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    Bolsa cai, dólar sobe: entenda a escalada da aversão ao risco no Brasil

    O Ibovespa já acumulava perda semanal de 4% na manhã desta sexta-feira, correndo o risco de ter pior semana dos últimos seis meses

    Painel com cotações do mercado financeiro. 19/8/2021
    Painel com cotações do mercado financeiro. 19/8/2021 Foto: REUTERS/Andrew Kelly

    do CNN Brasil Business, em São Paulo*

     

    A bolsa de valores brasileira e o câmbio no país vêm sofrendo com a escalada na tensão com o cenário fiscal brasileiro e com a crise institucional, que voltou a preocupar nas últimas semanas, em meio a rusgas trocadas entre o Executivo e o Judiciário.

    Enquanto isso, há uma deterioração das expectativas sobre o crescimento global, influenciadas pelo avanço da variante Delta no mundo.

    O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, já acumulava perda semanal de 4% na manhã desta sexta-feira, correndo o risco de ter pior semana dos últimos seis meses. Desde junho, já caiu 10% e ronda os 116 mil pontos. Há dois meses, estava nos 130 mil. 

     

    Já o dólar acumulava alta de 2,9% ante o real na semana, elevando os ganhos no mês para 3,7%. Em 2021, a moeda já valorizou 4%.

    “A crise politica dificulta uma resposta organizada a problemas econômicos sérios do país, notadamente inflação e déficit público, nossa marca histórica, e mostra o governo mais empenhado ao calendário eleitoral do que com o cenário fiscal”, diz Pedro Paulo Silveira, diretor de gestão da Nova Futura Gestão de Recursos, à CNN.

    Na visão dele, o mercado perdeu um pouco da paciência que vinha mostrando desde julho, quando esse cenário ficou mais explicito. “O resultado foi a aceleração na saída de posições em ativos brasileiros da bolsa”, diz.

    Ajuda a complicar esse cenário, segundo ele, a forma errática como o governo vem lidando com a reforma do Imposto de Renda — cuja proposta já mudou diversas vezes nas últimas semanas –, o plano de reformular o Bolsa Família, o que exige mais espaço no Orçamento, e a PEC dos precatórios, que prevê o parcelamento de dívidas judiciais do governo. 

    “Todo esse conjunto de posturas fiscais não muito ortodoxas pioraram a percepção do mercado, a taxa de juro vem subindo, bolsa vem caindo. O governo precisa sinalizar que vai reverter isso”, diz. 

     

    À espera da LDO

    Nesta sexta-feira (20), em especial, o mercado aguarda decisão do presidente Jair Bolsonaro sobre a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2022, que traz um artigo sobre o quanto será destinado ao Fundo Eleitoral. Pela proposta aprovada recentemente no Congresso, esse valor pode ficar perto de R$ 6 bilhões, o triplo do valor das eleições de 2018, o que não agradou o mercado.

    Como apurou a analista de economia da CNN Priscila Yazbek, a equipe econômica acha que o orçamento pode dar uma acalmada no mercado, já que a expectativa é que o presidente vete parte do fundo eleitoral, que cairia para perto de R$ 3 bilhões.

    Na situação atual, com histórico de gastos públicos a flor da pele, qualquer sinal de corte de gastos poderia ajudar, na expectativa do governo. Além disso, a PEC dos precatórios e a MP que amplia o Bolsa Família não deve entrar agora na LDO. Devem ficar para o Congresso resolver depois, durante a tramitação da lei orçamentária anual (LOA). 

    A analista da CNN apurou, no entanto, que o mercado entende que essas pautas só vão ficar de fora por ora, porque não deu tempo de entrar nas previsões oficiais, o que não resolve a questão fiscal. Desta forma, o risco fiscal segue na mesa do mercado como ponto de atenção.

    *(Publicado por Ligia Tuon / com Reuters)