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    Banco central da Rússia retomará compras de ouro no mercado doméstico

    Estados Unidos, Japão, Austrália, Reino Unido, Nova Zelandia, Alemanha e Taiwan decretaram sanções que deixaram a economia russa instável

    Banco Central da Rússia, em Moscou
    Banco Central da Rússia, em Moscou 11/02/2019REUTERS/Maxim Shemetov

    Artur Nicocelida CNN*

    em São Paulo

    Como medida para tentar garantir alguma estabilidade financeira durante as sanções ocidentais contra Moscou por sua invasão da Ucrânia, o banco central da Rússia disse neste domingo (27) que retomará a compra de ouro no mercado doméstico a partir de segunda-feira (28). A cidade já está pagando um alto preço financeiro por sua agressão.

    O índice de ações MOEX de Moscou caiu 1,5% na terça-feira, depois de cair mais de 10% na segunda-feira, trazendo perdas até agora este ano para cerca de 20%. As ações da petrolífera russa Rosneft foram as mais atingidas na terça-feira, caindo 7,5%. No total, mais de US$ 30 bilhões foram eliminados do valor das ações russas somente nesta semana.

    “Esperamos mais quedas no curto prazo no mercado de ações russo”, escreveram analistas do JPMorgan Chase em nota aos clientes na última terça-feira.

    Desde o presidente russo, Vladimir Putin, decidiu invadir a Ucrânia, na última quinta-feira (24), diversos países têm tomado medidas e sanções como forma de retaliação ao governo russo. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, informou, neste domingo (27), que a União Europeia fechará o espaço aéreo para aviões russos e proibirá que estatais russas Today e Sputnik passem propagandas russas.

    Mas essa não foi a primeira medida declarada por Ursula. Na véspera, ela disse que bancos russos selecionados foram excluídos do sistema global de pagamentos, o Swift.

    “Vamos responsabilizar a Rússia e garantir coletivamente que esta guerra seja um fracasso estratégico para Putin”, escreveram os líderes da Comissão Europeia, França, Alemanha, Itália, Reino Unido, Canadá e Estados Unidos.

    O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, também assinou uma ordem executiva que impõe sanções financeiras às regiões separatistas da Ucrânia na segunda-feira (21). Foi proibido qualquer “novo investimento” feito por um cidadão americano, independente de qual região do mundo ele estiver, às áreas reconhecidas como independentes por Putin.

    Sendo assim, nenhum americano poderá fazer qualquer aprovação, financiamento ou facilitação de transações para uma pessoa estrangeira que está nas duas regiões separatistas.

    Donetsk e Luhanks também não poderão importar, direta ou indiretamente, quaisquer bens, serviços ou tecnologia para os Estados Unidos. A exportação, reexportação, venda ou fornecimento também ficam proibidas.

    Dentro do pacote de sanções financeiras, o presidente dos EUA também declarou:

    • Bloqueio total em duas grandes instituições financeiras russas: VEB e o banco militar russo;
    • Restrições contra a dívida soberana da Rússia por meio da proibição de negociação e corte do financiamento ocidental;
    • Sanções às elites russas e seus familiares, que Biden afirmou compartilharem “os ganhos corruptos das políticas do Kremlin”

    Quem também anunciou sanções foi o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, contra cinco bancos russos e três executivos de alto escalão do país. O premiê pediu para que as demais nações ocidentais também impusessem bloqueios às instituições financeiras russas.

    “O Reino Unido está sancionando os seguintes bancos: Rossiya, IS Bank, General Bank, Promsvyazbank e o Black Sea Bank, assim como três indivíduos”, disse Johnson ao Parlamento. São eles Gennady Timchenko, Igor Rotenberg e Boris Rotenberg.

    E a decisão da Alemanha na terça-feira de interromper a certificação do gasoduto Nord Stream 2 mostra que a Europa está disposta a atacar a enorme indústria de energia da Rússia, mesmo que isso signifique preços mais altos do gás natural para os consumidores da UE.

    A Nova Zelândia e Taiwan anunciaram na sexta-feira (25) que se juntaria às sanções econômicas contra a Rússia

    O primeiro país está proibindo a exportação de mercadorias para as forças militares e de segurança russas em resposta à invasão da Ucrânia.

    A primeira-ministra Jacinda Ardern anunciou que cortaria o comércio com a Rússia e imporia proibições de viagem contra autoridades russas, enquanto continuava pedindo um retorno ao diálogo diplomático para resolver a crise.

    Já Taiwan não especificou quais medidas estavam sendo consideradas.

    Em um comunicado, o Ministério das Relações Exteriores disse que “condena veementemente” a decisão da Rússia de iniciar uma guerra contra a Ucrânia, acrescentando que isso representa uma séria ameaça à ordem internacional baseada em regras.

    Taiwan é líder global na produção de semicondutores.

    Perspectivas para o futuro próximo

    O Japão vai impor uma série de sanções contra instituições financeiras russas, organizações militares e indivíduos em resposta à invasão da Ucrânia, anunciou o primeiro-ministro Fumio Kishida na sexta-feira (25).

    A gama de medidas inclui o congelamento dos ativos de certos indivíduos e instituições financeiras russas, além de proibir as exportações para organizações militares russas.

    “Em resposta a essa situação, fortaleceremos nossas medidas de sanção em estreita cooperação com o G7 e o resto da comunidade internacional”, disse Kishida em entrevista coletiva na sexta-feira.

    Ao mesmo tempo, a Austrália disse na sexta-feira que “começaria a impor novas sanções aos oligarcas, cujo peso econômico é de importância estratégica para Moscou e mais de 300 membros da Duma russa, seu parlamento”.

    Falando em uma entrevista coletiva, o primeiro-ministro Scott Morrison acrescentou que Camberra “também estava trabalhando durante a noite com os Estados Unidos para se alinhar com suas novas sanções sobre os principais indivíduos e entidades bielorrussas cúmplices do ataque, então estamos estendendo essas sanções à Belarus”.

    A nova rodada de medidas veio depois que a Austrália impôs proibições de viagem e sanções financeiras direcionadas a oito membros do Conselho de Segurança da Federação Russa na quinta-feira (24).

    Entenda o conflito

    Após meses de escalada militar e intemperança na fronteira com a Ucrânia, a Rússia atacou o país do Leste Europeu. No amanhecer de quinta-feira (24), as forças russas começaram a bombardear diversas regiões do país.

    Horas mais cedo, o presidente russo, Vladimir Putin, autorizou uma “operação militar especial” na região de Donbas (ao Leste da Ucrânia, onde estão as regiões separatistas de Luhansk e Donetsk, as quais ele reconheceu independência).

    O que se viu nas horas a seguir, porém, foi um ataque a quase todo o território ucraniano, com explosões em várias cidades, incluindo a capital Kiev.

    Pelo menos 64 civis foram mortos desde que a Rússia invadiu a Ucrânia, informou a ONU neste domingo (27).

    O Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários da agência relatou “pelo menos 240 vítimas civis, incluindo pelo menos 64 pessoas mortas” nos combates que eclodiram desde que Moscou lançou o ataque contra a Ucrânia.

    Esse ataque ao ex-vizinho soviético ameaça desestabilizar a Europa e envolver os Estados Unidos. A Rússia vem reforçando seu controle militar em torno da Ucrânia desde o ano passado, acumulando dezenas de milhares de tropas, equipamentos e artilharia nas portas do país.

    Nas últimas semanas, os esforços diplomáticos para acalmar as tensões não tiveram êxito.

    *Com informação da Reuters e Charles Riley, da CNN