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    Varejo já sente efeitos da pandemia e lojistas pedem socorro ao poder público

    Queda de 6% preocupa empresários, que negociam subsídio do governo federal

    Pouquíssimos pedestres passam pela fachada do Shopping Cidade São Paulo, na Avenida Paulista, região central da capital, fechado para o público, a partir desta quinta-feira (19)
    Pouquíssimos pedestres passam pela fachada do Shopping Cidade São Paulo, na Avenida Paulista, região central da capital, fechado para o público, a partir desta quinta-feira (19) Foto: Fábio Vieira/Estadão Conteúdo

    Manuela Tecchio

    do CNN Brasil Business

    Se as empresas de viagem e grandes companhias aéreas sofreram o impacto financeiro mais imediato da pandemia de coronavírus, agora o varejo deve ajudar a pagar a conta. Depois que uma série de governos decretou o fechamento de estabelecimentos de grande público, como academias, bares e shoppings, organizações de lojistas começam a pedir socorro ao poder público.

    Já era possível, no entanto, notar o problema antes do anúncio da paralisação. Um estudo divulgado recentemente pela Cielo apontou que o faturamento do varejo na última semana apresentou uma queda de 6% em relação ao mesmo período do mês anterior. Apenas supermercados e farmácias conseguiram escapar do prejuízo, com aumento nas vendas de mais de 13% e 16%, respectivamente.

    A situação deve piorar ainda mais com a paralisação, que entra em vigor já a partir desta semana, em cidades como Rio de Janeiro, Brasília e Belo Horizonte. Em São Paulo, o governador do estado, João Dória, decretou o fechamento dos shoppings da capital paulista até o dia 30 de abril, período que preocupa empresários do setor.

    Na maioria dos casos, lojas de produtos considerados básicos ou essenciais, como supermercados e farmácias, além de prestadores de serviço, como lotéricas e agências bancárias, devem continuar atendendo, mesmo os situados dentro de shopping centers. Os horários de funcionamento, entretanto, devem sofrer alteração.

    Em uma das últimas medidas anunciadas para conter os efeitos da pandemia no setor, a agência de desenvolvimento Desenvolve SP, ligada ao governo paulista, cerca de R$ 475 milhões em financiamentos para micro e pequenas empresas. A verba, que se soma a outros R$ 25 milhões em microcrédito fornecidos pelo Banco do Povo, também estatal, deve aliviar o capital de giro das lojas, que ganham prazos que variam de 60 dias a um ano para quitar os empréstimos.

    O presidente da Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop), Nabil Sahyoun, está em negociação também com o governo federal por mais recursos para os lojistas do setor. A principal preocupação, segundo ele, é garantir os postos de emprego e, para isso, uma das propostas é solicitar à União o repasse de parte do Fundo de Amparo ao Trabalhador, abastecido pelo recolhimento de impostos.

    “É preciso que o governo federal faça sua parte, que olhe com carinho para a situação. Se nos disponibilizar uma pequena parte, já conseguimos passar por essa crise sem agredir os pequenos empresários. Mas é preciso olhar também para os médios”, avalia.

    No último ano, o setor representou um faturamento de mais de R$ 190 bilhões. Cerca de 30% desse rendimento está concentrado no estado, que hoje conta com mais de 182 shoppings —86 deles só na grande São Paulo. Para organizações como a Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), ainda é difícil prever o choque da paralisação no lucro líquido, mas os cálculos estão sendo feitos e uma estimativa deve surgir nos próximos dias.