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    Bolsa de valores deve se beneficiar com corte de juros ainda em 2023, dizem economistas

    Impacto da queda dos juros na economia como um todo é fator positivo para valor dos papeis, em especial nos setores vinculados ao crédito

    Ações de cancos, varejistas e construtoras devem se beneficiar da queda dos juros
    Ações de cancos, varejistas e construtoras devem se beneficiar da queda dos juros REUTERS/Amanda Perobelli

    Iasmin Paivada CNN

    São Paulo

    O mercado está otimista com os efeitos da queda dos juros sobre a bolsa de valores e o valor das ações. Setores mais sensíveis ao crédito devem ser os principais beneficiados, explica Heitor De Nicola, especialista de renda variável e sócio da Acqua Vero. 

    Na quarta-feira (2) o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu, pela primeira vez em três anos, cortar a taxa básica de juros do país, a Selic, em 0,5 ponto percentual. Com isso, a taxa passa de 13,75% para 13,25% ao ano.

    Segundo o economista, o corte nos juros torna os ativos de renda variável mais atraentes, principalmente, de duas maneiras: via a melhora da economia como um todo e beneficiando o desempenho das companhias diretamente ligadas ao crédito.

    Impacto direto

    De acordo com Nicola, varejistas e bancos foram alguns dos setores mais prejudicados pela situação do crédito no país nos últimos anos.

    As varejistas sofrem desde a pandemia, com o fechamento do comércio. Na sequência veio o aumento da inflação, que reduz o poder de compra da população e, na sequência, o aumento dos juros, que encarece o crédito.

    Já os bancos e instituições financeiras, apesar de se beneficiarem de juros mais altos, acabam esbarrando “no limite de patamar e tempo para as taxas ficarem mais altas”.

    Isso porque o setor também é impactado pela inadimplência, explica Nicola, que afeta diretamente as margens de lucros.

    Rodrigo Cabraitz, gestor de portfólio de alocação da Principal Claritas, menciona o setor de construção civil como outro que também se prejudica com os juros mais altos e pode apresentar bom desempenho a partir de agora. 

    “As empresas ligadas ao segmento de imóveis no geral são cíclicas e tem alavancagem maior”, explica.

    Por isso, com juros menores estas companhias têm custos reduzidos e devem voltar a ter um melhor desempenho de resultados e no valor das ações, avalia Cabraitz.

    Também por volta das 12h30, as ações da Eztec subiam 4,3% no Ibovespa, uma das maiores altas do índice, enquanto a Cyrela também tinha alta de 4%.

    Economia aquecida

    Outro fator de otimismo para as ações é o impacto da queda da Selic na economia como um todo, para além dos setores que sofrem especialmente com os juros altos.

    “Existe uma perspectiva de melhora da economia como consequência de um aumento do consumo no país”, explica o especialista.

    No longo prazo, Heitor De Nicola explica que, se o ciclo de queda gradual nos juros se confirmar, perspectiva é muito positiva para a bolsa.

    “Vivemos dois anos de mercado de baixa, quando a atratividade da renda fixa ficou muito mais alta, se esse ciclo se confirmar, podemos esperar um movimento contrario: a renda fixa pode perder atratividade e renda variável pode voltar a ter atratividade”. 

    O especialista destaca que os juros afetam de maneiras diferentes os vários setores da economia, e que outros fatores dos mercados globais também são avaliados pelo mercado, mas a melhora na perspectiva econômica com a queda na Selic deve afetar essa classe de ativos de maneira geral.

    Rodrigo Cabraitz ressalta que a melhora com ciclo adiante não vai ser imediata, pois a “alocação deve aumentar marginalmente”.

    A taxa de juros, segundo o analista, não é um fator que deve afetar agora, mas a partir das magnitudes dos cortes. 

    Veja também: Copom prevê cortes de 0,5 ponto percentual nas próximas reuniões