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    Avanço da vacinação favorece investimento no setor de saúde, dizem analistas

    Após período de turbulência por conta da pandemia da Covid-19, tanto redes hospitalares quanto operadoras de planos de saúde têm perspectivas promissoras

    Dose de vacina contra a Covid-19 sendo preparada por profissional de saúde.
    Dose de vacina contra a Covid-19 sendo preparada por profissional de saúde. Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

    Artur Nicocelido CNN Brasil Business*

    São Paulo

    Após um período de altos e baixos, durante a pandemia, dos papéis das empresas do setor de saúde, 2022 deverá ser um período de normalização. Especialistas entrevistados pelo CNN Brasil Business veem oportunidades para os investidores junto a redes hospitalares e operadoras de planos de saúde com o avanço da vacinação e os impactos da variante Ômicron menores do que o previsto.

    “A vacinação tem um impacto positivo nos segmentos. A população vacinada tem menos internações e, consequentemente, demandas pelo convênio”, afirma Jansen Costa, sócio-fundador da Fatorial Investimentos.

    O Brasil ultrapassou a marca de 80% do público-alvo com duas doses da vacina contra Covid-19, em 28 de dezembro.

    Leo Monteiro, analista da Ativa Investimentos, atribui a queda da demanda por sinistros, que é quando o plano de saúde é acionado para cobrir qualquer procedimento (exames, consultas e cirurgias), à imunização nacional contra o coronavírus e ao impacto menor do que o previsto para a Ômicron.

    Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a Ômicron contamina cem pessoas a cada três segundos no mundo. Ainda assim ela é considerada menos agressiva que as linhagens anteriores. Dados do Ministério da Saúde aqui do Brasil apontam que os óbitos crescem mais lentamente se comparado ao número de casos da variante.

    Para Monteiro, um reflexo da variante pode ser a necessidade de maior testagem, em um momento de aumento dos casos e falta de material, “o que trará mais custo para os hospitais na aquisição de insumos, podendo impactar no caixa das companhias”.

    Uma pesquisa feita pelo Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo (Sindhosp) revelou que 88% dos laboratórios privados no estado, por exemplo, enfrentam problemas para a reposição de testes de Covid-19 e influenza.

    Mesmo em meio a algumas incertezas, os especialistas avaliam maior estabilidade tanto para redes hospitalares quanto para operadoras de planos de saúde ao longo de 2022, com um cenário mais favorável para os investidores no mercado de saúde como um todo.

    “Neste ano deve haver uma maior redução nas despesas em relação à pandemia, o que pode trazer um movimento positivo no crescimento inorgânico [união da operação de duas companhias] do setor”, argumenta Monteiro. “Mais para frente teremos diversas fusões e aquisições”.

    “O que deve deixar o setor mais interessante para os investidores”, complementa Costa.

    A operadora de saúde Hapvida informou na segunda-feira (7) que a aquisição da rival Notre Dame Intermédica deve resultar em R$ 1,38 bilhão em sinergia operacional até 2024.

    Monteiro afirma ainda que o reajuste nos planos de saúde ao longo de 2022 também deve permitir que as operadores  consigam negociar margens melhores nos contratos com seus clientes, impactando positivamente no resultado dos papéis das companhias.

    O número de beneficiários de planos de saúde alcançou a marca de 48.995.883 em dezembro do ano passado, aumento de 0,58% em relação a novembro, segundo a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar).

    “Talvez a dinâmica no primeiro semestre seja entender qual foi o real impacto da Ômicron e, no segundo semestre, mesmo com a imprevisibilidade, pode haver uma normalização nos dois segmentos“, diz o analista da Ativa. “Assim, enxergamos que 2022 terá janelas de oportunidades para se investir no setor de saúde”.

    “Mas os acionistas precisam entender que não temos como ter certeza se haverá uma nova variante e qual será o real impacto dela”, afirma Monteiro.

    Levantamento da Economatica, feito a pedido do CNN Brasil Business, mostra como foi o desempenho dos papéis das redes hospitalares e das gestoras de planos em 2022 (até 4 de fevereiro):

    Trajetória dos setores

    Os especialistas afirmam que a volatilidade no setor de saúde se intensificou em março de 2020, quando o Ministério da Saúde confirmou o primeiro caso de coronavírus no Brasil.

    “Com o início do lockdown, as pessoas ficaram mais em casa, então as redes hospitalares tiveram uma redução nas operações eletivas, o que trouxe uma queda na receita das companhias”, diz Leo Monteiro, da Ativa. “Consequentemente, tombando os papéis na bolsa”.

    Neste cenário e com caixa reduzido, as redes tiveram que duplicar a gestão dos hospitais, criando uma ala especializada em pessoas com Covid-19 e outra ala para os não contaminados.

    Por outro lado, os planos de saúde tiveram um alívio em 2020, afirma Costa. Ele explica que devido ao isolamento social, os brasileiros ficaram mais em casa e “os sinistros cobrados no ano foram menores que 2019, o que favoreceu as companhias do setor”.

    Já em 2021, os setores trocaram de posição. Enquanto as companhias de planos de saúde viram suas ações escorregando, as redes hospitalares enxergaram um mercado positivo na bolsa.

    Tanto que a Kora Saúde e a Mater Dei listaram suas ações na B3 no ano passado, e a Rede D’Or, em 11 de dezembro de 2020.

    Com o começo da campanha de vacinação, “as pessoas começaram a retomar os procedimentos eletivos, tendo uma alta no valor dos sinistros, enquanto reduzia a quantidade de hospitalizações por conta da imunização”, afirma Monteiro.

    “Assim, esse movimento dos sinistros puxou os papéis das gestoras de plano para baixo, ao longo do ano anterior [2021]”, diz o analista da Ativa. “Enquanto a redução no número de leitos relacionados à Covid-19 deu fôlego para as ações das companhias hospitalares”.

    *Com Reuters