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    Ibovespa fecha em queda com perspectiva de recessão global e ruídos políticos

    Índice encerrou o pregão em baixa de 1,36%, a 78.831 pontos

    Bolsa interrompeu sequência de duas altas
    Bolsa interrompeu sequência de duas altas Foto: Paulo Whitaker/Reuters

    O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, fechou em queda nesta quarta-feira (15), alinhado com outras praças no exterior. O recuo se deu diante das persistentes preocupações sobre os efeitos econômicos da pandemia do coronavírus, reforçadas por novos dados divulgados nos Estados Unidos. 

    O Ibovespa encerrou o pregão em baixa de 1,36%, a 78.831 pontos. Na máxima, o índice chegou a reverter marginalmente as perdas e tocar os 80 mil pontos. No pior momento, chegou a 77.545,67 pontos.

    O volume financeiro foi recorde e somou R$ 97,5 bilhões, com o pregão marcado pelos vencimentos de opções sobre o Ibovespa e do índice futuro. 

    Na véspera, o Ibovespa tinha fechado em alta de 1,37%, a 79.918,36 pontos, na segunda alta seguida.

    Os indícios de que o mundo sofrerá em 2020 a pior recessão global desde a década de 1930 mantiveram os mercados acionários externos no vermelho. A projeção é do Fundo Monetário Internacional (FMI), que espera retração de 3% na economia global diante dos impactos da pandemia do novo coronavírus.

    A pauta norte-americana também corroborou a realização de lucros, com a forte queda nos lucros de bancos em razão de provisões para inadimplência e dados de varejo e produção piores do que o esperado, em mais sinais dos efeitos nocivos do coronavírus na maior economia do mundo.

    Para Arthur Kroeber, chefe de pesquisa na Gavekal, apesar disso, do ponto de vista do controle de infecções, a perspectiva é positiva. “O caminho para a recuperação econômica, no entanto, ainda parece lento e difícil”, afirmou em relatório.

    Ruídos políticos

    Internamente, o ruído político também afetou as negociações, com informações de que o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta estaria se despedindo da equipe da pasta.

    Nesta quarta, o secretário de Vigilância em Saúde, Wanderson Kleber de Oliveira, pediu demissão,intensificando as tensões. Após o fechamento dos mercados, porém, ele apareceu em coletiva de imprensa ao lado do ministro Mandetta, que disse que não aceitou o pedido e que os dois deixarão a pasta juntos. Oliveira é um dos responsáveis por formatar as ações de combate ao coronavírus no ministério.

    Também estiveram no radar a chamada PEC do orçamento de guerra e o polêmico projeto de auxílio a Estados e municípios, que impactam as contas públicas e estão sob análise no Senado.

    Lá fora

    Em Wall Street, a sessão também foi de perdas, com Dow Jones caindo 2,2% e o S&P 500 recuando 1,86%.

    A baixa foi puxada por números sobre a atividade econômica norte-americana piores do que os esperados e pela forte queda nos lucros de bancos em razão de provisões para inadimplência, o que referendou vendas após forte valorização dos índices na véspera. A queda dos preços do petróleo também pesou.

    As ações europeias também fecharam no vermelho nesta quarta-feira, encerrando um rali de cinco dias. O recuo veio com o primeiro lote de balanços corporativos destacando danos empresariais causados pela pandemia de coronavírus, ao mesmo tempo em que o setor de energia afundou com preocupações sobre uma queda na demanda por petróleo.

    O índice FTSEurofirst 300 caiu 3,17%, enquanto o índice pan-europeu STOXX 600 perdeu 3,25%. O alemão DAX terminou em queda de 3,90% e o londrino FTSE recuou 3,34%.

    Destaques do pregão

    Petrobras PN e ON caíram 2,09% e 3,26%, respectivamente, entre as maiores quedas do Ibovespa, na esteira do tombo dos preços do Brent no exterior.

    Vale ON perdeu 3,01%, com o setor de mineração e siderurgia no vermelho. Analistas do BTG Pactual veem a demanda no setor siderúrgico retornando aos níveis de 2005 em razão dos reflexos da pandemia e cortaram preços-alvo no setor. Gerdau PN cedeu 2,16%, CSN ON recuou 2,02% e Usiminas PNA caiu 1,47%.

    Itaú Unibanco PN recuou 3,7% e Brandesco PN perdeu 2,89%. O BNDES está discutindo com bancos detalhes sobre resgates a setores duramente atingidos pela crise: companhias aéreas, montadoras, empresas de energia e grandes varejistas não essenciais. E um juiz federal proibiu, em decisão de primeira instância, que bancos aumentem as taxas de juros ou as exigências para a concessão de crédito no período da pandemia.

    BRMalls ON caiu 4,12%, com o setor de shopping centers entre as maiores baixas. Multiplan ON recuou 2,86% e IGUATEMI ON perdeu 2,16%. O Valor Econômico publicou que o volume de processos de grandes grupos de shopping centers cresceu contra lojistas pequenos e médios por causa de inadimplência contratual – com pedidos de despejo ou multas.

    Gol PN valorizou-se 7,16%, tendo no radar as discussões entre BNDES e bancos sobre resgates para setores duramente atingidos pela crise. Smiles ON, controlada pela Gol, avançou 5,67%. Azul PN subiu 0,92%.

    Natura&Co avançou 6,78%, no segundo pregão seguido de alta, ampliando o ganho em abril para cerca de 20%, após terminar o primeiro trimestre com queda superior a 30%.

    Via Varejo ON teve avanço de 3,78%. Além da discussão de BNDES com bancos para ajudar o setor, a varejista de eletroeletrônicos está pedindo suspensão de aluguéis de mais de mil lojas físicas fechadas devido a medidas de quarentena, como forma de lidar com a queda de 50% de sua receita, duas fontes a par do assunto afirmaram à Reuters. No setor, B2W ganhou 5,55% e Magazine Luiza ON subiu 2,21%

    *Com  Reuters e Agência Brasil