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    Argentina: entenda alta histórica do dólar paralelo a poucos dias das eleições presidenciais

    Moeda bateu novo recorde nesta terça-feira (10), com cotação que chegou a atingir 1.050 pesos (R$ 15,15) na máxima do dia

    Marco acontece a 12 dias das eleições presidenciais no país
    Marco acontece a 12 dias das eleições presidenciais no país REUTERS/Rick Wilking

    Amanda Sampaioda CNN

    São Paulo

    O dólar paralelo, também conhecido como dólar “blue”, bateu recorde histórico nesta terça-feira (10) na Argentina, fechando a 1.010 pesos (R$ 14,58), segundo o jornal Clarín. Mais cedo, a cotação chegou a operar em 1.050 pesos (R$ 15,15).

    O marco acontece a 12 dias das eleições presidenciais no país, em meio a incertezas eleitorais.

    Para a professora de economia do Insper, Juliana Inhasz, a guinada da moeda é reflexo do risco elevado que a Argentina tem representado nos últimos tempos, com questões econômicas e políticas no cardápio de um cenário descrito pela acadêmica como “caótico”.

    Segundo ela, esse é justamente o motivo que leva a população a buscar o dólar como “porto seguro”.

    “O que acontece nessa nova arrancada da cotação do dólar blue é que o governo argentino novamente começou a usar medidas que não são as medidas mais ortodoxas, ou mais esperadas, para conseguir segurar a fuga de dólar, a fuga de capital do país”, explica Inhasz.

    Entre as medidas, estão barreiras do governo de Alberto Fernández às importações. Como resultado, cerca de dez mil veículos produzidos no Brasil esperam em portos argentinos autorização para entrar no país vizinho.

    “O que ele [governo] está fazendo, no final das contas, é tentar segurar cada vez mais, com barreiras e burocracias, o dinheiro lá. E isso dá a nítida impressão de que a situação vai piorar, porque se ele estivesse fazendo o que deveria para a economia ser saudável, ele não precisaria fechar tantas portas”, avalia.

    “A questão é que quando eles não conseguem fazer o que precisam fazer, e, ao mesmo tempo começam a usar de medidas não muito esperadas para conter a oscilação, eles, na verdade, geram uma corrida por esse dólar num mercado que não é o oficial. As pessoas entendem que preferem ‘perder’ hoje com essa cotação paralela do que esperar e a moeda perder muito valor na cotação oficial”, acrescenta.

    Para Inhasz, o aumento da cotação é sinal cada vez maior de que as pessoas estão tentando criar qualquer tipo de proteção contra a perda do poder de compra do peso argentino.

    O economista-chefe da Valor Investimentos, Piter Carvalho, utiliza como exemplo os planos do candidato à Presidência pelo La Libertad Avanza, Javier Milei, em uma possível vitória no pleito.

    Entre as propostas de Milei, estão a dolarização da economia do país e até o fechamento do Banco Central argentino.

    “Isso obviamente injetaria muitos dólares na economia e poderia baixar o preço da moeda em um primeiro momento, mas a longo prazo deve dar errado, assim como deu no passado. Esse e outros projetos trazem muita incerteza para o país, que pode continuar com seus problemas. Nossa perspectiva é de uma alta do dólar, principalmente se ele levar a ferro e fogo esses projetos”, analisa.

    Piter avalia que o mundo tem “muito pouco limite para risco”.

    “Qualquer princípio de risco maior, o capital a segue para outro país ou porto seguro, como são os Estados Unidos, onde a gente tem um título americano de 10 anos pagando mais de quase 5%”, conclui.

    Veja também: Dólar dispara na Argentina após resultado das urnas