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    Ata do Copom reforça tom de cautela do BC sobre juros, avaliam economistas

    Segundo especialistas, a autoridade monetária vê com cautela a manutenção da Selic para convergência da inflação na meta em 2024

    Fabrício Juliãodo CNN Brasil Business em São Paulo

    A ata do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central do Brasil, trouxe uma expectativa menor para o IPCA deste ano, de 5,8% ante 6,8% na última reunião. Apesar da revisão positiva, economistas disseram ao CNN Brasil Business que o grupo manteve um tom mais duro em relação à inflação convergir com a meta estipulada em 2024.

    Para Rafaela Vitória, economista-chefe do Inter, a ata divulgada nesta terça-feira (27) reforçou o tom de cautela do BC em relação aos riscos do cenário para a inflação. Segundo ela, mesmo com a atividade mais forte que o esperado, o comitê ressalta que medidas de ociosidade da economia tem elevada incerteza.

    “Em um cenário alternativo de menor ociosidade estimada, o impacto nas projeções de inflação ainda seria pequeno, indicando os resultados na ata. Por outro lado, o Copom reconhece que o aumento dos juros ao longo do ciclo foi significativo e a defasagem está mais longa, ou seja, a economia ainda vai sentir o impacto da restrição da política monetária, por isso a importância da pausa nesse momento”, destacou.

    O Copom optou pela manutenção da Selic em 13,75% na última reunião, mas a decisão não foi unanime, com dois membros defendendo a elevação da taxa básica em 0,25 ponto percentual.

    Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, afirmou que a discussão para a elevação do juro foi intensa, e o BC ressaltou no comunicado uma assimetria pró retomada de altas de juros, principalmente pela ênfase dada à opinião dos dissidentes.

    “Caso não haja um alívio das expectativas, a autoridade não se furtará em retomar o ciclo de alta de juros. Em outras palavras, caso a desinflação não se consolide conforme o esperado, a autoridade subirá o juro novamente”, salientou o economista.

    “Avaliamos que apesar dos aspectos marginalmente hawkish (mais duro) da autoridade, a comunicação busca afastar cenários com cortes de juros precoces”, acrescentou.

    Segundo o economista, o comunicado do Copom não alterou a projeção da Ativa de manutenção da Selic em 13,75% até maio de 2023, quando deverá iniciar o ciclo de baixa. Esta é a mesma visão da XP, que acredita que até meados do próximo ano a taxa básica de juros deve ficar inalterada.

    “Acreditamos que a desinflação global em 2023 ajudará o Copom a trazer a inflação para a trajetória da meta até 2024, abrindo espaço para algum afrouxamento monetário. Mas não antes de meados do ano que vem”, destacou Caio Megale, economista-chefe da XP.

    Na visão de Megale, o Copom deixou claro que a discussão atual se concentra na avaliação da postura monetária, se ela está apertada o suficiente.

    “Se necessário, o Copom pode retomar a alta das taxas ou manter a Selic nos níveis atuais por mais tempo do que o esperado pelos analistas de mercado”, afirmou.

    O economista disse que a dinâmica da inflação de serviços, as expectativas do IPCA para 2023 e 2024 e as perspectivas fiscais domésticas incertas, que podem se tornar uma fonte de pressões inflacionárias adicionais à frente, podem pesar nas próximas decisões do Copom.

    Por outro lado, o economista-chefe da Neo Investimentos, Luciano Sobral, declarou que acredita que um aumento dos juros só ocorreria com uma mudança “grande” de cenário, com o IPCA projetado para 2023 próximo a 6%.

    “O cenário-base segue de Selic parada por vários meses. Acreditamos que só haverá espaço para quedas nos juros no segundo semestre do ano que vem, apesar de parte do mercado precificar cortes no primeiro trimestre, com inflação já próxima à meta no início de 2024”, pontuou.