economatica.

    O mês foi marcado por uma sequência de seis circuit breakers, quando a B3 precisou interromper diversas vezes as negociações, dadas as perdas vertiginosas. Além dos temores sobre os efeitos do COVID-19, pesou também a disputa pela produção de petróleo entre Arábia Saudita e Rússia, que intensificou a volatilidade nos mercados. 

    “Um dos setores que mais sofreu hoje foi o de educação, com algumas empresas chegando a cair cerca de 20% ao longo do dia”, ressalta Cristiane Fensterseifer , analista da Spiti. “As ações sofreram com a maior provisão para inadimplência registrada no resultado da Cogna (Kroton), com desafios em relação ao recebimento de financiamentos e do FIES em meio à crise do coronavírus”, explica. 

    O setor bancário também pressionou o Ibovespa. As ações preferenciais (sem direito a voto) do Itaú e do Bradesco caíram 4,23% e 3,44%, respectivamente. Já os papéis ordinários (com direito a voto) do Banco do Brasil (BB), recuaram 3,79%. No mês, Itaú caiu 27,81%, Bradesco cedeu 31,93% e BB acumulou queda de 40,18%

    As ações preferenciais da Petrobras avançaram 4,56%, oferecendo algum suporte, apesar do comportamento volátil dos preços do petróleo no mercado internacional. No mês, porém, caíram 44,79%. Já os papéis ordinários Vale terminaram o dia em alta de 3,47%, e em baixa de 2,46% no mês. 

    Instabilidade persistente  

    Governos do mundo todo anunciaram uma série de medidas de alívio dos efeitos da pandemia na atividade econômica, mas sem muito sucesso ainda no ânimo dos investidores, já que não há trégua no ritmo de contágio e cada vez mais ações de confinamento estão sendo adotadas em vários países.

    “Esse ‘bear market‘ tem sido incomum, não por causa da escala do declínio, mas por causa da velocidade e da volatilidade”, avaliaram Peter Oppenheimer e equipe, do Goldman Sachs, em relatório a clientes.

    Na Bovespa, a alta acumulada na semana passada, de 9,48%, quebrou uma série de cinco com resultados negativos e trouxe algum alento. É consenso, no entanto, que a volatilidade não deve arrefecer, sem sinais claros do momento de recuperação das economias globais. 

    “Os preços perderam qualquer referência”, resumiu o gestor Werner Roger, sócio-fundador da Trígono Capital.

    Economistas reduziram projeções para os PIBs, bem como organizações e governos. Na mesma linha, foram cortadas projeções para os resultados de empresas, com muitas delas também suspendendo suas próprias estimativas para 2020.

    Para o analista Jasper Lawer, chefe de pesquisa no London Capital Group, o primeiro trimestre está quase acabando e há um monte de medidas de alívio no mundo. “Um mês novo pode oferecer alguma perspectiva nova, e talvez uma mais construtiva.”

    O número de mortes em decorrência do novo coronavírus no Brasil avançou para 201 nesta terça-feira e os casos confirmados de COVID-19 no país atingiram 5.717, segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde. Em todo o mundo, a pandemia já infectou cerca de 800 mil pessoas e matou quase 39 mil. 

    Lá fora

    Os três principais índices de Wall Street tiveram firmes quedas nesta terça-feira, com o Dow Jones registrando seu maior declínio trimestral desde 1987 e o S&P 500 sofrendo sua mais profunda queda trimestral desde a crise financeira. 

    Também impactados por temores relacionados ao COVID-19, o Dow Jones recuou nesta terça 1,84%, para 21.917,16 pontos, o S&P 500 perdeu 1,60%, para 2.584,59 pontos, e o Nasdaq Composite retraiu 0,95%, para 7.700,10 pontos.

    Na China, os mercados de ações fecharam o pior trimestre desde 2018, sob os efeitos da pandemia de coronavírus. Ainda assim, o anúncio da atividade industrial melhor do que as estimativas, fez com que as ações chinesas terminassem no azul. 

    *Com informações da Reuters