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    Boeing lança a cápsula Starliner em missão sem tripulação

    Objetivo da companhia é provar que a nave espacial pode acoplar na ISS

    Fontes oficiais revelaram que os propulsores não funcionavam exatamente como esperado
    Fontes oficiais revelaram que os propulsores não funcionavam exatamente como esperado Getty Images

    Jackie Wattlesdo CNN Business

    A Boeing lançou a sua nave espacial Starliner, concebida para levar astronautas de e para a Estação Espacial Internacional (ISS na sigla em inglês), numa missão de teste não tripulada na noite de quinta-feira (19).

    Depois de falhar em duas tentativas de completar a missão, o objetivo da Boeing é provar que a nave espacial pode acoplar na ISS. O teste deve ser bem-sucedido antes de a Boeing avançar para missões com pessoas a bordo.

    A nave espacial decolou às 18h54 de quinta-feira, horário da Costa Leste dos EUA (19h54 no Brasil), acoplada a um foguete Atlas V lançado na Estação Espacial Cabo Canaveral, na Flórida.

    Depois de ser colocada em órbita, a nave espacial acionou seus próprios propulsores para chegar às ISS. Cerca de meia hora após o lançamento, funcionários da Boeing confirmaram a “inserção orbital” da Starliner, confirmando que a nave espacial estava no rumo certo.

    No entanto, durante uma coletiva de imprensa pós-lançamento, fontes oficiais revelaram que os propulsores não funcionavam exatamente como esperado.

    “Dois propulsores falharam”, declarou Mark Nappi, vice-presidente e gerente do programa Starliner da Boeing. “O primeiro propulsor funcionou por um segundo e, em seguida, desligou. Diante disso, o sistema de controle de voo acionou o segundo propulsor”.

    O segundo propulsor, no entanto, funcionou por apenas 25 segundos antes de desligar, de acordo com Nappi, obrigando o sistema de controle de voo a assumir novamente o controle e disparar um terceiro propulsor, que funcionou como pretendido.

    “O sistema foi projetado para ter redundância e agiu como previsto”, relatou Nappi aos repórteres na quinta-feira à noite. Para o vice-presidente da Boeing, a questão não deve trazer impactos na missão geral.

    A bordo do voo estão alguns suprimentos para os astronautas já a bordo da ISS, bem como um manequim usando traje especial chamado de Rosie. O nome é uma homenagem ao desenho de Rosie, a Rebitadeira, moça retratada num cartaz da Segunda Guerra Mundial que virou símbolo do feminismo.

    A cápsula Starliner provou ser um programa difícil para a Boeing, que inicialmente esperava que a nave espacial se tornasse operacional em 2017, mas tem sido atormentada por atrasos e dificuldades de desenvolvimento. A primeira tentativa de voo de teste, chamado OFT-1, em 2019, foi abortada devido a um problema com o relógio de bordo.

    O erro fez com que os propulsores a bordo da cápsula falhassem, tirando-a de curso. Os funcionários decidiram levar a nave espacial de volta para casa em vez de continuar a missão. Foi necessário mais de um ano para resolver esse problema e uma série de outras inconformidades de software.

    Mais recentemente, a Starliner foi atingida por problemas de válvulas. Quando a nave espacial estava prestes a ser lançada em agosto de 2021, uma verificação antes do voo revelou que as válvulas principais tinham emperrado e os engenheiros não conseguiram resolver o problema a tempo.

    A cápsula teve de ser retirada da plataforma de lançamento e voltou para a fábrica da Boeing para uma averiguação mais minuciosa dos problemas.

    Desde então, as válvulas se tornaram uma fonte contínua de cuidado para a empresa. De acordo com uma reportagem recente da Reuters, a Aerojet Rocketdyne, subcontratada que fabrica as válvulas, sediada no Alabama, tem entrado em conflito com a Boeing por causa das peças.

    A Boeing e a Nasa também se estranharam, de acordo com a reportagem e comentários dos funcionários da Nasa durante as recentes coletivas de imprensa.

    Uma investigação apontou como culpada a umidade entrando nas válvulas e causando “corrosão” e “ligação” entre partes, conforme o próprio vice-presidente e gerente de programa Starliner, Nappi, revelou em uma coletiva na semana passada.

    Isso levou a empresa a elaborar uma solução de curto prazo, criando um sistema de purga, que envolve um pequeno saco projetado para afastar a umidade causadora de corrosão. A Nasa e a Boeing dizem que estão confortáveis com essa solução.

    “Estamos em boa forma para voar com esse sistema”, declarou Steve Stich, gerente do Programa de Tripulação Comercial da Nasa, na semana passada.

    Mas isso pode não ser a solução perfeita. A Boeing revelou também que poderá ter de redesenhar as válvulas.
    “Há alguns testes adicionais que queremos fazer e, com base nesses resultados, solidificaremos que tipo de mudanças faremos no futuro”, comentou Nappi. “Provavelmente saberemos mais nos próximos meses”.

    Se a Boeing avançar com uma reformulação mais extensa das válvulas, não fica claro quanto tempo isso levaria – o que pode atrasar ainda mais a primeira missão com astronautas da Boeing. Os problemas com a Starliner também custaram à empresa cerca de meio bilhão de dólares, de acordo com documentos públicos.

    Entretanto, a SpaceX, outrora considerada como a concorrente mais fraca no Programa de Tripulação Comercial da Nasa, já lançou cinco missões com astronautas para a Nasa, bem como duas missões de turismo. A Crew Dragon, da SpaceX, foi a primeira a transportar astronautas para órbita a partir do solo dos Estados Unidos, desde que o Programa Space Shuttle foi encerrado em 2011.

    Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.

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