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    Bancos centrais da Europa elevam taxas de juros para combater inflação

    Suíça e Hungria surpreenderam o mercado com altas, enquanto o Reino Unido subiu os juros pela quinta vez consecutiva

    John RevilAndy Bruceda Reuters

    Bancos centrais de toda a Europa elevaram suas taxas de juros nesta quinta-feira (16), alguns em valores que chocaram os mercados, e sugeriram custos de empréstimos ainda mais altos para controlar a inflação crescente que está corroendo as poupanças e espremendo os lucros das empresas.

    Alimentada inicialmente pelo aumento dos preços do petróleo após a invasão da Ucrânia pela Rússia, a inflação se ampliou para tudo, de alimentos a serviços, com leituras de dois dígitos em partes do continente.

    Tais níveis não foram vistos em alguns lugares desde o rescaldo da crise do petróleo da década de 1970.

    O Banco Nacional Suíço (SNB) e o Banco Nacional da Hungria pegaram os mercados desprevenidos com grandes movimentos ascendentes, poucas horas depois de seu homólogo americano, o Federal Reserve, elevar as taxas em 0,75 ponto percentual, o maior aumento desde 1994.

    Enquanto isso, o Banco da Inglaterra elevou os custos dos empréstimos em 0,25 p.p., o que esperado pelos mercados.

    As medidas ocorrem apenas um dia depois do Banco Central Europeu (BCE) ter acordado planos em uma reunião de emergência para conter os custos dos empréstimos no sul do bloco para que ele possa avançar com os aumentos das taxas em julho e setembro.

    “Estamos em uma nova era para os bancos centrais, onde a redução da inflação é seu único objetivo, mesmo às custas da estabilidade financeira e do crescimento”, disse George Lagarias, economista-chefe da Mazars Wealth Management.

    Os maiores movimentos do dia ocorreram na Suíça, onde o SNB elevou sua taxa básica de juros de -0,75% para -0,25%, um passo tão grande que nem um único economista consultado pela Reuters havia previsto.

    A primeira alta do SNB desde 2007 não deve ser a última, no entanto, e o banco pode sair do território negativo neste ano, disseram alguns economistas.

    “A nova previsão de inflação mostra que mais aumentos na taxa básica podem ser necessários no futuro próximo”, disse o presidente do SNB, Thomas Jordan, em entrevista coletiva.

    O franco suíço saltou quase 1,8% em relação ao euro com a decisão, e caminha para a maior alta diária desde janeiro de 2015, quando o SNB desvinculou o franco de sua paridade com o euro.

    Corda bamba

    Em Londres, o Banco da Inglaterra (BoE) foi mais cauteloso, subindo os juros para 1,25%, mas disse estar pronto para agir “com força” para acabar com os perigos de uma taxa de inflação acima de 11%.

    Foi a quinta vez que o BoE aumentou os custos de empréstimos desde dezembro, e a taxa de referência britânica está agora no seu nível mais alto desde janeiro de 2009.

    Três dos nove formadores da taxa, no entanto, votaram por um aumento maior, de 0,5 p.p., sugerindo que o banco estará sob pressão para continuar aumentando as taxas, mesmo com o crescimento econômico desacelerando acentuadamente.

    “Os banqueiros centrais estão andando na corda bamba, com preocupação de que aumentar as taxas muito rapidamente possa levar as economias à recessão”, disse Maike Currie, diretora de investimentos para investimentos pessoais da Fidelity International.

    “O aperto da política monetária é uma ferramenta muito contundente para gerenciar uma situação muito precária”.

    Apesar do aumento, a libra esterlina caiu acentuadamente, já que alguns no mercado apostaram em um movimento maior, devido à alta pelo Fed. A moeda mais fraca, no entanto, significa inflação importada mais alta e mais pressão para aumentar as taxas.

    A libra fechou cotada em US$ 1,2085, uma queda de 0,75% no dia.

    Enquanto isso, em Budapeste, o banco central húngaro elevou inesperadamente sua taxa de depósito de uma semana em 0,5 p.p., para 7,25%, em um leilão semanal, também para domar a inflação teimosamente crescente e agora em dois dígitos.

    Barnabas Virag, vice-governador do banco, disse que o aumento está longe de ser o último, e que a autarquia continuará seu ciclo de aumento de taxas com passos “previsíveis e decisivos” até ver sinais de que a inflação está atingindo o pico, provavelmente no outono.

    A alta também ocorre porque a moeda do país perdeu cerca de 7% de seu valor neste ano, aumentando ainda mais a inflação por meio de preços de importação mais altos.