Prime Time

seg - sex

Apresentação

Ao vivo

A seguir

    Bolsa sobe após despencar na véspera, mas volatilidade por pandemia persiste

    Ibovespa caiu quase 14% na véspera, no 5º pregão interrompido pelo mecanismo de circuit breaker em 2 semanas. Temor por coronavírus permanece

    Na segunda, Ibovespa despencou quase 14%, em pregão com circuit breaker
    Na segunda, Ibovespa despencou quase 14%, em pregão com circuit breaker Foto: Amanda Perobelli/Reuters

    A bolsa brasileira fechou em alta nesta terça-feira (17), puxada pelos papéis de bancos, após despencar quase 14% na véspera. Apesar da recuperação técnica, especialistas dizem que o mercado deve continuar volátil em razão de incertezas sobre o tamanho real do efeito da pandemia do coronavírus nas economias.

    O Ibovespa, principal índice da B3, subiu 4,85%, a 74.617,24 pontos. 

    Em Wall Street, o índice S&P 500 subiu cerca de 6%, recuperando metade das perdas da véspera.

    “Sabemos que a volatilidade ainda não acabou, devido às incertezas sobre quando teremos uma resolução do problema coronavírus e sobre o impacto dele na saúde das pessoas e na economia”, avalia Gustavo Almeida, especialista em ações da casa de análises Spiti.

    Na véspera, o índice renovou mínimas desde 2018, em nova sessão com negociações paralisadas por circuit breaker, em meio à aflição de que a desaceleração nas economias em razão do coronavírus pode ser maior do que se previa.

    “O mercado precisa ter uma ‘luz no fim do túnel’ do coronavírus. Estabilizar a situação nos países mais afetados seria extremamente positivo para a sociedade e os mercados”, avaliou o estrategista Don Kawa, da TAG Investimentos, em comentários no Twitter.

    Para ele, a incerteza permanece. “Teremos ainda muita volatilidade. Contudo, já consigo afirmar que uma parte não desprezível do ajuste foi feita”, escreveu. Ele ponderou, entretanto, que quedas adicionais são sempre possíveis.

    Novas medidas de estímulos econômicos foram anunciadas no mundo entre a noite da véspera e a madrugada desta terça-feira, respaldando a recuperação em alguns mercados, mas o ambiente segue volátil em meio a dúvidas sobre a eficácia dessas ações. O foco está voltado para potenciais anúncios no campo fiscal.

    Na visão do economista-chefe do banco Julius Baer, Janwillem Acket, os mercados financeiros no momento estão precificando uma recessão global, apesar de ações coordenadas de política monetária, dos esforços para lidar com a liquidez e as restrições de crédito. “A bola está no campo fiscal agora.”

    O anúncio do Federal Reserve de que relançará compras de dívida corporativa de curto prazo para apoiar os mercados de crédito ajudou na melhora dos ânimos nesta sessão.

    Cena interna

    No Brasil, a evolução do contágio do Covid-19 também continua sendo monitorada, principalmente seus reflexos na atividade econômica no país. Em São Paulo, que concentra a maioria dos casos, foi registrada a primeira morte pelo vírus nesta terça-feira.

    Após pacote de estímulos anunciado pelo governo na véspera, investidores estão na expectativa da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que começa nesta terça-feira e terá seu desfecho na quarta-feira, principalmente a possibilidade de um corte da Selic, atualmente em 4,25%.

    “A força-tarefa dos BCs pelo mundo em dar liquidez ao mercado via estímulos monetários deve forçar o Copom cortar a Selic em pelo menos 0,5 ponto percentual, ao passo que alguns economistas apontam para um corte de 1 ponto percentual, uma vez que o crescimento seguirá estagnado e não há pressão pelo lado da inflação. Ou seja, no cenário mais pessimista deveremos ver a Selic em 3,75% ao ano”, aponta o analista Rafael Ribeiro, da corretora Clear. 

    Destaques do pregão

    A ação preferencial do Bradesco fechou em alta de 8,03% e do Itaú ganhou 5,88%, beneficiadas pela melhora no sentimento dos investidores nesta sessão. O papel do Banco do Brasil encerrou o dia com elevação de 4,84%. Com grande peso na composição do Ibovespa, elas ajudaram a puxar o índice para o azul.

    Vale subiu 6,33%, respaldada pela alta dos preços do minério de ferro na China. A mineradora também decidiu desacelerar a operação da mina de Voisey’s Bay, no Canadá, como precaução para proteger comunidades indígenas próximas diante da pandemia de coronavírus, o que impactará negativamente a produção de cobre.

    A ação preferencial da Azul caiu 2,37% e a da Gol cedeu 3,23%, revertendo ganhos dos primeiros negócios, ainda impactadas pelos reflexos da pandemia de coronavírus, além da alta do dólar. Na véspera, ambas anunciaram fortes cortes de capacidade para os próximos meses por causa da queda na demanda. CVC ON recuou 4,33%.

    A ação ordinária da Petrobras subiu 0,69% e a ordinária caiu 0,38%, em sessão volátil, com os preços do petróleo Brent caindo 4,4%. 

    Marfrig fechou com elevação de 4,22%. A companhia anunciou a nomeação de Miguel de Souza Gularte como diretor presidente da companhia, em substituição a José Eduardo de Oliveira Miron. Também aprovou recompra de ações.

    Rumo avançou 14,01%. Analistas do Santander Brasil consideraram positivos os dados de volumes da empresa em fevereiro, com alta de 20% ano a ano.

    Carrefour valorizou-se 12,5%, entre as maiores altas, após aumento de compras em supermercados no último fim de semana em razão de preocupações com a evolução do coronavírus no Brasil. Grupo Pão de Açúcar subiu 9,03%.

    *Com Reuters