Banco Central Europeu acompanha EUA e eleva juros em 0,25 ponto, para 3,25% ao ano
Esta foi a sétima alta consecutiva; desde de julho de 2022, o BCE aumentou os juros em 3,75 pontos
O Banco Central Europeu (BCE) elevou a taxa de juros em 0,25 ponto porcentual, para 3,25% ao ano, em linha com esperado por analistas e pelo mercado. No anúncio, feito nesta quinta-feira (4), a autoridade monetária disse também que deixará de reinvestir o dinheiro da dívida vencida em seu Programa de Compra de Ativos de 3,2 trilhões de euros a partir de julho. Na quarta-feira (3), o banco centra dos Estados Unidos elevou sua taxa básica de juros também em 0,25 ponto, para a faixa de 5% a 5,25% ao ano.
Esta foi a sétima vez consecutiva em que o BCE elevou a taxa que paga sobre depósitos de bancos, a referencial para a zona do euro.
Ao todo, o banco central dos 20 países que compartilham o euro elevou os juros em um total de 3,75 pontos desde julho passado, seu ritmo mais rápido de aperto. Novos movimentos ainda são prováveis devido às crescentes pressões salariais e de preços.
A alta dos juros, uma desaceleração após três aumentos consecutivos de 0,5 ponto, ocorre apenas alguns dias depois que dados bancários da zona do euro mostraram a maior queda na demanda por empréstimos em mais de uma década. Isso sugere que aumentos de juros anteriores estão afetando a economia e que as políticas do BCE agora estão restringindo o crescimento.
O banco, no entanto, não forneceu nenhuma orientação sobre movimentos futuros.
“O Conselho do BCE continuará a seguir uma abordagem dependente de dados para determinar o nível apropriado e a duração da restrição”, afirmou o BCE em comunicado.
“As decisões sobre os juros continuarão a se basear em sua avaliação das perspectivas de inflação à luz dos dados econômicos e financeiros recebidos, da dinâmica da inflação subjacente e da força da transmissão da política monetária”, acrescentou.
As autoridades estavam divididos antes da reunião entre um aumento de 25 pontos-base e 50 pontos, mas os mercados e economistas apostaram fortemente no aumento menor após dados fracos nas últimas semanas e moderação semelhante por outros grandes bancos centrais.
Apoiando uma alta menor, a economia da zona do euro mal cresceu no último trimestre e os bancos estavam restringindo o acesso ao crédito, aumentando o risco de que tal tendência pudesse se transformar em uma crise de crédito total e prejudicar ainda mais o crescimento.
A inflação subjacente também parou de subir – pelo menos por enquanto.
Somando-se à cautela, a maioria dos grandes bancos centrais do mundo está agora optando por incrementos de 25 pontos-base após grandes altas anteriores, e o Federal Reserve dos EUA até sinalizou na quarta-feira que pode fazer uma pausa.
“No geral, as informações recebidas apoiam amplamente a avaliação da perspectiva de inflação de médio prazo que o Conselho do BCE formou em sua reunião anterior”, disse o BCE, que não cumpriu sua meta de inflação de 2% na última década.
Mas como outros bancos centrais, incluindo o Banco da Inglaterra, o BCE ainda deve aumentar os custos de empréstimos várias vezes antes de atingir a taxa máxima de 3,75%, já que a inflação pode levar anos para voltar à meta de 2%.
Embora a inflação geral tenha caído acentuadamente em relação às leituras de dois dígitos anteriores, as pressões de preços subjacentes ainda estão crescendo, sugerindo que o crescimento dos preços pode se estabilizar acima da meta do BCE, a menos que o banco suba mais os juros.
Esses riscos são exacerbados por um mercado de trabalho apertado, especialmente porque o crescimento dos salários foi mais rápido do que o previsto e a taxa de desemprego caiu para o nível mais baixo de todos os tempos, apesar do ambiente quase recessivo.