BDRs poderão ser negociadas por qualquer investidor a partir de quinta (22)
Há cerca de 600 títulos do gênero disponíveis na B3, a maioria deles de grandes empresas dos EUA
A B3 anunciou na terça-feira (20) que a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) aprovou mudanças no Regulamento para Listagem de Emissores. Com isso, os Brazilian Depositary Receipts, ou BDRs, passam a ficar acessíveis a todos os investidores a partir da próxima quinta-feira (22).
As mudanças, que já haviam sido anunciadas em agosto pela B3, animaram parte do mercado e mostram o desejo da bolsa de São Paulo de expandir a variedade de modalidades de investimento disponíveis ao pequeno investidor.
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Estes papéis funcionam como certificados que representam ações de empresas listadas em bolsas de outros países. Por meio deles, é possível investir em empresas como Apple, Netflix e Amazon, listadas na Nasdaq, por exemplo.
Na prática, funciona assim: uma empresa – chamada no processo de instituição depositária – compra as ações lá fora, as deposita em uma instituição financeira que atua como custodiante e emite os BDRs no Brasil. E esses certificados são disponibilizados na B3.
Há ainda a opção de a própria empresa que emite as ações ser a responsável pela emissão dos BDRs. Em ambos os casos, quando você compra BDRs, não está comprando diretamente a ação da Netflix na Nasdaq, por exemplo, mas está comprando um título que equivale àquele papel.
Como investir em BDRs
Há cerca de 600 títulos do gênero disponíveis na B3, a maioria deles de grandes empresas dos EUA. Comprar BDRs é uma maneira de diversificar os investimentos, já que os certificados dão acesso a ações listadas em outros países.
Não é preciso abrir conta em corretoras estrangeiras, esses títulos chegam ao investidor brasileiro pela B3 – e cotados em reais. Os títulos ficarão disponíveis em home brokers e sites de corretoras e bancos.
Ao mesmo tempo, os investidores precisam fazer seu dever de casa e estudar sobre as empresas em que apostam, já que os ativos sofrem mudanças de acordo com os resultados dessas companhias, como acontece no mercado tradicional.
Novos ETFs
A mudança na legislação para BDRs pode ter criado, por outro lado, espaço para ampliação de um outro mercado, o de ETFs.
Estes títulos, tradicionais nos Estados Unidos e, em boa parte, trazidos para cá pela BlackRock, replicam índices como o brasileiro Ibovespa ou o americano S&P 500, agrupando uma série de ações em um papel só. Ou seja, se o IBOV se valorizou 3,4% no dia, o BOVA11, ETF do índice, terá resultado parecido.
Agora, com a democratização das BDRs, Carlos Takahashi, presidente da BlackRock, acredita que a empresa pode passar a oferecer produtos não relacionados ao Brasil.
“O custo para estruturar um ETF localmente é maior do que o necessário para estabelecer um BDR. Como já temos diversos fundos de índice criados lá fora, é mais eficiente trazê-los através dos BDRs”, diz. “Agora precisamos realizar conversas com os emissores dos certificados para avaliar a possibilidade.”
Para Cacá, como o gestor é conhecido, o próximo passo decidir quais tipos de ativo importar para o mercado brasileiro, a exemplo dos fundos de ESG (governança ambiental, social e corporativa). “É preciso discutir as tendências de mercado e definir o que vamos trazer”, explica. “Existem, por exemplo, muitos índices globais com exposição a empresas asiáticas, europeias.”
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