Varejo não vai aceitar aumento de impostos, diz Luiza Trajano, do Magazine Luiza
Empresária do Magazine Luiza diz que empresa conseguiu contratar 300 pessoas nos últimos dias graças a adaptação ao comércio digital
A presidente do conselho do Magazine Luiza, Luiza Trajano, afirmou que o setor produtivo não irá aceitar aumentos de impostos. A fala ocorreu após a empresária ser questionada sobre a criação de um novo imposto nos moldes da antiga CPMF. Segundo ela, antes da criação de uma nova tributação, o governo precisa pensar na modernização do sistema tributário.
“O governo precisa criar medidas para modernizar e desburocratizar o país e elas precisam ser imediatas”, disse Trajano em entrevista à CNN. “Precisamos de facilidades no crédito para pequenas empresas e simplificar o sistema tributário através da modernização. A respeito do aumento de impostos, não quero nem saber se é CPMF, mas esqueça. O setor produtivo não irá tolerar isso.”
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Ela defende uma modernização no sistema de pagamento de impostos através da digitalização dos processos. Disse também que o governo precisa se atentar a não onerar mais a cadeia produtiva. A reclamação de Trajano não foi à toa: o setor de serviços seria um dos mais onerados pela reforma tributaria proposta pelo governo.
Saúde financeira
Enquanto o Brasil pena para sair da crise, o Magazine Luiza está indo muito bem, segundo Trajano. Um dos exemplos que a empresária deu foi a contratação de 300 pessoas em plena pandemia. De acordo com ela, isso só ocorreu porque a companhia está passando um por processo de digitalização contínuo – e que foi muito acelerado na pandemia.
Os investidores também estão contentes com o que a empresa vem mostrando até agora. Desde o início do ano, as ações do Magazine Luiza negociadas na bolsa de valores de São Paulo, a B3, já tiveram um salto de 67%. Enquanto isso, no mesmo período, o Ibovespa, que é o principal índice da B3, caiu 9,6%.
“O varejo foi atingido, porém nosso segmento se saiu melhor na pandemia especialmente aqueles que estavam preparados para o comércio digital”, diz Trajano.
“Sempre acreditei que o digital é uma cultura e que ia demorar para ser implementada, mas a pandemia acelerou este processo. As lojas físicas não vão acabar, mas vão se tornar um complemento do e-commerce.”
A empresária também está à frente do grupo Mulheres do Brasil que, entre outras bandeiras, o combate à violência contra a mulher, igualdade social da mulher negra, inserção de refugiados na sociedade e o empreendedorismo.
Não por acaso, Trajano disse que sua atuação nos últimos meses foi focada na tentativa de evitar demissões por parte de pequenas e médias empresas, que segundo ela gera 85% dos empregos no país.
“Um país em desenvolvimento vive de renda e crédito, e quem garante isso é o emprego. Se você tira o emprego você acaba com seu próprio consumo. Tentei ao máximo fazer com que empresas não demitissem.”
(Edição: André Jankavski)